Mais uma vez ouvindo música e trancada no quarto, mas agora havia algo diferente. Algo errado. As melodias calmas me traziam a memoria o rosto de Green, seus lábios, suas mãos.
Talvez eu esteja doente. Era para eu repudia-lo, enoja-lo, odia-lo, e querer mata-lo, mas acontecia o inverso, eu o desejo. Estou louca. Como posso sentir-me atraída por ele? Sinto nojo de mim quando penso em seus lábios próximos aos meus. Talvez esse lugar esteja realmente bagunçando minha mente. Todas as vezes que eu dizia a mim mesma: " Você o odeia; o abomina; todo que sente por ele é repulsa! Ele é um verme nojento." Meu corpo diz: " Você o deseja; o quer; ele te deixa em chamas! Tudo que você quer é que ele te toque."Como de praste Green havia sumido. Um mês havia se passado. Será que ele fará isso sempre? O pior de tudo isso é que quanto mais ele fica longe mais o quero perto, nem que seja pra ouvir suas asneiras.
Ainda não sei direito onde estou, o noticiário de um canal diz que estou em Liverpool na Inglaterra, mas outro diz Nevada nos Estados Unidos da América, outro em Minessota também nos EUA. O problema é que todos os noticiários dizem ser locais e os horários batem com o relógio que se encontra no quarto apesar do fusorario de um país para o outro.
Hoje, especialmente, estou me sentindo um lixo. Tive um pesadelo, Green voltava a me maltratar, me bate, me abusar, me humilha, mas por incrível que pareça eu ainda me pego desejando ele.
Desta vez ninguém levou roupa para mim, lavei as lingeries que estavam sujas e usei uma cueca de Green que estava limpa até que as calcinhas estivessem secas. Assim fiz até agora, lavei minhas calcinhas e sutiãs, calças e blusas para usa-los posteriormente.
Estava com uma calcinha preta e um sutiã cinza, não peguei uma camisa de Green porque apesar de estar " bonzinho" não quero abusar da "generosidade". Ouvi a massaneta e olhei para a porta, a mesma destroncou e por ela um homem alto, branco,com olhos castanhos e rosto angelical entrou.- Quem é você? - Proferi por susto. E lá se foi minha promessa de silêncio. O homem trazia em sua mão um prato de comida que deveria ser trago por um segurança. Como já estava coberta da cintura para baixo só puxei o cobertor cobrindo meu tronco.
- Sou Leon Petterson. - Respondeu direcionando-se a mim e caminhando com cautela, percebendo meu medo. Sentou-se a beira da cama e me estendeu o prato. Peguei-o devagar, comi olhando Leon esperando que fosse embora assim como os outros seguranças, mas ele não o fez. Ficamos em silêncio quando terminei de comer. Leon retirou o prato de minhas mãos e colocou sobre a escrivaninha. - Harik disse que você não fala. - Comentou voltando pra a cama, mas sentou-se próximo aos meus pés. - Mas você falou comigo de primeira.- Sorriu. - Você é bonita... Quer conversar?
Permaneci em silencio, mas eu queria perguntar: Onde estava Green? Porque ele o mandou? Onde estávamos? O que acontecia fora do quarto?
- Aqui está bem limpo, você limpou?- Me encolhi olhando-o sem falar nada. - Ok, as letras. - Disse pensativo. Franzi o cenho e vi-o entrar no closet de Green, saiu logo em seguida com a caixa de letras na mão, espalhou as peças encima do edredon e esperou que eu as manuseasse. Após um tempo as olhando me sentei e tentei deixar o edredon o mais plano possível.
SIM - escrevi e desfiz para formar uma nova frase.
OS SEGURANÇA TROUXERAM QUANDO PEDI - nao achando necessário pontuação terminei de escrever.- Que bom que deixou o local limpo. - Disse fingindo-se de interessado. Silêncio novamente e então recomecei a mover as peças.
ONDE ESTA ELE ?
Ele olhou para os lados e suspirou.
- Não é da sua conta. - Disse o mais gentil possível, como se fosse ordenado dizer isso.
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Síndrome de Estocolmo
RomanceTalvez eu devesse ter continuado calada. Talvez seus olhos não tivessem me deixado tão fascinada. Talvez eu devesse ter ido para casa naquele fatídico dia. Talvez devesse acontecer muita coisa. Talvez não. ...