O meu pai entra na cozinha, confusão clara em seus olhos. Eu não queria que ele descobrisse dessa forma mais eu conheço bem a minha mãe pra saber que ela não ia contar pra ele então de qualquer forma eu fiz um favorzinho pra ela.
- Do que a Carly ta falando? - meu pai pergunta.
- Não é nada. - ela tenta disfarçar.
- Conta mãe. - eu grito.- Pode ir pro seu quarto? - minha mãe pergunta com raiva.
Não respondo. Apenas pego meu caminho pro meu quarto.
Pego meu celular e coloco meu fone de ouvido. Vou ouvir música pra esquecer do mundo.
"Você tem que fugir. Eu tento te ajudar mas eu não consigo " ouço alguém dizer.
Tiro o fone de ouvido e olho ao redor do quarto.
"Ouça o seu pai" a voz fala de novo.
Procuro de novo pela voz.
Resolvo descer as escadas, não quero ficar sozinha.
- Era isso que eu tava evitando. Eu só queria esquecer isso, você tem que entender o meu lado. - ouço minha mãe gritar.
- Eu sou seu marido. Como é que você acha que eu me sinto sabendo que eu não sei nada sobre você. Você podia ter me contado, eu te ajudaria. - ele grita de volta.
- Olha, vamos esquecer isso. - ela diz baixo.
- Não vamos esquecer isso. Isso não envolve só você. Agora isso envolve a sua filha, e eu não vou deixar alguma coisa acontecer com ela. - ele grita.
- Não esqueça que ela também é sua filha, e você sabe que eu só quero o melhor pra ela. Eu pensei que isso tinha acabado. - ela confessa.
Subo as escadas e procuro o meu celular. Saio em silêncio de casa e vou pro ponto de ônibus. Já está de noite e a rua está meio deserta.
Pego meu celular e ligo pra Kate.
- Oi Carly. - ela diz.
- Oi, posso ir na sua casa agora? - pergunto direta.
- Claro, mas por que? - ela pergunta.
- Quando chegar ai te explico. Sua mãe ta ai? - pergunto.
- Está de plantão, de novo. - ela diz e percebo um tom triste em sua voz.
- Ótimo. - digo.
O ônibus passa e agradeço por estar vazio. Tem uma senhorinha sentada na frente que não para de falar com o motorista e um rapaz, que deve ter seus 18 anos.
Eu poderia jurar que conhecia ele de algum lugar. Ele tem os cabelos pretos e os olhos mais lindos que já vi, azul piscina.
Cara, eu diria que somos irmãos pela grande semelhança. Não me contento em ficar no meu lugar e vou falar com ele.
- Licença. - eu digo. - Qual é seu nome? - pergunto nada discreta.
Ele não responde.
- A senhorita é muito nova pra ficar falando sozinha. - o cobrador diz e eu olho pra ele.
- Não estou falando sozinha. Estou falando com ele. - aponto pro assento que agora está vazio.
Olho pro cobrador novamente e dou um sorriso amarelo.- desculpa. - murmuro.
Por que diabos eu pedi desculpas?
Desço no ponto e chego no prédio da Kate e a mesma está me esperando.
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O Apartamento 202/ #Wattys2016
TerrorBia e sua família muda para um apartamento comum, mas coisas estranhas começam a acontecer depois que Bia começa uma amizade com seu vizinho do apartamento 202.