Capítulo 9

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Ele olha pra trás, assustado.

- Não. Não está. - ele diz.

- Tá sim, Drake. Sai daí, ele tem um martelo na mão. - digo chorando.

Drake senta do meu lado, e eu continuo a ver o cara lá, em pé com o martelo na mão.

As luzes se apagam novamente e eu me arrepio. Um barulho muito forte ecoa pelo elevador e eu grito.

- Socorro! Socorro! - grito torcendo pra que alguém me ouça.

- Não adianta gritar, eles não vão ouvir. - Drake diz.

- Drake por favor. Me tira daqui. - imploro.

- O que você quer que eu faça? - ele pergunta rindo.

As luzes se ascendem novamente, esse jogo já está me deixando com raiva. Porra, será que ninguém percebeu que estamos presos aqui. Levanto a cabeça e olho o espelho a minha frente. Está todo quebrado e me deixa arrepiada. Parece uma martelada. Eu sabia que eu não tava vendo coisas, ele estava ali e deu uma martelada no vidro.

- Drake. Foi você que fez isso? - pergunto.

- Claro que não. - ele responde. - espera aí... Tem um corte na sua testa.

Olho no espelho e vejo o sangue a escorrer. Fico apavorada e meus olhos estão arregalados.

Sinto o elevador a subir e fico aliviada. Drake solta um suspiro e eu tenho uma pontada de felicidade por estar saindo daquele lugar.

- Graças a deus! - digo e Drake olha pra mim.

Os bombeiros estão lá, a nossa espera e meus pais também.

- Minha filha o que ele te fez? - minha mãe pergunta desesperada.

- Nada. - digo. - foi só o elevador.

- Quem deu uma martelada nesse vidro. É muito perigoso. - o bombeiro fala.

- Não sabemos. A luz estava apagada e só ouvimos o barulho, quando as luzes se ascenderam os estragos já estavam feitos. - Drake diz.

- É tudo muito estranho. A manutenção do elevador está em dia. O elevador voltou a funcionar sem a gente mexer em nada. - o bombeiro diz.

- A e eu também vi um homem segurando um martelo mas depois ele sumiu. - pensei em não dizer os detalhes mas não achei escolha.

- Está usando algum tipo de drogas? - o bombeiro pergunta. - não tem possibilidades de alguém entrar e sair do elevador nas circunstâncias que estavam.

- Só estou falando o que eu vi. Se não acredita em mim não posso fazer nada. - digo.

- Bem, eu também vi. - Drake mente.

- Bem. Devem estar os dois usando drogas. É por que não temos provas, mas eu poderia muito levar vocês a delegacia. Venda e consumo de drogas é crime. - o bombeiro diz sério.

Os bombeiros vão embora, e ficamos no corredor os meus pais, eu e Drake.

- Obrigada. Pelo que disse, mesmo que não tenha ajudado. - digo.

- Nada. Amigos são pra isso. - ele vem em minha direção pra me abraçar mas eu recuo.

Ele ainda me considera amiga dele? Mesmo eu dizendo coisas horríveis sobre ele.

Entro em casa e me jogo no sofá. Estou tão cansada.

- O que fizeram lá dentro? - minha mãe pergunta.

- Nada. - digo.

- Não minta pra mim, esse corte na sua testa? - ela altera a voz.

- Foi o vidro que quebrou. - digo.

- E o vidro se quebrou sozinho não é mesmo? - ela diz irônica.

- Já falei que o pai do Drake entrou lá, segurando um martelo. Foi ele quem quebrou o vidro.

- O pai do Drake não está morto? - ela pergunta

- Está! Está e eu não sei como eu vi aquilo, mas eu vi. - grito.

- Olha aqui. Não fala com sua mãe neste tom de voz. - meu pai fala.

- Não tenho outra escolha. Vocês não acreditam em mim. - digo.

- Claro que não acreditamos numa história absurda dessa. -meu pai grita.

- Então, vão se... Se... - penso direito nas palavras - se ferrar. - grito.

Vou ao meu quarto e me tranco, olho na janela pra pegar um ar.
Ouço as buzinas no meu ouvido e começa a me deixar louca.

As vozes começam a surgir de novo no meu ouvido.

"Você vai morrer. Ouve o que eu tou te dizendo".

O barulho é ensurdecedor e eu caio no chão esbarrando nas coisas.

- Por favor. Para, faz isso parar, eu não aguento mais. - eu grito.

Ouço o bater na porta, provavelmente dos meus pais mas não tenho forças pra levantar e abrir a porta.

Acabo dormindo no chão e acordo dolorida. Já são 3:30h.

Abro aporta e minha mãe está sentada bo sofá. Não sei onde foi meu pai mas também não pergunto.

- Acabei caindo no sono. - digo.

- A filha. Está mais calma? - ela pergunta.

- Sim. Bem, calma de quê? - pergunto rindo.

- Estava gritando agora à pouco. - ela justifica.

- Sim. Estava meio estressada. - minto.

- Me assustou. - ela diz e eu fico quieta.

O Apartamento 202/ #Wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora