Booa Noite!!! Sumi por uns dias, mas apareci... Vão tendo um pouquinho de paciência, que esse semestre está pesado, e com meu marido desempregado o tempo tá bem escarço. Vou tentar escrever o próximo até domingo, caso não consiga, prometo postar outro em até oito dias ok? Beijoos e obrigada pela paciência :)
Melina
7 anos atrás...
Encolhi-me na pequena cama, do pequeno quarto, do grande orfanato que me colocaram. Ontem foi o funeral dos meus pais.
Me lembro bem, como se ainda estivesse nele, dos dois caixões postos a minha frente. Das pessoas que eu nem bem conhecia vestidas de preto e dizendo o quanto aquelas pessoas ali, mortas, tiveram grandes feitos ainda em vida, e despertarão saudades eternas. Isso ainda me enfurecia. Por que eles poderiam enganar qualquer um com aquele papo furado. Mas a mim? Era pedir demais.
Eu sabia que no instante que eles chegassem em casa, tirassem a roupa e lavassem o cheiro das rosas de seu corpo, eles se esqueceriam imediatamente dos meus pais. Não passarão de protagonistas de uma grande tragédia. Minha mãe, não será mais do que uma grande arquiteta morta, e o meu pai, o engenheiro magnata que administrava um grande grupo, e que agora, jazia no pó da terra deixando uma fortuna infinda para a filha. E eu? Sou apenas uma criança infortuna e digna de pena. Ou o que esse orfanado diz para mim. Não passo de uma criança órfã.
As paredes nuas e vazias me encaravam ousadamente. Encolhi-me mais ainda, se pode dizer que é possível, envergonhada diante de minha aparência. Era mesmo de causar pena.
Eu tinha me recusado a tirar o vestido de ontem, mas a freira má me obrigou. A Freira boa, trouxe outro vestido preto, dizendo que minha mãe iria querer que eu ficasse limpa e aquele vestido já não cheirava bem. Meus cabelos loiros e longos, estavam presos em um coque, que quando foi feito estava perfeito, mas agora, duas horas depois, estava parecendo um ninho de passarinho.
Mas o que era assustador, era meu rosto. Banhado por medo e nojo, ele estava encolhido e enrijecido. Meus olhos estavam vibrados, minha boca se encontrava em uma linha fina, e meus dentes trincados ameaçavam quebrar-se a qualquer instante.
A porta se abriu e eu me tencionei mais um pouco (Nota mental, sempre é possível se tencionar mais ainda. Sempre).
Dizer que eu tive medo é, no mínimo, redundante. Medo passou a ser a minha condição permanente.
Mas era a freira boa. Ela perguntou se podia entrar e eu não respondi, mas ela entrou mesmo assim. Ela era uma senhora, de uns sessenta e poucos anos. Não sei a cor dos seus cabelos, pois estavam envoltos em um véu da cor de sua beca. Mas seus olhos amendoados, me diziam que não precisava temer, que ela era do bem, que ela não era o Denis, entretanto eu temia. Por que essa era eu agora: Melina, a medrosa.
Ela se sentou à beira da cama e me observou sem dizer uma palavra. Fiquei trancada dentro de mim, pedindo mentalmente que ela saísse. Eu não merecia estar com outras pessoas e certamente não merecia falar com elas, me parece egoísmo sequer olhá-las. É totalmente injusto que eu esteja viva enquanto meus pais não estão.
Mas quanto mais a freira me olhava, mais eu me encolhia e me enxergava. Por isso, eu percebi que sim, é totalmente justo porque eu merecia aquilo, merecia aquela vida. A morte era um descanso, um prêmio imérito, viver era minha penitência. A vida é o meu purgatório, minha pequena amostra do inferno que me aguarda.
— Não precisa ser assim, querida. A vida pode ser cruel às vezes, mas você pode ser feliz, se for capaz de ver o lado bom das coisas.
Pisquei para ela tentando digerir o absurdo que acabou de sair de sua boca. Meu sangue passou a circular tão rapidamente por minhas veias, que eu as sentia queimar.

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Agora & Sempre
RomanceMelina guarda um desejo enorme no coração, se vingar daquele que destruiu sua vida no passado. Recém saída de um reformatório, ela continua a amizade fora das grades com Noah, inspetor da instituição. Ele a recebeu como uma irmã mais nova, desde q...