Quase Amigos #2

Capítulo 7

Mais uma vez, dia da tarde de casal. E eu, sobrei. Mas eu não ia atrás do Rafael hoje. A semana de provas na faculdade tinha acabado de começar e eu queria me dedicar, boas notas era tudo que eu precisava.

Não vá pensando que faculdade são festas e provas com consulta. Nada disso. É só correria, conteúdo acumulado, trabalhos pra entregar no mesmo dia... E por aí vai. A gente faz com que pareça só curtição mas não é nada disso. Claro que têm umas festinhas e tal mas no meio de tudo, a responsabilidade fala mais alto, ou pelo menos, deveria. E eu precisava de chamar essa responsabilidade, que já me faltava há alguns dias. Eu nem estava mais reconhecendo a pura virginiana que sou.

Decidi pegar os cadernos, os livros, os arquivos em pdf e jogar em cima da minha mesa de estudos, que esta, estava organizada, honrando meu título de signo mais organizado. Comecei olhando os conteúdos, fazendo alguns exercícios mas sabe quando dizem que até um mosquito é mais interessante? Então, eu estava exatamente assim.

Meu telefone tocou e eu desviei minha atenção na mesma hora. Era a Luana, estranho porque ela nunca me ligava.

- Luana?

- Melissa! Oi Melissa! Amiga, vem aqui em casa, eu tô em pânico.

A voz dela era desperadora, parecia gritar por socorro. Não era pro Gustavo estar lá?

Como uma melhor amiga é uma melhor amiga, eu desliguei meu celular, peguei minha chave e subi as escadas do prédio correndo, já imaginando todas as coisas que eu podia. Acredito que os vizinhos até olharam pelo olho mágico quem era o ser humano que estava batendos os chinelos pelas escadas, correndo e fazendo tanto barulho.

Cheguei no sétimo andar bufando, a porta já estava aberta e pelo visto, só a Luana estava em casa.

- Luana! Cheguei, cadê você?

- Eu tô no quarto. - Ela gritou.

Quando abri a porta, ela estava com uma caixinha na mão, olhando fixamente, parecia pensar em mil coisas, desesperada.

Que caixinha era aquela?

- O que aconteceu, Luana? Que que é isso na sua mão? - Me aproximei.

- Melissa eu... Pelo amor de Deus. - Ela ia começar a chorar. - Minha menstruação está atrasada já faz uma semana.

Meus olhos foram parar sobre ela. Arregalaram. Tirei meu cabelo do rosto e me aproximei mais, como se eu quisesse que ela repetisse, para ver se era verdade.

- Como? Luana não. É mentira. Você tá falando sério comigo? - Perguntei.

- Claro que eu tô falando sério! Melissa você acha... Você acha que eu ia brincar com isso? Eu não te contei nada antes porque... Porque eu achei que era só um simples atraso. Mas hoje eu me senti meio mal...

- Ai meu Deus! Luana! Como... Como você fez sem? Pelo amor de Deus! Cadê o Gustavo, ele sabe?

- Melissa. Agora não é hora pra me xingar. - Ela já tinha os olhos cheios d'água.

- Desculpa. Vai, desculpa. Mas é que... Ah, deixa. Esquece, me desculpa. Mas você já falou pro Gustavo?

- Não. Eu não achei que fosse sério! É normal, a minha sempre vem atrasada.

Quanta irresponsabilidade. E isso me irritava.

- E por que ele não tá aqui hoje?

- Eu dispensei ele. Falei que precisava estudar... Enfim, inventei uma desculpa qualquer e ele acreditou. Eu fui na farmácia e comprei esse teste mas... Eu não vou conseguir fazer. Não sozinha. Eu precisava de alguém e eu achei que você não fosse me julgar! - Ela tinha razão. Não era hora pra julgamentos. Já estava feito.

Eu a abracei. Senti as lágrimas molharem meu ombro.

- Fica calma. Eu sei que você odeia quando falam isso mas é disso que você precisa. Calma. Você nem sabe se está grávida.

- E se... E se eu tiver, Melissa? E se eu tiver... Meu Deus. Minha vida... Minha vida vai acabar.

- Não. Não fala isso. Uma criança só vêm para o bem. Mas para com isso. Calma, respira. Para de chorar primeiro e depois faz esse teste. - Falei.

Fazer o teste em meio à lágrimas e desespero não ia ser bom. Vai que... Vai que dá positivo. Tomara que não. Meu deus. Eu não conseguia nem imaginar isso. A Luana com um bebê no colo. Os pais dela... Quais as consequências isso não traria...

Fiz uma água com açúcar para a Luana tomar. Ela chorava feito uma doida, já pensando no que fazer. Ou no que não fazer. Não era assim que funcionava as coisas.

Talvez eu estivesse sendo calma demais mas eu só tentava ajudar. Eu olhava para aquele teste como se eu pudesse sentir o desespero da Luana na minha própria pele.

De repente o Pedro invade o quarto, não estávamos sozinhas em casa. Em um passe de mágica, eu quase magestrosamente, pego o teste de gravidez da escrivaninha e escondo, colocando minhas mãos para trás.

- Que caras são essas? Parece que viram um fantasma. - Ele falou, rindo.

- Você não tava na casa do seu amigo? - A Luana tentava limpar o resto das lágrimas do rosto e disfarçar a voz de choro.

- Estava. A namorada dele ligou e ele me dispensou. Que pau mandado!

- Você ainda vai fazer isso um dia. - Comentei achando graça.

Não era óbvio que namoradas > amigos ? Tá legal, eu estou pegando pesado, mas todo mundo quando namora aprende a por as decisões em peso. Em alguns momentos, é necessário dispensar um amigo e acompanhar a namorada. E claro, uma coisa todo mundo tinha certeza, garotas > garotos. Não existe na terra, um namorado que não obedeça um pedido da namorada, se feito com voz carinhosa ou uma carinha clamando por piedade. Certo?

Chega de fugir do assunto. O Pedro saiu do quarto revirando os olhos como se disesse "eu nunca vou fazer isso".

- Ufa! Por pouco. - A Luana falou.

- Nem me diga. Já quer fazer isso? - Eu falei, olhando pro teste.

Ela assentiu.

- Vai no banheiro e me chama quando terminar.

- Não! Você vai comigo. Melissa, quantas vezes a gente já foi no banheiro junta? Pelo amor de deus. - Ela falou, me puxando.

Eu sentei no chão do banheiro, enquanto ela fez o trabalho de fazer o xixi e mergulhar a fitinha nele. Ah, eu não descrever aqui como se faz um teste de gravidez. As mãos da Luana tremiam. Vi que tinha dado o resultado. Cheguei mais perto e ela levantou a cabeça, me olhando, sem lágrimas nos olhos.

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E agora? Quais os palpites? Teremos um bebê à caminho ou foi só um susto?

Me digam, eu amo ver os comentários de vocês e as estrelinhas, tudo é muito importante pra mim! (momento fofurinha)

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