Capítulo 23

2.2K 176 12
                                    

Desabo em lágrimas todo o caminho pra escola, e percebo o olhar de pena do Drake sobre mim.

- Pode ficar comigo lá em casa. - Drake sugere.

- Mas e minha mãe? - pergunto.

- Já disse que não a nada a fazer. - ele insiste.

- E se chamarmos um padre exorcista? - pergunto.

- Eles não fazem um exorcismo do nada. Precisa de provas e a gente não tem. - ele esclarece.

- Eu... Não posso deixar ela sozinha. - digo com a voz embargada.

- Você sabe que ela quer te matar? Aquela não é mais sua mãe e não podemos fazer nada. - Drake diz alterando o tom de voz.

Não quero mais ir pra escola, mas já perdi tempo demais. Tenho que recuperar matéria perdida.

Chego na escola e Lucy está a minha espera, com um sorriso de orelha a orelha.

- Bia, que bom te ver! - ela exclama. - você está bem?

- Estou. - digo sem animação.

Ela me abraça, um pouco forte demais mas eu sorrio.

- Nossa, você não sabe quanto eu fiquei preocupada. Eu fui te visitar algumas vezes no hospital, mas não tinha nenhuma melhora e ver você daquele jeito me partia o coração. - Lucy diz e eu vejo seus olhos lacrimejarem levemente.

- O que importa e que eu estou bem. - digo com um sorriso fraco.

A aula parece que nunca vai passar e como eu imaginava eu não prestei atenção em nada, apenas na minha mãe.

- Bia?? - uma voz me chama.

- Oi Drake. - digo.

- A aula já acabou. - ele diz e olho em volta da sala que está completamente vazia.

- Ah - digo sem graça.

Vamos pra casa e eu sinto um pressentimento estranho por todo o caminho.

Drake está procurando a chave do apartamento quando minha mãe aparece.

- Filha, será que podemos conversar? - ela pergunta e eu olho pra Drake.

- Melhor não. - digo.

- Vamos, vai me dizer que você está com medo de mim? - ela pergunta.

- Na verdade estou. - digo.

Minha mãe não parece bem, seus olhos estão vermelhos e ela tem olheiras. Seus lábios estão rachados e ela está pálida.

- Mãe, você está bem? - eu pergunto com um pouco de pena.
- Vamos conversar. - ela insiste.

Olho pra Drake ele ele está com uma cara de "Melhor não".

- Tudo bem. - digo.

- Eu vou com você. - Drake diz.

Entro e sento no sofá, ao lado do Drake. Minha mãe senta na poltrona a minha frente, e tem um olhar meio assustador.

- Eu... Eu... - ela começa.

- Não fale nada. Não tente se explicar por que foi bem claro que você queria me matar. Não venha com desculpas. - digo apontando o dedo na cara dela.

- Eu... Não quis fazer aquilo. - ela diz mas seu olhar não é verdadeiro.

- Claro que quis. - Drake se intromete.

Um momento de silêncio reina no ambiente, e minha mãe dá um olhar profundo pra mim e depois pra Drake.

- Quer saber... Queria mesmo. Queria te matar sim. - ela quase grita.

Lágrimas escorrem pelo meu rosto e não consigo segurar.

- Por que? - pergunto.

- Não se finja de burra por que você sabe muito bem. - ela diz e percebo sua voz alterando para um tom mais grave e ao mesmo tempo assustador.

- O quê? - eu pergunto.

- Eu quero te matar, por que assim vai arruinar a vida DELE. - ela grita dando ênfase na palavra.

Então é ai, que percebo que quem está falando não é minha mãe e sim, o pai do Drake. Minhas mãos começam a suar frio e um arrepio sobe pela minha espinha. Estamos correndo perigo.

Minha "mãe" rapidamente corre em direção a Drake e grava suas mãos no pescoço dele. Estou tão apavorada que não arranjo forças pra gritar.

Vejo o olhar de desespero de Drake sem ter como se defender então eu dou um pulo em cima da minha "mãe", a agarrando pelo pescoço. Ela começa a tossir desesperadamente e Drake consegue sair dos braços dela e correndo.

Minha "mãe" me joga no chão. Ela corre pra o Drake de novo que agora está perto da janela e provavelmente foi gritar por socorro.

Corro pra cozinha, pegar uma faca. Não que eu fosse fazer alguma coisa, mais temos que nos proteger. Chego na sala novamente e vejo o Drake desesperado próximo a janela. Ouço o barulho de tiro e o braço de Drake está sangrando muito.

Tenho que pedir ajuda. Olho pra Drake e pra minha "mãe" que está com a arma na mão. Meu deus! Desço as escadas do prédio e corro pra rua, que está deserta.

Flashes vem em minha memória, tudo como no pesadelo que tive.
Uma mulher que no sonho não sabia quem era, na verdade é a minha mãe e eu desço pra pedir ajuda.

Ouço um barulho de vidro quebrando e todo o pesadelo me faz entender o que está acontecendo.

O Apartamento 202/ #Wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora