Minha mãe deve ser idiota. Meu deus, será que ela vê o que está acontecendo? Ou será que ela não quer vê? Eu tenho que arranjar um jeito de provar a ela que isso é real, que não é nada da minha cabeça. Mas como? Minha mãe abre a porta do quarto.
- Amanhã não vai à escola. - ela diz.
- Por que? - perguntou.
- Temos que sair. - ela diz e fecha a porta.
Admiro minha mãe sempre cheia de mimimi, foi tão fria comigo agora. Será que ela está magoada comigo ou coisa do tipo?
Já sei até do que se trata. Certamente vamos a uma psicóloga. Ela não desiste, acha que tudo é coisa da minha cabeça e já estou cansada dela.
Durmo rápido apesar de ser 10:00h, isso é cedo pra pessoas como eu que dorme depois das 00:00h.
Acordo com o cutucar da minha mãe. Reclamo e me viro, mas ela cutuca novamente.
- Filha, vamos. Temos que chegar cedo.
- Ai, mãe. Ainda é cedo. - resmungo.
- Vamos agora. - ela quase grita.
Me assusto e levanto e tomo um banho rápido, escovo os meus dentes e visto minha roupa.
Minha mãe já está pronta, me esperando na sala.
- Demorou em! - ela reclama.
- Desculpa. Cadê o pai? - pergunto.
- Já foi trabalhar. - ela diz, séria.
- Tudo bem, vamos. - digo e ela concorda.
O caminho até o tal consultório é rápido e minha mãe nem abre a boca pra falar comigo, o que é estranho por que ela nunca para de falar.
Chegamos num grande prédio, com grandes janelas de vidro e com muitos andares.
- É aqui? - pergunto e ela concorda.
Entramos e pegamos o elevador, que me dá um pequeno arrepio por causa do que aconteceu. Fico feliz quando finalmente a porta se abre e a gente sai.
Tem uma bela recepcionista sentada num balcão. É loira e usa um vestido azul bebê que parece ser um uniforme.
Minha mãe fala com ela e indica uma porta ao lado da gente, escrito Doutora Lívia Marins.
Entramos e ela está nos recebe super bem, com um sorriso no rosto. Ela não é velha, deve ter uns 30 anos.
- Olá. É Beatriz né? - ela pergunta sorrindo.
- Sim. Mas, pode me chamar de Bia. - corrijo.
- Bia. Então, pode sentar.
Ela pede a minha mãe para sair, pra que possa conversar comigo.
- Bem, sua mãe disse que anda ouvindo vozes e vendo coisas? - ela pergunta.
- Não da forma que ela te disse. - digo.
- Então, eu quero ser sua amiga e qualquer coisa que tiver te incomodando ou algum segredo que você se sinta a vontade pra me contar quero que fale. - ela diz e eu concordo com a cabeça.
- Bem, sua mãe falou que estão morando a pouco tempo aqui em Seattle? - ela pergunta já sabendo a resposta.
- Sim. Eu pensei que até ia ser melhor do que em Washington, mas estava enganada.
- O que te fez achar que seria melhor? Alguma coisa te incomodava em Washington? - ela pergunta.
- Na verdade sim. Eu não tinha amigos, nenhum. E não gostava da escola. Nem os professores gostavam de mim. - digo.
- E você tinha amigos aqui em Seattle? - ela pergunta.
- Sim. Uma amiga virtual. Lucy. Fiquei tão feliz de saber que ia estudar com ela.
- E onde o Drake entra na história?- ela pergunta. Minha mãe falou do Drake pra ela?
- Bem. Ele é meu vizinho. Conhecemos no dia da mudança. Ele bateu na porta e foi super simpático. Nem parece que... - paro de falar.
- Nem parece que? - ela interroga.
- Que ele é o tal garoto que matou o pai com 10 marteladas. - digo triste.
- Sério? Aquele que matou por causa que ele batia na mãe? - ela pergunta.
- Sim. - lamento.
- Bem. E as coisas começaram a acontecer depois que conheceu ele? - ela pergunta desconfiada.
- Acho que sim. Tive um pesadelo que tinha uma porta com o número do apartamento do Drake. Depois comecei a ouvir vozes falando que eu ia morrer.
- Nossa. - ela diz.- o tempo passou rápido. Até quinta-feira.
- Posso te fazer uma pergunta? - eu digo.
- Claro. - ela diz.
- Você acredita em mim? - pergunto.
- Sim. E não vou contar nada a sua mãe por enquanto. - ela diz e me dá um sorriso que parece ser bem sincero.
Saio e minha mãe está me esperando balançando as pernas e olhando as horas.
- Nossa. Até que em fim. - ela reclama e eu fico calada.
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O Apartamento 202/ #Wattys2016
HororBia e sua família muda para um apartamento comum, mas coisas estranhas começam a acontecer depois que Bia começa uma amizade com seu vizinho do apartamento 202.