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     Senti sua respiração bater em meu  rosto. Não lembro com o que sonhei, nem se sonhei.  Abri meus olhos lentamente. Ainda sonolenta, vi o rosto de Green de frente para o meu. Eu me assustei pela proximidade, mas permaneci imóvel, quieta, olhando Green adormecido.
    Era estranho, pois de um modo ou de outro, sempre virava de lado, mas Green sempre estava atrás de mim, me impedindo de afastar-me de seu corpo, passando seu braço por minha cintura. Agora ele estava consideravelmente afastado e sem me tocar.
    Notei que estava solta. Retirei os braços debaixo da coberta, estiquei os braços, mas logo os coloquei para dentro do edredom, voltando a posição anterior.
    Fiquei quietinha, respirando lentamente, olhando atentamente o homem em minha frente.  Ele parecia tão sereno, era como um anjo. Um anjo negro, mal. Seus traços relaxados, respiração regular, lábios rosados - como sempre -, os cílios curvados e longos, o cabelo bagunçada vindo sobre a testa. Olhando assim nem parece que ele pode ser um demônio. Tão calmo, tão vulnerável. O que me levou a sentir-me atraída por quem me fez e faz tanto mal, quem me tirou minha família?
    A poucas horas - ou dias- ele estava me espancando. Agora mordia meus lábios para conter a vontade latente de beijar o homem que me fez odia-lo e deseja-lo. O que levaria esse homem mudar tanto?

    - Eu te odeio tanto Green.- resmunguei baixinho, fechando os olhos e querendo completar a fease, dizendo: "Mas te quero tanto"

    - Quem é Green boneca? - Sua voz rouca me assustou, fazendo-me abrir os olhos, dando de cara com seus grandes olhos verdes.

    Tentei me afastar, mas ele segurou minha cintura, nos aproximando. Talvez por medo ou por que queria estar perto dele, não me importei e fiquei ali, sentindo seu alito alaranjado. Um mistura de creme dental e bala de laranja. Ele havia acabado de deitar e não estava dormindo.

    - Gosto de seu mistério boneca. - Admitiu aproximando-se.

    A aquela altura era impossível me afastar. Seus lábios encostaram nos meus, seus olhos fechados, os meus abertos, sua mão apertando minha cintura e me puxando para perto, minha mão em seu peito e a outra em seu ombro. Sua língua pediu passagem e, relutante, sedi, fechando os olhos e retribuindo seu beijo calmo e alaranjado. Sem pressa alguma, Green explorou cada parte da minha boca, suas mãos agora passeavam por minhas costas. Afastou-se apenas para observar meu rosto com os lábios ainda entreabertos, como se quisesse constatar que eu estava ali.

    Me arrependi na hora, não devia te-lo beijado. Minha mente prometeu que não faria mais isso. Não vou mais o beijar, pensei. Mas ele veio de uma vez e derrepente, como chuva de verão. Não tive como impedir. Beijei-o novamente, agora com urgência.  Não entendi o porque de tanto desespero, era como se precisássemos fazer tudo depressa ou desapareceríamos. Não sei se isso era uma ma ideia, mas no momento não o queria longe. Pelo contrario,queria-o perto, muito perto. Seus lábios se afastaram do meu, traçando uma trilha de beijos para meu pescoço. Os cabelos de sua nua encheram minha mão. Suspirando, gostando? Você não pode gostar. Era tão difícil raciocinar com sua língua, seus lábios e seus dentes atormentando meu pescoço.  Ele estava com tanta urgência,  logo suas mãos estavam em meus seios. 

    Sinta nojo Cath! Sinta nojo- meu sob consciente gritava.

    No entanto seus lábios alcançaram meu mamilo e tudo que meu corpo implorava era que desta vez ele não parasse.

    Mas só deixei escapar um suspiro alto, que mais parecia um gemido. Minhas costas arquearam, puxei seus cabelos e empurrei seu rosto contra meu peito. Encima de mim, apoiado em um cotovelo, enquanto sua mão livre apertava e beliscada meu seio direito, ele lambia, chupava e mordiscava o esquerdo. Deus! Isso era tão errado e tão gostoso. Minha mente juntava motivos para parar enquanto ele se perdia em meus seios e eu acabava me perdendo também. Minha coxa recebeu um apertão e logo caricias, sua mão se aproximava de meu sexo.  Tudo em minha cabeça girava e se bagunçava. Perguntava e respondia perguntas sem sentido. Sentia e se repreendida por gostar.
    Eu sabia que se ele parasse eu ficaria louca. Mais do que já estava.  Excitada, muito molhada e querendo mais que tudo que aquele homem me desse prazer. Era assim que eu estava. Pulsando, louca de tesão, me esquecendo de quem era o corpo que supria minha necessidade, esquecendo onde estava. Porque o queria tanto? Ele é homem. Não sei porque diabos meu corpo quer o dele; não sei porquê. Porra, estou gostando de algo que a 6 meses estava me debatendo para não ter.
    É tudo muito louco, tudo muito estranho.

Síndrome de EstocolmoOnde histórias criam vida. Descubra agora