Acordo e estou deitada em um sofá desconhecido deitada cheio de rostos a minha volta.
- Onde estou? - eu pergunto com a voz fraca.
- Você ta bem? - a Kate pergunta.
- Com dor de cabeça. - digo.
- Desculpa, desculpa mesmo. - ela diz.
- Desculpa por que?- pergunto.
- Por ter feito você vir aqui. - ela diz.
Aqui aonde? Olho ao redor até perceber onde estou. Ainda estou naquele apartamento assustador.
- Eu preciso sair daqui. - digo me levantando do sofá.- Você ta bem mesmo? - o Dylan pergunta.
- Sim. Só que esse apartamento... - eu paro de falar.
- Se quiser ir pra casa. - o Dylan sugere.
- Não tudo bem. - digo.
São 2:30, se eu chegar em casa minha mãe vai ficar preocupada e ela vai perceber que bebi e isso não é bom.
Arrumamos os colchões na sala da Kate. Deitamos todos enfileirados, Jennifer, Taylor, Kate, Dylan e eu.
- Eu não tava sozinha no apartamento. - digo sussurrando.
- Que? - Dylan pergunta.- Tinha alguém lá comigo. - respondo.
- Eu não sei não. Você bebeu, as vezes foi só coisa da sua cabeça. - ele diz.
- Eu acho que não foi coisa da minha cabeça. Eu vi, não estou louca. - digo ainda sussurrando.
- Você não ta com raiva da Kate né? Ela chorou. Você já viu a Kate chorar? - ele diz.
- Não foi culpa dela. Eu não precisava ir. - eu digo.
- Ela ta muito arrependida. - ele diz.
- Vamos esquecer isso. - eu digo.
Eu sei que não tem como esquecer isso. A pergunta que mais aparece na minha cabeça é:
"O que as fotos da minha mãe estavam fazendo na merda daquele apartamento?"
...
Quando acordo, todos já estão acordados. Sento a mesa com todos eles e pego uma fatia de bolo.
- Bom dia pra você também. - Taylor diz.
- Desculpa, mas não tô de bom humor. - digo grossa.
- Que isso em, amore. - Kate diz mas ignoro.
Terminamos de tomar o café e fomos arrumar a bagunça de colchões na sala e comida espalhada. Somos apenas 5 mas fizemos bagunça de 50 pessoas.
Eu vou tirar os colchões e sem querer acabo tirando um pouco do tapete.
- Kate, que merda é essa? - pergunto em alto e bom som.
- O que? - ela pergunta.
- Isso aqui, de baixo do tapete.
Tem desenhado no chão de madeira um grande pentagrama que faz meu corpo se arrepiar de medo.
- Ah, bizarro, né? Parece que um antigo dono era satanista ou algo assim, não sei muito bem. Ele fez isso. - ela diz com a maior naturalidade.
- Você sabe que esse símbolo é...- ela me corta.
- Sim, eu sei. - ela diz rápido.
- E não tem medo? - pergunto
- Eu já tive mais, só que as vezes eu até esqueço que tem isso daí. O tapete esconde. - ela diz.
Gente, como que ela consegue morar aqui, sabendo dessas coisas? Um carinha satanista morava aqui há não sei quantos anos atrás e o apartamento da frente tinha uma mulher que matou fulano e depois foi morta pela filha. Que porra!
Meu celular toca, me despertando dos meus pensamentos.
- Oi mãe! - digo um pouco rude.
- Eu vou te pegar agora, pode ser? - ela pergunta.
- Ah, tudo bem. - eu digo.
- Só preciso que você me passe o endereço. - ela diz.
Passo o endereço certinho e ela parece meio confusa. Meia hora depois ela está em frente ao prédio me esperando.
- Gente, tenho que ir. Até mais. - digo.
Dou abraços rápidos no pessoal e desço. Ela parece que está com pressa. Kate desce comigo e diz baixo pra minha mãe não ouvir.
- Carly, me desculpe. Por favor.
- Não tem o que se desculpar. - eu digo.
- Eu juro que não sei o que aconteceu. Aquela porta simplesmente bateu sozinha. Me desculpa. - ela diz.
- Vamos logo, Carly! - minha mãe grita do quarto.
- Tchau. - digo e vou correndo pro quarto.
Entro no carro pra dar de cara com a cara feia da minha mãe.
- O que foi dessa vez? - pergunto.
- Não vai mais vir aqui. - ela diz curta e grossa.
Por um minuto penso se ela sabe o que aconteceu na noite anterior.
- Por que não? - eu pergunto de cara feia.
- Por que eu não gosto dessa menina. Nem dos seus outros colegas. - ela diz.
- Não é por isso. - eu digo. Da pra ver nos olhos dela que não é só por esse motivo.
- É sim. O seu pai não esquenta, mas eu percebo muito bem essas suas companhias. - ela quase grita.
- É por causa do apartamento? - pergunto.
- Que apartamento? - ela pergunta com curiosidade estampada em seu rosto.
- Aquele que tem fotos suas. - cuspo.
- O que? Você entrou lá? - ela perguntou.
- Então é por isso né? Fala, que ligação você tem com a mulher que morreu lá. Aquela que a própria filha matou.
- Fui eu. - ela diz rápido e baixo. .
- Que? - pergunto.
- Fui eu. Eu matei a minha mãe naquele apartamento. - ela diz e eu fico em choque.
Não falo com ela o resto do trajeto até casa. É muita coisa pra minha mente absorver. Eu nunca tinha pensado nisso.
Chegamos em casa e seu saio do carro, entrando em casa e indo direto pra meu quarto.
Me pego chorando lembrando das coisas que tem acontecido comigo e essa nova revelação da minha mãe.
Logo ela está a encher minha paciência batendo na porta do quarto pedindo pra conversar. Vou conversar com ela. Não agora. Vou esperar me recompor e me acalmar pra abrir o jogo com ela e ela vai me contar tudinho.
Passo a tarde toda no quarto, minha mãe me chamou pra almoçar mas eu não tinha fome.
Saio do quarto e já são 5:00 da tarde.
- Mãe, posso falar com você? - peço baixinho.
Ela me encara mas me segue até o quarto quieta.
- Eu quero que você me conte tudo. Tudo mesmo. Eu também preciso te contar algumas coisas mais pra isso você também precisa se abrir. - eu digo séria.
- Eu vou dizer tudo que você precisa saber. Também estou cansada de te esconder as coisas. Eu pensei que fosse melhor pra você. - ela diz.
- Vamos lá. Eu tenho muitas perguntas pra fazer mas: Por que? Por que você matou a sua mãe, a minha avó.
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O Apartamento 202/ #Wattys2016
HororBia e sua família muda para um apartamento comum, mas coisas estranhas começam a acontecer depois que Bia começa uma amizade com seu vizinho do apartamento 202.