Capítulo 33

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O meu pai entra na cozinha, confusão clara em seus olhos. Eu não queria que ele descobrisse dessa forma mais eu conheço bem a minha mãe pra saber que ela não ia contar pra ele então de qualquer forma eu fiz um favorzinho pra ela.

- Do que a Carly ta falando? - meu pai pergunta.

- Não é nada. - ela tenta disfarçar.
- Conta mãe. - eu grito.

- Pode ir pro seu quarto? - minha mãe pergunta com raiva.

Não respondo. Apenas pego meu caminho pro meu quarto.

Pego meu celular e coloco meu fone de ouvido. Vou ouvir música pra esquecer do mundo.

"Você tem que fugir. Eu tento te ajudar mas eu não consigo " ouço alguém dizer.

Tiro o fone de ouvido e olho ao redor do quarto.

"Ouça o seu pai" a voz fala de novo.

Procuro de novo pela voz.

Resolvo descer as escadas, não quero ficar sozinha.

- Era isso que eu tava evitando. Eu só queria esquecer isso, você tem que entender o meu lado. - ouço minha mãe gritar.

- Eu sou seu marido. Como é que você acha que eu me sinto sabendo que eu não sei nada sobre você. Você podia ter me contado, eu te ajudaria. - ele grita de volta.

- Olha, vamos esquecer isso. - ela diz baixo.

- Não vamos esquecer isso. Isso não envolve só você. Agora isso envolve a sua filha, e eu não vou deixar alguma coisa acontecer com ela. - ele grita.

- Não esqueça que ela também é sua filha, e você sabe que eu só quero o melhor pra ela. Eu pensei que isso tinha acabado. - ela confessa.

Subo as escadas e procuro o meu celular. Saio em silêncio de casa e vou pro ponto de ônibus. Já está de noite e a rua está meio deserta.

Pego meu celular e ligo pra Kate.

- Oi Carly. - ela diz.

- Oi, posso ir na sua casa agora? - pergunto direta.

- Claro, mas por que? - ela pergunta.

- Quando chegar ai te explico. Sua mãe ta ai? - pergunto.

- Está de plantão, de novo. - ela diz e percebo um tom triste em sua voz.

- Ótimo. - digo.

O ônibus passa e agradeço por estar vazio. Tem uma senhorinha sentada na frente que não para de falar com o motorista e um rapaz, que deve ter seus 18 anos.

Eu poderia jurar que conhecia ele de algum lugar. Ele tem os cabelos pretos e os olhos mais lindos que já vi, azul piscina.

Cara, eu diria que somos irmãos pela grande semelhança. Não me contento em ficar no meu lugar e vou falar com ele.

- Licença. - eu digo. - Qual é seu nome? - pergunto nada discreta.

Ele não responde.

- A senhorita é muito nova pra ficar falando sozinha. - o cobrador diz e eu olho pra ele.

- Não estou falando sozinha. Estou falando com ele. - aponto pro assento que agora está vazio.
Olho pro cobrador novamente e dou um sorriso amarelo.

- desculpa. - murmuro.

Por que diabos eu pedi desculpas?

Desço no ponto e chego no prédio da Kate e a mesma está me esperando.

O Apartamento 202/ #Wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora