📌6

1.1K 78 5
                                    

     Mais uma vez ouvindo música e trancada no quarto, mas agora havia algo diferente. Algo errado. As melodias calmas me traziam a memoria o rosto de Green, seus lábios, suas mãos.
     Talvez eu esteja doente. Era para eu repudia-lo, enoja-lo, odia-lo, e querer mata-lo, mas acontecia o inverso, eu o desejo. Estou louca. Como posso sentir-me atraída por ele? Sinto nojo de mim quando penso em seus lábios próximos aos meus. Talvez esse lugar esteja realmente bagunçando minha mente. Todas as vezes que eu dizia a mim mesma: " Você o odeia; o abomina; todo que sente por ele é repulsa! Ele é um verme nojento." Meu corpo diz: " Você o deseja; o quer; ele te deixa em chamas! Tudo que você quer é que ele te toque."

     Como de praste Green havia sumido. Um mês havia se passado. Será que ele fará isso sempre? O pior de tudo isso é que quanto mais ele fica longe mais o quero perto, nem que seja pra ouvir suas asneiras.
Ainda não sei direito onde estou, o noticiário de um canal diz que estou em Liverpool na Inglaterra, mas outro diz Nevada nos Estados Unidos da América, outro em Minessota também nos EUA. O problema é que todos os noticiários dizem ser locais e os horários batem com o relógio que se encontra no quarto apesar do fusorario de um país para o outro.
Hoje, especialmente, estou me sentindo um lixo. Tive um pesadelo, Green voltava a me maltratar, me bate, me abusar, me humilha, mas por incrível que pareça eu ainda me pego desejando ele.
      Desta vez ninguém levou roupa para mim, lavei as lingeries que estavam sujas e usei uma cueca de Green que estava limpa até que as calcinhas estivessem secas. Assim fiz até agora, lavei minhas calcinhas e sutiãs, calças e blusas para usa-los posteriormente.
     Estava com uma calcinha preta e um sutiã cinza, não peguei uma camisa de Green porque apesar de estar " bonzinho" não quero abusar da "generosidade". Ouvi a massaneta e olhei para a porta, a mesma destroncou e por ela um homem alto, branco,com olhos castanhos e rosto angelical entrou.

     - Quem é você? - Proferi por susto. E lá se foi minha promessa de silêncio. O homem trazia em sua mão um prato de comida que deveria ser trago por um segurança. Como já estava coberta da cintura para baixo só puxei o cobertor cobrindo meu tronco.

    - Sou Leon Petterson. - Respondeu direcionando-se a mim e caminhando com cautela, percebendo meu medo. Sentou-se a beira da cama e me estendeu o prato. Peguei-o devagar, comi olhando Leon esperando que fosse embora assim como os outros seguranças, mas ele não o fez. Ficamos em silêncio quando terminei de comer. Leon retirou o prato de minhas mãos e colocou sobre a escrivaninha. - Harik disse que você não fala. - Comentou voltando pra a cama, mas sentou-se próximo aos meus pés. - Mas você falou comigo de primeira.- Sorriu. - Você é bonita... Quer conversar?

    Permaneci em silencio, mas eu queria perguntar: Onde estava Green? Porque ele o mandou? Onde estávamos? O que acontecia fora do quarto?

    - Aqui está bem limpo, você limpou?- Me encolhi olhando-o sem falar nada. - Ok, as letras. - Disse pensativo. Franzi o cenho e vi-o entrar no closet de Green, saiu logo em seguida com a caixa de letras na mão, espalhou as peças encima do edredon e esperou que eu as manuseasse. Após um tempo as olhando me sentei e tentei deixar o edredon o mais plano possível.

    SIM - escrevi e desfiz para formar uma nova frase.
    OS SEGURANÇA TROUXERAM QUANDO PEDI - nao achando necessário pontuação terminei de escrever.

     - Que bom que deixou o local limpo. - Disse fingindo-se de interessado. Silêncio novamente e então recomecei a mover as peças.

    ONDE ESTA ELE ?

     Ele olhou para os lados e suspirou.

      - Não é da sua conta. - Disse o mais gentil possível, como se fosse ordenado dizer isso.

Síndrome de EstocolmoOnde histórias criam vida. Descubra agora