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Fim?

     Estava frio, os flocos de neve batiam contra minha face e grudavam. Não conseguia mexer os dedos dos pés, mas as solas dos meus pés doíam muito. Minha cabeça estava latejando, doendo tanto que eu quase não consegui abrir os olhos. Senti a pressão que se formava na minha cabeça e tentei colocar a mão em minha cabeça. Meu braço caiu e minha mão bateu contra o teto do carro. Curiosa, tentei abrir os olhos, mas a luz que as chamas do outro carro produziam me fizeram fechar os olhos. Com dificuldade, abri os olhos e tentei associar o que acontecia. Não demorou muito para eu entrar em desespero. Um grito estridente rasgou minha garganta quando olhei para o lado e os olhos vidrados de Zedd me assustaram. O sangue escorria por sua face e sua boca estava aberta, um pedaço do parabrisas estava fincado em seu pescoço e seus braços estavam jogados acima de sua cabeça.

     A essa altura eu já estava totalmente desesperada e comecei a apertar freneticamente o botão para destravar meu cinto, mas ele não soltava. Abri o porta-luvas, em busca de algum objeto cortante, mas não achei nada. O cheiro de gasolina cada vez mais forte me deixava mais desesperada para sair dali. Acima da minha cabeça havia vários cacos de vidro, essa era minha única saída. Peguei o maior pedaço eu consegui e comecei a esfregar o caco de vidro contra o tecido do cinto. Minhas mãos já estavam sangrando por apertar o estilhaço, quando o cinto arrebentou e eu cai no teto. Meio tonta, abri os olhos e fechei umas duas vezes, antes de me arrastar para fora do carro pela janela quebrada. Me levantei de uma vez, e a próxima coisa que eu vi foi o chão.  Grunhi de dor, sentindo minha cabeça latejar, meu braço arder e doer, tudo rodar e meu tornozelo direito doer como o inferno.

       Ainda assim, me arrastei até o carro e levantei. Equilibrei-me até o outro carro para ver se a outra mulher estava bem, mas quando me abaixei diante da janela quebrada, os olhos dela estavam abertos e sem vida. Em seu abdome havia a ponta de um guarda-chuva, que aparentemente estava no banco de trás, pois a ponta saia na frente e não se via o resto do objeto. Ouvi o barulho de uma buzina , bem longe, mas ouvi. Minha mente começou a funcionar em um ritimo frenético, até eu pensar em algo.

     Ainda com dores no corpo eu tentei abrir seu cinto, depois de algumas tentativas. Corpo dela caiu desconjuntado no teto. O calor em seu carro aumentava, o fogo vinha da parte traseira. Tomada por uma adrenalina momentânea, arrastei a mulher para fora e retirei o guarda-chuva de suas costas. Fiquei meio desorientada, tinha que fazer as coisas rápido, ou alguém logo iria chegar. Com o guarda-chuva na mão, fui até o barranco e cavei em meio a neve um "buraco", escondi o guarda-chuva e voltei para a moça. Ela era muito bonita, tinha o tom de pele escuro como o meu, os cabelos ondulados, escuros e um tipo físico semelhante ao meu. Olhei para meu lindo casaco de pele e fiz um bico, entristecida. Retirei meu presente de aniversário e e coloquei o lindo casaco de pele nela, depois de tirar o seu casaco. Arrastei o corpo da moça, olhando envolta e empurrei seu corpo para dentro do carro de Zedd. Deixei seu corpo o mais semelhante possível com uma queda, peguei o maior pedaço possível de vidro e enfiei no buraco que o guarda-chuva havia feito o mais fundo que pude, peguei o caco de vidro coberto de sangue que usei para cortar o cinto e coloquei em sua mão, apertando sua mão envolta do vidro. 

      Corri até o carro da moça e abri o porta luvas, papeis e pertences dela caíram no "chão" e comecei a procurar alguma identidade. Achei um passaporte espanhol e uma carteira de motorista com emissão em Minessota. Paguei seus documentos e sai do carro rápido, já que o fogo já devastava os bancos traseiros. Peguei um galho médio que estava na beira da estrada e coloquei em meio as chamas. Tentei correr até o carro de Herick, ateando fogo na lateral da frente, e sai mancando, enquanto via o fogo se espalhar rápido. Entrei no meio as árvores, me arrastando e me apoiando nas árvores. Estava escurecendo, ao longe podia ver a fumaça preta, vinda de onde eu estava. Minha roupa estava molhada pela neve e eu estava congelando.

Síndrome de EstocolmoOnde histórias criam vida. Descubra agora