Capítulo 42

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- Pai. - digo com os olhos arregalados, sem acreditar.

Não meu pai Jeff, mas meu pai Drake está ali do meu lado. Lardo a faca de imediato e me afasto um pouco, ainda surpresa com a visita surreal.

Devo estar ficando louca, é impossível que seja ele mesmo ali. Afinal, ele está morto!

- Acho tão bonito você me chamar de pai. - ele diz.

Fecho os olhos murmurando pra mim mesmo que isso não é real, mas quando abro os olhos ele ainda está lá.

- Mesmo depois de ir a igreja e conversar com o padre você ainda teve coragem de tentar fazer isso de novo? - ele diz sentando na cama.

- Como você sabe? - pergunto assustada.

- Por que estou sempre do seu lado, você não percebe mas eu estou. - ele diz.

Ainda estou em pé, nem um pouco a vontade com a situação.

- Sabe, eu nunca fui de ir a igreja, mas... - ele diz mas eu o interrompo.

- Você era satanista. - cuspo.

- Isso não vem ao caso - ele diz - Eu fico muito feliz em saber que procurou a igreja. - ele diz.

- Claro, estou com medo. - digo.

Agora já estou mais a vontade e me sento ao seu lado na cama.

- Por que isso ta acontecendo com a gente? - pergunto.

- Eu confesso que a 16 anos atrás, achei que ao morrer tudo estava resolvido. Mas, aquele demônio que se dizia meu pai, descobriu que você é minha filha. - Drake diz alterando o tom de voz.

- Ele quer me matar? - pergunto.

- Exato. Eu tentei te ajudar mas, não tem como, a não ser que o espírito dele morra. - Ele explica.

- Se eu me matasse não seria mais fácil? - pergunto.

- Não pense uma coisa dessas. - ele diz.

- Pai. É tão estranho te chamar assim. - comento.

- Eu sei, é estranho chamar um cara de 18 anos de pai, pelo menos não tem raiva de mim. - ele diz.

- A um tempo atrás eu tinha. - confesso. - Eu queria saber como você ficaria se estivesse vivo, sabe, com seus 34 anos.

- Eu queria tanto te abraçar. - ele diz e eu faço, mas quando envolvo em seus braços, seu corpo some, da mesma forma que surgiu, do nada.

Dou um suspiro frustante e volto a me deito na cama. Não durmo a noite toda depois do que aconteceu.

Ainda não caiu a ficha e eu me sinto como se eu fosse louca. Eu vi o meu pai, conversei com ele, como pode isso?

O sol já bate no meu rosto quando me levanto e me arrumo pra ir pra escola. Desço as escadas e dou de cara com meu Jeff.

- Oi. - digo sem animação.

- Com quem estava conversando ontem? - ele perguntou.

- O quê? - pergunto me fazendo de burra.

- Não finja que não sabe, eu ouvi. Eu olhei na porta e olhava pra cama como se realmente tivesse alguém ali, depois sentou na cama e continuou falando. - Jeff explica.

- Se eu te contar você não vai acreditar então melhor deixar quieto. - digo.

- Diga agora. - ele insiste.

- Com meu pai. O Drake. - digo.

- Está louca? - ele pergunta.

- Sim. - digo saio de casa indo pra escola.

Eu sabia que ele não ia acreditar e por isso eu não ia falar, mas insistiu e eu não tinha nada pra inventar. 

Chego na escola e encontro Kate.

- Hey. - digo e ela logo percebe minha presença.

- Eai, eu te mandei uma mensagem ontem, por que não respondeu? - ela perguntou.

- Tava ocupada. - invento uma desculpa.

- Eu pensei que tivesse acontecido alguma coisa, não faz mais isso. - ela diz.

- Cadê o Dylan? - pergunto inocentemente.

- Hmmmmmm. - ela diz e eu não entendo.

- Não é nada do que você ta pensando. - digo.

- Não? Eu nem pensei nada, era pra mim pensar alguma coisa? - ela brinca.

- Não, eu sei o que você tava pensando. - digo.

- Vocês são tão perfeitos juntos. - ela comenta.

- Quem são perfeitos? - Dylan aparece.

- Você e a Carly. - Kate diz.

- Não liga pro que ela diz, ela ta doida. - digo e Dylan a ignora.

Depois de assistir a aula, fomos pro intervalo e sentamos em uma das mesas do refeitório.

- Me explique por quê você não veio ontem! - Kate exige.

- Eu fui... Na igreja. - digo eles ficam boquiabertos.

- Mentira? - Kate zoa.

- Acredite se quiser. - digo.

- E você foi fazer o que la? - Dylan pergunta.

- Bem, eu fui conversar com o padre, ele disse que não há nada a se fazer mas me deu isso - digo tirando o terço do meu bolso. - e me disse pra não desistir e blá blá blá.

- Você contou a ele o que tentou fazer? - Kate pergunta.

- Sim, aliás... Eu tentei de novo e vocês não sabem o que aconteceu. - digo fazendo mistério.

- Depois de tudo que aconteceu não duvido nada que o tal do Drake tenha aparecido pra você. - Dylan comenta com um certo desdém.

- Fala sério? Como você sabe? - pergunto.

- Ta de k.o! Eu acertei? - Dylan se anima.

- Nós conversamos e ele me explicou tudo e eu tentei abraçar ele, mas ele sumiu no mesmo momento. Eu na hora até pensei que fosse um sonho, mas o Jeff me perguntou com quem eu tava falando ontem a noite e eu expliquei e ele não acreditou. Será que estou louca? - digo rápido e solto o ar que nem sabia que segurava.

- Eu acredito em você. - Dylan diz.

- Eu também. - Kate comenta.

- E se sua família não acredita em você ou te acha doida, nós podemos ser sua família. - Dylan discursa.

Dou um abraço neles, um abraço bem apertado. Eu confio neles mais do que tudo.

- Ai, eu amo tanto vocês. - digo e recebo um olhar malicioso de Kate, mas logo te envio um dedo do meio.

Depois de assistir todas as aulas, pego meu caminho pra casa e em frente da escola está um carro conhecido. O vidro se abaixa revelando Jeff. Que ótimo!

- Veio me pegar na escola, ta com medo que eu me jogue na frente do carro? - pergunto irônica.

- Mais ou menos isso... - ele responde.

- Não precisa, meu pai me convenceu a não fazer isso. - digo sorrindo.

- Sério? Que bom. - um sorriso brota no rosto dele. Nem sabe ele que foi o Drake que mudou minha cabeça.

O Apartamento 202/ #Wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora