Capítulo 5

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- Pelo amor de Deus! - Eu reclamava, entrando no carro.

O Gustavo e a Luana riam, da minha cara de idiota, possivelmente.

- Isso. Ri mesmo. Obrigada pela vergonha viu Gustavo.

- Tava laçando o macho! - Ele riu.

- Que cara lento. Ele dançou comigo a noite toda e não fez mais nada. Nada!

- Que bad. Mas putz, esse cara realmente... - A Luana falou.

- Também não entendi qual era a dele. - O Gustavo falou, concordando.

- Nem eu! Enfim, vamos esquecer isso.
Queria mesmo esquecer. Que péssima noite.

Consegui arrumar um tempo na segunda-feira, depois da faculdade. Não tinha trabalho pra adiantar nem nada sério do curso. Então eu teria a tarde livre pra procurar pelo Rafael ou tentar achá-lo.

Resolvi começar. Fui na avenida Rui Barbosa. Não vou te dizer que eu estava tranquila e confiante. Muito pelo contrário, meu estômago revirava e eu só conseguia pensar que não conseguiria de jeito algum.

Pedi para o táxi encostar assim que vi um grupo de jovens fumando debaixo de um viaduto. Era o Rafael. Ele estava ali, acompanhando de outros meninos, que aparentavam ser da mesma idade e alguns até mesmo, mais novos.

Ele tragava alguma coisa, estava com as roupas surradas, o rosto abatido e as olheiras davam pra ser vistas de longe. Tinha uma expressão fechada, sem expressão qualquer.

Preferi não descer do carro. Não quis ir. Amarelei de última hora. Sim, eu sei.

Eu não ia conseguir abordar o Rafael na frente de tantos garotos. Eu preferia fazer isso quando ele não estivesse fumando. Eu tinha medo. Se alguém tentasse fazer alguma coisa comigo... Não sei.

Era uma ideia muito ingênua eu querer ir sozinha, falar com um garoto drogado, na companhia de outros. Dei pra trás bem na hora H.

Medrosa.

Eu não queria ir lá agora. Outro dia. Eu nunca imaginei que eu teria aquela reação, mas de repente, na hora de ir... Me deu uma coisa, era uma pessoa tão próxima que agora era tão distante e parecia cada vez mais, difícil de se reaproximar.

Pedi pro táxi dar meia volta e me deixar perto de casa.

Porém, para não dizer que desisti de fazer a primeira coisa, lembrei do tal grupo de ajuda. Eu poderia ir visitar e ver como funcionava para ver se seria uma boa ideia para o Rafael caso ele aceitasse a minha ajuda.

Nada mal pra quem desistiu de ir falar com o amigo no meio do caminho.

Mereço um desconto. Estava me redimindo.

A mesma moça estava na recepção da clínica, quando cheguei.

- Oi. Não sei se lembra de mim... - Falei.

- Lembro sim. A moça que queria tentar ajudar o amigo...

- Isso! Eu queria saber se hoje têm o grupo de ajuda.

- Sim. Você está com sorte. O garoto que ajuda a coordenar o grupo acabou de chegar... - Ela indicou um menino.

Estava de costas, tinha os cabelos castanhos e quando virou, pude encarar seus olhos verdes e sua silhueta alta e não musculosa mas também não magra, nem gorda. No tanto médio e certo. De costas parecia até...

Pera aí.

- Felipe? - Arqueei as sobrancelhas.

Não pode ser. Eu que achei que tinha me livrado da vergonha e da péssima noite zero à zero.

- Olha aí. A menina que quer laçar um macho! - Ele exclamou.

Bufei, fazendo uma cara de tédio, tentando controlar as minhas bochechas, para que não ficassem coradas.

- Desculpa. O que te traz aqui? - Ele perguntou, desfazendo o sorriso da piada mal feita.

- Quero ajudar um amigo. Só que não sei se ele quer... É complicado. Mas me falaram que o grupo seria uma boa ideia.

- Sim. É uma ótima ideia. Quer dizer, não sei se seu amigo vai gostar... Mas ãn... Cadê ele?

- Então... Eu ainda não o convenci de vir pra cá...

- Xiii... - Ele falou, como se fosse ser difícil.

- Eu ia fazer isso hoje. Mas não vai ser fácil... Resolvi vir aqui ver primeiro como é. Posso?

- Claro. Quem conduz é o Rodrigo e eu sou meio que um ajudante... Quando ele não vêm, eu faço o encontro. Estou fazendo psicologia. - Ele falou, passando as mãos no cabelo.

- Legal. Eu faço Nutrição. - Informei.

- Legal também. Bom... Vamos? Vai começar já já.

A sala era pequena, todos formavam uma roda, com as cadeiras. O tal do Rodrigo tinha uma cadeira vazia ao lado, que era pro Felipe e eu peguei uma outra cadeira e me sentei perto dos dois.

- Olá. Vim para acompanhar o encontro de hoje. - Expliquei rapidamente.

Encontro. Não sei se é a palavra certa mas foi o que eu achei para usar no momento.

Haviam cerca de dez pessoas, de todo tipo. Alguns mais acabados, com os olhos mais fundos, com olheiras mais escuras, com o físico mais magro, outros já estavam muito bem, não tinha uma aparência decadente nem eram magros. Possivelmente, frequentavam o grupo apenas para um foco em não voltar para as drogas.

A discussão começava quando o Rodrigo falava alguma coisa sobre drogas, depoimentos de pessoas na internet, matérias sobre drogas, enfim. E o Felipe conduzia bem, estimulando que todos falassem, dando opinião sobre os assuntos. Era um bom grupo. Caso funcionasse e o Rafael aceitasse, seria perfeito.

Durava cerca de uma hora os encontros, e eram feitos duas vezes na semana.

Eu me via empolgada cada vez mais e isso poderia estar sendo extremamente equivocado, já que eu não faço ideia se aquilo iria funcionar. Eu torcia para que sim mas e se... Não?

No fim, fiquei satisfeita. 20% de tudo estava concluído. Eu já sabia onde o Rafael estava e já sabia como era o grupo de apoio.

- Ei. E o seu amigo? Você acha que ele viria? - O Felipe me surpreendeu, quando eu estava prestes a sair.

- Pra ser sincera, não sei. É complicado. Eu não tive nem mesmo a coragem de falar com ele...

- Olha. Eu convivo com esse pessoal... Se você quiser eu posso ir com você pra falar com ele. Posso falar sobre o grupo e como tudo funciona.

- É uma boa ideia. - Afirmei.

Até que o empata balada não era tão empata assim. Poderia servir pra falar com o Rafael, no mínimo. E antes que pergunte, não, eu não esqueci do beijo que não rolou.

Que bola fora.

Mas já chega de reclamar. Eu tinha que voltar a me concentrar e arrumar um dia para voltar até o Rafael. E isso não seria fácil.

Pra variar.

★★★

Será que o Felipe é o novo boy da Melissa? O que vocês acham?

Eu poderia não dar minha opinião e fingir de escritoria imparcial mas ah, já tô quase shippando! HAHAHA.

❤❤

P.S: Demorei a postar dessa vez, mas eu tô na semana de prova da faculdade e tá osso! (Só mais amanhã e entro de férias, YEEEI)

Quase Amigos #2Onde histórias criam vida. Descubra agora