Capítulo 8

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Ela soltou um sorriso de canto. Um sorriso de...

Alívio.

- Negativo. - Ela falou, provavelmente já apagando todos os pensamentos que tivera antes.

Eu recostei minha cabeça na parede e soltei um suspiro, esvaziando meu peito, parecia que meu coração estava mais leve e minha cabeça não fervia.

Ufa.

- Santo Deus! Nunca achei que a gente ia passar por isso. - Falei, sorrindo.

- Nem me diga. Nunca achei que eu fosse passar por isso!

- Como se não bastasse as histórias que já temos pra contar... Mais uma pra conta.

- E essa é das piores. A que eu mais temi as consequências. - A Luana falou. Sabia que tinha feito errado.

- Me promete que vai se proteger. Sempre. Não quero ter que presenciar isso enquanto você não se casar. - Eu falei. E não queria mesmo.

Ela riu e assentiu com a cabeça, cochichando um 'prometo'.

- Você não vai contar pro Gustavo?

- Não! Pra quê? Foi só um susto, não vale a pena contar.

- Luana...

- Vamos sair desse banheiro. Acho que tem pizza na geladeira, você tá com fome? - Ela me cortou, sem me deixar terminar. Talvez porque soubesse que eu ia sim, dar um sermão, dizendo que não é certo ela esconder do Gustavo e blábláblá. E não é certo mesmo.

- Pode ser. - Concordei com a ideia da pizza, eu estava com fome.

Nos levantamos do chão e recolhemos a caixinha do teste de gravidez e o teste foi jogado no lixo. Era o banheiro que só a Luana usava, então ninguém ia ver aquilo. Pelo menos, eu e ela, esperavamos que não.

- Ei, e essa pizza aí? Também quero. - O Pedro falou, invadindo a cozinha.

- É mesmo? Que pena. Acabou. - A Luana falou, ironicamente.

Eu ria por dentro. Se alguém que não conhecesse os dois e visse uma briguinha dessas, acharia que os dois têm oito anos. Mas eu sabia, que no fundo, existia uma cumplicidade e amor entre eles. Todo irmão é assim. E eu queria saber disso por experiência própria mas só sei porque a Luana tem um irmão e eu sou quase irmã dos dois.

- Você sabe que horas minha mãe ou meu pai vão chegar? - Ele perguntou, com cara de tédio.

- Não. - O Pedro a olhou com uma cara de que implorava por comer alguma coisa. - Liga pro Gustavo, ele deve vir pra cá daqui um tempo, pede pra ele trazer alguma coisa.

Foi o que ele fez. Então o Gustavo ia vir? A Luana não tinha o dispensado? Eu estou sendo muito ciumenta? Tudo bem, parei. É só que, minha melhor ammiga namora e eu tenho que dividi-la com o namorado dela e isso é totalmente normal mas ah, se você tem uma amiga que namora vai me entender. Isso é compreensível?

Dentro de vinte minutos, o Gustavo tocou o interfone e subiu as escadas com um refrigerante e provavelmente, aquilo dentro da sacola de plástico eram salgadinhos de todos os tipos.

- E aí?! Recebi um telefonema me dizendo que vocês estão deixando adolescentes com fome. - Ele brincou, colocando a sacola em cima da mesa e dando um selinho na Luana.

- Valeu cara. Essas duas aí, não prestam pra nada!

- Ei! Eu não sou malvada assim, eu não sabia que não tinha mais pizza! - Falei.

- Desculpa. A Melissa não é tão má assim. - O Pedro falou, em um tom de, eu diria, quase debochado.

- Oi, Mel!

- Oi Gustavo.

A Luana tirava os salgadinhos da sacola e o refrigerante, enquanto o Gustavo se dirigiu pro banheiro e era tarde demais quando eu vi que ele não estava indo pro banheiro que todos usam e sim pro banheiro que a Luana costuma usar. Meu coração gelou e meu olhar encontrou o da Luana no mesmo segundo. Eu pude ouvir as palavras que ela dizia, mesmo não falando nada, Se uma palavra fosse suficiente para decodificar nossa comunicação com o olhar, eu diria, desespero. Um desespero quase igual aquele de quando a Luana me ligou mais cedo.

Ela largou os copos na mesa e apressou o Pedro a sair da mesa e ir comer no quarto mas quando nós duas olhamos, o Gustavo estava vindo do banheiro com alguma coisa na mão e sim, isso mesmo. Era o teste de gravidez. Eu dei um pulo do sofá, terminando de engolir o salgadinho. Os olhos da Luana pareciam querer pular das órbitas.

- Luana, isso é seu? - Ele perguntou e eu a olhei. Sem respostas. - Me fala!

- É, é... Eu vou pegar meu celular no quarto, minha mãe deve estar me ligando. Pedro você me ajuda a procurar? - Eu lancei um olhar de 'vamos,agora!'

- Espera aí! Isso é um teste de gravidez? - O Pedro fez a pergunta que eu não queria e muito menos a Luana.

- Quê? Não, Pedrinho... Vamos procurar meu celular! - Eu o puxei pelo braço.

- A mamãe vai ficar sabendo disso Luana! - Ele gritou enquanto eu o levava pro quarto.

Eu sentei na cama da Luana e o Pedro do meu lado. Ainda podiamos escutar os dois na sala.

- Então é seu?

- Gustavo, eu... Eu não quis te falar. Era inútil, foi só um susto...

- Luana, eu sou seu namorado! Desde quando isso?

- Como desde quando? Eu fiz hoje.

- E você não ia me contar?

- Que horas? Queria que eu te ligasse falando? Você acabou de chegar aqui em casa!

- Sim, queria qye você ligasse! Pelo amor de Deus! Por isso você me dispensou hoje, e chamou a Melissa pra te ajudar. Luana...

- Deu negativo! - Ela gritava – Por que eu ia te ligar? Eu nem sabia se era verdade! E se você... E se você não...

- E se eu não quissesse admitir. É isso? Você acha que eu não admitiria? Tudo bem. Depois de dois anos com você, você duvida do meu carater?

- O que? Claro que não! É só que... É uma situação diferente, Gustavo! Eu tive medo de você não me entender ou sei lá! - A Luana parecia chorar.

- Eu ia te entender! Óbvio que eu ia! Meu Deus... Quer saber, tudo bem. Tudo bem. Eu vou embora. A gente se fala depois.

Depois disso eu só escutei uma porta batendo.

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Era só susto mesmo, nessa parte a gente pode respirar! Mas aqui não tem tempo pra nada, já veio outra treta aí!

Nosso casal mais amado, brigados. O que vocês acham? Quem é o certo e quem é o errado? Ou não tem disso?

Interrogatório sim, porque eu amo saber o que vocês pensam, HAHAHAHA!

❤ beijos.

Quase Amigos #2Onde histórias criam vida. Descubra agora