Capítulo 12

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- Resumindo, eu caí no choro igual um bebê de meses e pior, o Felipe que teve que me consolar! - Fiz uma pausa, bufando enquanto andava pelo meu quarto, gesticulando e explicando o dia anterior pra Luana - Ele deve me achar uma idiota. - Falei mais alto do que gostaria.

- Ahá! Então você está preocupada com o que o lindo, charmoso, galanteador cara da balada acha de você? - A Luana falou, em um tom de piada, perfeito pra me deixar corada.

- Quê? Claro que não. Eu só fui... Besta! Sabe? Eu quis acreditar que o Rafael ia me dar um abraço e falar "obrigado por ter vindo"...

- Realmente. Eu sabia que ia dar nisso. Mas não adianta falar, você não me escuta. - A Luana falava, enquanto lixava a unha da mão.

- Você ajuda tanto...

- Mel! É sério amiga, foi a primeira vez que você foi falar com o Rafael. Se ele quisesse vir com você seria até sem graça! Até parece que não conhece ele. Você tem que parar de achar que tudo vai dar certo, na hora certa, num passe de mágica.

Respirei fundo. Ela tinha razão. Eu achei sim, que seria difícil, mas não achei que o Rafael iria ser tão sarcástico e que iria me afetar tanto.

- Ele parecia até você falando... Era tão irônico...

A Luana riu. E voltou à expressão séria novamente, talvez aquilo não fosse um elogio ou algo engraçado.

- Ei. Não fica assim. Hoje tem a festa da Cat! Fica animada logo, porque vai ser sensacional, deve ter algum gatinho pra você... Hein?! - Ela piscou no fim.

Até que não seria má ideia, ter algum garoto bonitinho por lá. Eu estava precisando disso. De levar minha cabeça pra outro lugar, me distanciar principalmente, do acontecimento de hoje.

- Eu vou me animar. - Prometi. - O Gustavo vai?

- Claro! Você acha que eu ia aparecer lá sem meu namorado? Pra todas aquelas garotas piranhas me perguntarem se ainda estamos juntos para por fim, cobiçarem ele? Nunquinha!

- Só você, Luana! - Eu ri com toda aquela teoria maníaca das "meninas piranhas".

Desde a escola, o Gustavo fazia sucesso com as meninas. Isso não é novidade, e a Luana é ciumenta de carteirinha, então deixar o Gustavo solto por aí, perto de outras meninas, não ia acontecer nunca. E eu dava razão, todas na campanha "cuide do seu boy", sim ou claro? E além do mais, vamos combinar que na escola, só tem menina que tá de olho no namorado alheio, então todo cuidado é pouco.

Parei com a paranóia.

Como era uma festa especial, eu e Luana decidimos nos arrumar juntas, como sempre fazíamos na época da escola. Enquanto eu me trocava, passava a maquiagem, me senti com dezessete anos de novo. Era rímel pra cá, chapinha acolá, base ali, saia aqui, blusa emprestada, enfim, adolescentes por uma noite.

Eu estava passando batom quando meu olhar desviou pro Pedro, que entrou no quarto vestido de terno, com o cabelo arrumado e me parecia, que estava com o melhor perfume que tinha.

- Ficou bom? - Ele perguntou, ajeitando a gravata.

- Aí que lindo! Pedrinho, meu deus, ontem você me enchia o saco...

- Nossa! Quem é a garota sortuda que vai ter meu irmãozinho todo arrumado e cheiroso?

Foi o suficiente pra ele ficar corado e pela cara que fez, se arrependeu de ter pedido nossa opinião.

- Espero que isso seja um elogio. - Ele falou, ajeitando a gravata.

- Claro que é! - Falei. - Onde o senhor vai?

- Uma festa de 15 anos de uma amiga minha...

- Todas as meninas vão querer ficar com você. Me escuta. - A Luana falou e eu percebi que o Pedro não fez uma cara de tédio. Sentia-se orgulhoso por "todas as meninas quererem ficar com ele", e saiu satisfeito do quarto.

Não queria fazer esse comentário de vovó mas sim, parece que foi ontem que o Pedro era uma criança implicante e hoje ele está saindo pra uma festa. Arrasando o coração de várias meninas, com aquele sorriso de menino convencido.

O Gustavo chegou na hora, não atrasou um minuto se quer. Talvez isso fosse ruim, se bem que, numa festa da Catarina, sempre tem gente. Então não seríamos os primeiros.

Eu estava ansiosa pra rever todo mundo. Eu não via a maioria ali há mais de dois anos. A maioria não, todos. Os únicos que eu tenho contato é a Luana e o Gustavo.

Minhas mãos gelaram quando entrei pela porta, recebendo a calorosa recepção da Catarina.

- Meu Deus! Quanto tempo, não acredito que vieram! Melissa, que linda, você tá tão... Linda! - Ela me abraçou e parecia que ia me sufocar. Era a mesma pessoa, os cabelos estavam com uma cor diferente, mas tinha o mesmo olhar sensual dos olhos verdes.

Enquanto eu passava os olhos pela sala e mirava o quintal, ela se admirava dizendo pra Luana e pro Gustavo "estão juntos até hoje! Que lindo!"

Quando cheguei no quintal, já tinha muita gente, muitos já estavam ali, dançando e bebendo. Avistei alguns que tinha mais intimidade na época da escola, e fui cumprimentá-los. Me senti bem quando cada um falou o quanto eu estava mais bonita. Era verdade mesmo?

Por um relance, vi um rosto bem conhecido no bar.

- Guilherme? - Perguntei.

- E aí, Melissa? - Ele virou, me olhando de cima a baixo.

Guilherme sempre foi o típico adolescente festeiro, que pegava todas. Acho que você se lembra. Ele sempre estava no meio de algum verdade ou consequência.

Estava igualzinho. O mesmo cabelo preto bagunçado e os olhos esverdeados, o mesmo físico quase atlético, o olhar que dizia sempre "eu sou demais". O ego maior que um prédio de vinte andares.

- Ainda mais bonita. - Ele comentou, abrindo um sorriso sapeca.

Eu sorri, tentando manter minhas bochechas da mesma cor.

- Sem nenhuma garota? Estou impressionada. - Brinquei.

- E você continua sem ninguém? - Ele falou, arqueando uma das sobrancelhas e sorrindo ironicamente.

- Tudo bem. Você venceu. - Falei.

Ele pegou pesado comigo. Né?

- Já que estamos sem ninguém...

- Pode parar, Guilherme. - Falei, observando os garotos do bar.

Eu não ia ficar com o Guilherme nem por dinheiro. Ele era babaca e... Não queria tocar no nome desse garoto, mas ele me lembrava o Arthur.

Ele fez uma cara de "você é sem graça" e saiu, tomando a bebida que tinha no seu copo.

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Não acabou a festa ainda! Temos mais um capítulo sobre essa noite. O que será que vai acontecer?

Me contem o que estão achando!

beijos. ❤

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