"Vai fazer alguma coisa de tarde? Tava pensando em fazermos alguma coisa, o que acha?" - ele envia.
"Por mim tudo bem, que horas?" - pergunto.
"Três horas eu passo ai pra te pegar" - ele responde e eu mando um "ok".
Depois disso parece que o tempo voou. Almoço, assisto um pouco de televisão e tomo um banho.
Me arrumo e fico aguardando o Dylan em frente de casa.
Ele logo chega com um sorriso no rosto.
- Hey. - digo ao ver ele.
- Oi. - ele diz me dando um abraço.
- Então, o que vamos fazer? - pergunto.
- Sei lá, tava pensando em ir numa lanchonete. - Dylan sugere.
- Bob's!! - grito animada.Vamos caminhando até o Bob's que tem perto dali de casa. Vira e mexe ele comentava alguma coisa mas o silêncio se tornava desconfortável.
- Pelo visto as coisas estão melhorando... - Dylan comenta.
- Como assim? - pergunto.
- É que você parece estar melhor, mais sorridente. - ele diz.
- Não é que seja isso. Mas, é que eu não me sinto segura em casa e você me deu algum motivo pra sair dela. - digo.
Não sei se minhas palavras fazem algum sentido, mas de alguma forma é isso que estou sentindo.
Chegamos na lanchonete e eu me sento em uma das mesas, enquando Dylan foi fazer um pedido.
A lanchonete não tem muita gente. Tem duas adolescentes em uma mesa e um casal em outra.
O Dylan não demora a vir com as bandejas na mão, com os nossos lanches.
- Dylan, eu preciso te contar alguma coisa. - digo depois de dar uma mordida no meu hambúrguer.
- Diga. - ele pede.
- Eu joguei o Ouija de novo. - digo.
- Você é tão teimosa. - ele diz.
- E me arrependi. - confesso.
- O que aconteceu? - ele pergunta.
- Bem... Eu queria me comunicar com o meu pai e vamos dizer que eu chamei outro espírito e as coisas se complicaram e o tabuleiro voou literalmente até a janela. Os vidros quebraram e alguns cacos flutuaram de uma forma sobrenatural e vieram em minha direção obviamente pra me matar. - explico.
- Não faz isso, você vai acabar se dando mal. - o Dylan repreende.
- Eu sei! - digo.
- Olha, eu sei que o que você ta passando é difícil e tal, mas eu não quero você correndo perigo. Você já tentou suicídio e joga esses jogos malucos. Eu não sei o que será de mim se te perder. - ele diz.
Aquelas palavras de alguma forma tocam meu coração. É legal ouvir essas palavras dele e saber que ele se importa comigo de tal maneira. Eu acabo até me sentindo um pouco culpada de tentar um suicídio, imaginar como ele, minha família e a Kate iam ficar sem mim, me parte o coração.
- Não olha agora mas tem um cara ali naquela mesa que não para de olhar pra você. - Dylan diz.
- Não liga não, melhor deixar quieto. - eu digo.
- Você conhece ele? - Dylan pergunta e eu me permito olhar pra ver quem é.
Corro os olhos pelo ambiente e não vejo ninguém de novo, apenas as duas adolescentes e o casal.
- Não tem ninguém. - digo estranhando toda a situação.
- Como assim não tem? Ele ta vindo pra cá, ele vai vir falar com você. - Dylan diz alterando o tom de voz e chamando a atenção dos clientes e funcionários da lanchonete.
- Dylan, calma. - peço.
Ele se levanta, nitidamente alterado, com o punho cerrado e pronto pra dar um soco em alguém que sequer existe.
Os clientes em volta parecem assustados e o cara que estava em uma das mesas se levanta.
- Eu não sei que tipo de louco você é, mas eu acho você pegar sua namoradinha e se mandar daqui. - o cara diz.
- Eu acho melhor, Dylan. - digo já pegando minha bolsa.
Eu não sei direito o que aconteceu agora mas várias coisas surgiram em minha cabeça. Será que isso tudo está acontecendo por culpa minha? Será que eu estou afetando os meus amigos com meus problemas? Eu sou uma pessoa horrível.
- Carly, Carly! - o Dylan me chama várias vezes e agora sim percebo que ele está falando comigo.
- Oi. - digo triste comigo mesma.
- Desculpa. - ele pede.
- Não precisa se desculpar. - digo.
- Preciso sim, eu destruí o nosso encontro. - ele diz.Encontro? Ele disse Encontro mesmo ou estou com problema de audição? Acho que ele disse encontro mesmo.
- Tá tudo bem. - digo. - A culpa é minha.
- Não é sua, você não fez nada. - ele diz. - Carly, eu juro que eu vi o cara lá. Ele até se aproximou de você e parecia que ia te tocar.
- Dylan, não tinha nada lá. Eu acredito que você possa ter visto alguma coisa, mas vamos esquecer isso? - pergunto.
- Okay. - ele diz.
Estamos caminhando em silêncio até o Dylan resolver falar.
- Já devolveu o tabuleiro pra Kate? - ele pergunta.
- Bem que eu queria, mas meu pai quer queimar ele. - digo.
- É o melhor a se fazer. - Dylan diz.
- Mas e a Kate? O tabuleiro é dela. - digo.
- Ela não vai ligar. - Dylan diz revirando os olhos.
Meu celular começa tocar e eu o procuro dentro da minha bolsa. É o Jeff.
- Oi. - digo.
- Você está aonde? - ele pergunta.
- Na rua. - digo revirando os olhos.
- Sozinha? - ele pergunta com um tom preocupado.
- Com o Dylan. - respondo revirando os olhos pela segunda vez.
- A sim, não demore. - ele diz.
- Okay. Já estou indo. - digo.
Desligo antes que ele possa dizer mais alguma coisa. Sei que parece um pouco mal educado mas ele também faz isso comigo de qualquer forma.
- Melhor irmos. - digo e Dylan concorda.
Vamos andando em silêncio e quando chegamos em frente a minha casa, eu finalmente abro a minha boca.
- Eu gostei muito do dia que tivemos. - confesso.
- Mesmo eu surtando na lanchonete? - Dylan pergunta.
- Sim. - digo. - Limpou um pouco a minha mente desse inferno que ta a minha vida.
- Foi essa a minha intenção. - Dylan confessa.
- E funcionou, mas agora eu tenho que ir de volta pra minha vida infeliz, onde eu tenho medo de tudo, até de dormir. - digo com os olhos marejados.
- Não fica assim. - ele diz enxugando uma lágrima em minha bochecha.
- Estão... Até segunda. - digo.
- Até. - ele me diz e eu me viro indo a direção a porta.
Dou apenas um passo e sinto uma mão segurado o meu braço. Me viro pra saber o que o Dylan quer e me me surpreendo ao sentir os lábios macios do Dylan. Me sinto surpresa com o gesto e demoro a perceber o que estou fazendo. Sua lingua pede passagem e eu sedo.
Me separo do beijo e olho pra ele, entro em casa e antes de fechar a porta eu dou uma última olhada pra ele com um sorriso.
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O Apartamento 202/ #Wattys2016
KorkuBia e sua família muda para um apartamento comum, mas coisas estranhas começam a acontecer depois que Bia começa uma amizade com seu vizinho do apartamento 202.