Capítulo 16

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Eu e a Luana estávamos do outro lado da rua, treinando como abordar o Rafael. Pensando nas mil possibilidades, pensando no que ele poderia falar, no que ele poderia fazer. Ou se a gente ao menos, iria conseguir ir até ele.

Ficamos mais ou menos uns dez minutos, olhando uma pra cara da outra, tentando criar coragem e atravessar a rua. Toda vez a mesma coisa. A mesma coisa idiota. Por que eu não podia simplesmente ir e pronto? Encarar de uma vez?

Chegamos onde os inúmeros garotos estavam, alguns fumavam, outros apenas estavam com os olhares fundos e vazios. A Luana me olhava espantada. A mesma reação que eu tive da primeira vez que vi tudo aquilo.

- Não encara ninguém. - Falei. - Viu o Rafael?

- Não.

Por um momento, tive a impressão de escutar a Luana falando quero ir embora, mas ignorei.

O Rafael estava praticamente, no mesmo lugar da outra vez. Estava fumando alguma coisa e pelo o que eu pude ver de longe, era um cigarro. Pelo visto, o Rafael já estava num nível de fumar de tudo. Isso me deixava cada vez mais... sem esperanças e com mais facilidade de desacreditar que ele poderia sair dessa.

- Rafael? - Chamei- o e ele logo olhou, soltando um riso de deboche.

- Você aqui de novo, Melissa? - Ele me olhou de cima a baixo. - Não cansa não, é?

Os olhos dele estavam vermelhos e ele fedia. As roupas ainda estavam surradas, furadas e encardidas. O cabelo, desgrenhado e seus dentes já apresentavam um amerelo fosco.

Estava feio. De uma forma piorada da última vez. Se eu mostrasse a foto do Rafael de agora pra alguém que foi da escola, as chances da pessoa reconhcê-lo são mínimas. O garoto bonitão, que as meninas se apaixonavam, não estava mais ali. E a muito tempo já não estivera.

- Oi. - Falei, com a voz falha.

- Olha. Você trouxe sua amiguinha. E aí, Luana. - Ele falou, entre uma tragada no cigarro e outra.

- Oi. - A Luana conseguiu falar com uma voz mais falha que a minha.

- E aí, o que as duas vieram fazer aqui? Passeando? Querem alguma coisa? - Ele riu. - Não trouxe seu namorado hoje, Melissa. Por que?

- Ele não é meu namorado. - Falei, convicta.

- Hum. - Ele resmungou. - E você Luana, cadê o seu namorado?

- É... Hum, estudando. Ta aí. Tá bem. - A Luana falou, travada.

- Mas então... Eu vim te mostrar uma coisa. - Falei, me aproximando e tirei a foto da bolsa. Ele estendeu os olhos para poder olhar.

Pegou e analisou a foto como um crítico. Olhou cada canto, virou e desvirou. Tive a impressão de que ele estava lembrando dos nossos momentos juntos. Não dos momentos comigo. Mas dos momentos com nós todos, as festas, as confusões. Da nossa amizade. Da amizade com o Gustavo.

Me devolveu a foto quando terminou de olhar.

- Já pode ir embora. - Ele falou, evitando me olhar.

- Qual é Rafael? Você não muda mesmo né! Ainda tá assim, marrento! Não abre mão. A gente veio te ajudar! Tentar, pelo menos. Não tem jeito. Vamos, Melissa. - A Luana me puxou pela mão, me tirando dali.

Me soltei da mão da Luana. E voltei alguns passos.

- Fica com a foto pra você. - Deixei a foto do lado do Rafael e saí, não pude observar sua expressão muito bem.

Entramos no táxi em silêncio e eu tinha quase certeza que o Rafael tinha ficado mexido sim, com a foto e a nossa visita.

- Acha que ele ficou mexido? - Perguntei, assim que saímos do táxi.

- Eu acho que o Rafael vai ser sempre um babaca. A gente foi lá, tentamos conversar, entregar foto e tudo que ele faz é ser ignorante.

A Luana tinha razão. Ele realmente não estava facilitando absolutamente nada.

- Mas... É complicado. Ele não via a gente há tanto tempo...

- Eu sei Mel. Eu sei que ele não via, mas se ele não ajudar, não vai ter jeito de fazer com que ele melhore.

Tinha razão. De novo.

- Eu vou tentar mais. Achei que ele olhou com carinho pra foto.

- Pode ser... - A Luana se rendeu. - Acho que não vou voltar lá.

Balancei a cabeça concordando. A Luana não se sentia bem, então não fazia sentido ver uma pessoa que ela se quer, não se sente a vontade perto.

Recebi uma mensagem no meu celular, de um número desconhecido, mas assim que vi a foto... Felipe.

Felipe?

Por que?

Ele me chamava pra uma festa, tipo uma social, na casa de um amigo dele e queria que eu fosse.

Estranhei.

- Olha isso. - Mostrei o celular com a mensagem pra Luana.

Ela me olhou com uma expressão de "hummm".

- Não me olha com essa cara. Eu nem conheço ele!

- Ah, para! Pelo amor de Deus Melissa! Ele só te chamou pra ir numa festa. E você mesma disse que ele era bonitinho.

- Não sei não. Eu sei lá que festa é essa.

Eu não entendia o por que dele ter me convidado pra uma festa. Eu era uma acompanhante? Ou uma amiga? Ou só me chamou pra lotar o lugar?

- Acho que vai estar perdendo oportunidade... - A Luana falou.

- De que?

- De dar uns beijos nele! Oras!

Eu joguei minha mão pra cima dela, como se fosse acertá-la de verdade.

Fiquei com essa festa na cabeça.

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Sei que eu tô super atrasada com esse capítulo e que eu não cumpro nada que eu falo, mas, desculpem. Me desculpem de verdade. Ultimamente, tá muito corrido pra mim, faculdade, trabalho e então fica difícil ter um tempinho. Sem contar que minha criatividade está meio escassa... Mas não quero ficar aqui dando desculpas então vou me esforçar mais!

Me digam o que querem ver nos próximos capítulos e o que estão achando da história. Votem e comentem!


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