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     O ar foi puxado até não caber mais nos pulmões. Com ele veio um cheiro doce, mas minha mente está lenta demais para decifrar algo mais que isso. Abri os olhos tão lentamente que não precisei ficar piscando, a princípio só via um borrão claro. Logo minha visão estava nítida. Não sei quanto tempo passei olhando a sujeira flutuando na luz, tentando assimilar o que aconteceu e o que acontecia.

    Meu corpo não se mexia, era como se estivesse com o corpo todo dormente. Comecei a ouvir sons, nem havia notado que até então os sons estavam abafados. Ouvi algo calmo, com um toque romântico, sensual, a gaita deixava o som envolvente. Era blues. Ouvi o barulho de algo elétrico, como o barulho de um forninho enquanto aquece. Pude ver uma fumacinha subindo. Ai Jesus!

    Minha pele começava a formigar, ando sinais de vida. Já podia sentir as dores na parte de tas do meu corpo.senti algo quente em minha virilha; em meus pelos pubianos para ser mais exata. Era algo meio líquido. Seria algum doce? Poderia ser, por ter um cheiro doce. O que era espalhado por uma parte de minha virilha começara a endurecer. Senti a pontinha ser enrolada. Puxada de leve, mas ainda não estava duro. Droga, é cera.

    Aquele pedaço foi puxado de uma vez. Puxei o ar quase engasgando e me amaldiçoando por mal mexer os dedos. Mais cera e depois de algum tempo foi puxada também, consegui recuperar controle do meu corpo. Na terceira vez minha voz voltou de vez. Soltei um grito estridente, não so pela dor de arrancar meus pelos, mas também porque minha pélvis se levantou-se. Ao que parece as feridas estavam grudadas no lençol.

    - Shiii, faltam só os cantinhos e o meio. - Era Green falando com tranquilidade de profissional. - Se-sei que não está falando comigo, e que provavelmente quer me matar - dizia enquanto passava cera na dobra da coxa para a virilha. -, mas você me parece o tipo de garota que gosta da "área" totalmente limpa. Pelo menos foi o que eu vi quando você chegou.

    Fez uma pausa. Qual é? Sério que estamos falando de como eu gosto de me depilar, quando o que eu quero mesmo é esfaquea-lo?
     Percebi que estava amarrada a cabeceira da cama. Meus braços doíam. Tentei mover as pernas para chuta-lo, mas elas não me obedeciam, moviam-se muito pouco. Estavam dormentes.

    - Quietinha! - Alertou segurando minha coxa. - Vou tirar tudo. Acho que é assim que você gosta. - Falou meio alheio a minha vontade de cometer um homicídio.

    Vlap. Puxou a cera com rapidez e logo passou do outro lado. Vlap. Outro pedaço fora. Eu apenas rosnava mordendo o lábio. Já que ele começou deixa ele terminar, depois eu faço ele engolir o resto da cera quente. Mexeu em meus lábios os esticando e passou cera em tudo. Vlap. Vlap. E então a cera rasgou na curva. Ai meu Deus! Como doía e ainda me inventa de rasgar. Vlap. Mais um pedaço rasgado. Queria gritar: "Caralho, faça isso direito!". Mas permaneci quieta. Vlap. O último, graças ao bom Deus.

    - Ainda tem um pouquinho aqui. - Resmungou.

    Então senti ele passar cera próximo ao meu ânus. Deus! Isso é tão constrangedor e humilhante - e dolorido. Meu santo Deus porque ele esta me depilando?

    - Falta só... - senti ele passar o palito encima dos poucos pelos. Parece que ele já havia tirado nesta "área" enquanto eu ainda estava desmaiada. - Um pouquinho. - Suspirou e se afastou, esperando a cera endurecer. Ele cantarolava a música que tocava, enquanto eu rezava para aquilo acabar logo. Não havia me preocupado com o som a minha volta. Vlap. Vlap. Vlap.CARALHO! - Pronto, perfeito!

    Ele se afastou.  Podia agora sentir meu corpo. Estava nua. Estava amarrada. Estava com dor nos ombros. Estava com dor nas costas. Estava com dor no bumbum e nas coxas. Tentei levantar, mas Green já havia voltado e me impediu.

Síndrome de EstocolmoOnde histórias criam vida. Descubra agora