Ele olha pra trás, assustado.
- Não. Não está. - ele diz.
- Tá sim, Drake. Sai daí, ele tem um martelo na mão. - digo chorando.
Drake senta do meu lado, e eu continuo a ver o cara lá, em pé com o martelo na mão.
As luzes se apagam novamente e eu me arrepio. Um barulho muito forte ecoa pelo elevador e eu grito.
- Socorro! Socorro! - grito torcendo pra que alguém me ouça.
- Não adianta gritar, eles não vão ouvir. - Drake diz.
- Drake por favor. Me tira daqui. - imploro.
- O que você quer que eu faça? - ele pergunta rindo.
As luzes se ascendem novamente, esse jogo já está me deixando com raiva. Porra, será que ninguém percebeu que estamos presos aqui. Levanto a cabeça e olho o espelho a minha frente. Está todo quebrado e me deixa arrepiada. Parece uma martelada. Eu sabia que eu não tava vendo coisas, ele estava ali e deu uma martelada no vidro.
- Drake. Foi você que fez isso? - pergunto.
- Claro que não. - ele responde. - espera aí... Tem um corte na sua testa.
Olho no espelho e vejo o sangue a escorrer. Fico apavorada e meus olhos estão arregalados.
Sinto o elevador a subir e fico aliviada. Drake solta um suspiro e eu tenho uma pontada de felicidade por estar saindo daquele lugar.
- Graças a deus! - digo e Drake olha pra mim.
Os bombeiros estão lá, a nossa espera e meus pais também.
- Minha filha o que ele te fez? - minha mãe pergunta desesperada.
- Nada. - digo. - foi só o elevador.
- Quem deu uma martelada nesse vidro. É muito perigoso. - o bombeiro fala.
- Não sabemos. A luz estava apagada e só ouvimos o barulho, quando as luzes se ascenderam os estragos já estavam feitos. - Drake diz.
- É tudo muito estranho. A manutenção do elevador está em dia. O elevador voltou a funcionar sem a gente mexer em nada. - o bombeiro diz.
- A e eu também vi um homem segurando um martelo mas depois ele sumiu. - pensei em não dizer os detalhes mas não achei escolha.
- Está usando algum tipo de drogas? - o bombeiro pergunta. - não tem possibilidades de alguém entrar e sair do elevador nas circunstâncias que estavam.
- Só estou falando o que eu vi. Se não acredita em mim não posso fazer nada. - digo.
- Bem, eu também vi. - Drake mente.
- Bem. Devem estar os dois usando drogas. É por que não temos provas, mas eu poderia muito levar vocês a delegacia. Venda e consumo de drogas é crime. - o bombeiro diz sério.
Os bombeiros vão embora, e ficamos no corredor os meus pais, eu e Drake.
- Obrigada. Pelo que disse, mesmo que não tenha ajudado. - digo.
- Nada. Amigos são pra isso. - ele vem em minha direção pra me abraçar mas eu recuo.
Ele ainda me considera amiga dele? Mesmo eu dizendo coisas horríveis sobre ele.
Entro em casa e me jogo no sofá. Estou tão cansada.
- O que fizeram lá dentro? - minha mãe pergunta.
- Nada. - digo.
- Não minta pra mim, esse corte na sua testa? - ela altera a voz.
- Foi o vidro que quebrou. - digo.
- E o vidro se quebrou sozinho não é mesmo? - ela diz irônica.
- Já falei que o pai do Drake entrou lá, segurando um martelo. Foi ele quem quebrou o vidro.
- O pai do Drake não está morto? - ela pergunta
- Está! Está e eu não sei como eu vi aquilo, mas eu vi. - grito.
- Olha aqui. Não fala com sua mãe neste tom de voz. - meu pai fala.
- Não tenho outra escolha. Vocês não acreditam em mim. - digo.
- Claro que não acreditamos numa história absurda dessa. -meu pai grita.
- Então, vão se... Se... - penso direito nas palavras - se ferrar. - grito.
Vou ao meu quarto e me tranco, olho na janela pra pegar um ar.
Ouço as buzinas no meu ouvido e começa a me deixar louca.As vozes começam a surgir de novo no meu ouvido.
"Você vai morrer. Ouve o que eu tou te dizendo".
O barulho é ensurdecedor e eu caio no chão esbarrando nas coisas.
- Por favor. Para, faz isso parar, eu não aguento mais. - eu grito.
Ouço o bater na porta, provavelmente dos meus pais mas não tenho forças pra levantar e abrir a porta.
Acabo dormindo no chão e acordo dolorida. Já são 3:30h.
Abro aporta e minha mãe está sentada bo sofá. Não sei onde foi meu pai mas também não pergunto.
- Acabei caindo no sono. - digo.
- A filha. Está mais calma? - ela pergunta.
- Sim. Bem, calma de quê? - pergunto rindo.
- Estava gritando agora à pouco. - ela justifica.
- Sim. Estava meio estressada. - minto.
- Me assustou. - ela diz e eu fico quieta.
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O Apartamento 202/ #Wattys2016
HorrorBia e sua família muda para um apartamento comum, mas coisas estranhas começam a acontecer depois que Bia começa uma amizade com seu vizinho do apartamento 202.