Capítulo 3

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- Minha filha, você está pálida! - minha mãe diz preocupada.

- Mãe. Eu ouvi vozes, me chamando, mas não tinha ninguém. Você acha que estou louca?

- Não minha filha. Deve ter alguma explicação. - diz me dando um copo dágua.

- Mãe. Eu sei o que eu ouvi. O Drake me chamou no banheiro e aqui agora. Mas ele não estava em casa. - digo alterando a voz.

- Minha filha. Deve ser o estresse...

- Não é mãe. - digo cortando ela.

Vou ao meu quarto pra pensar direito nas coisas. As coisas aqui em Seattle estavam correndo tão bem, por que isso agora?

Lucy me mandou uma mensagem:

"Bia, tá sem fazer nada? Tava pensando em ir na sorveteria. Que tal?"

"Tudo bem. Que horas?"

"Pode ser umas 2:00h, leva seu amiguinho também."

Almoço e vou falar com o Drake. Bato na porta e ele abre rapidamente.

- Oi, Lucy e eu vamos na sorveteria mais tarde. Quer ir?

Me surpreendo com um vulto que passa atrás do Drake.

- Que foi. Tá com uma cara assustada. - ele diz.

- Acho que alguém passou atrás de você. - digo.

- Não, Bia. Não tem ninguém aqui. - ele diz.

- Vai ou não na sorveteria? - pergunto direta.

- Tudo bem. Que horas?

- As 2:00.

Acho que devo estar louca. Eu jurava que tinha visto alguém passar atrás dele. Que diabos está acontecendo comigo?

O tempo passou mais rápido do que imagina. Tomei um banho e botei um short jeans de cintura alta com uma camiseta azul. TOC TOC, deve ser Drake.

- Bem na hora! - digo,mas percebo que ele não está. Olho de um lado e do outro sem sinal de ninguém. Fecho a porta.

TOC TOC, outra vez. Ninguém está de novo. Olho pro chão e tem uma carta caída.

Abro a carta, bastante curiosa:

" Você vai morrer!"

Meu coração acelera, fico sem reação. Amasso o papel e ouço a porta outra vez.

- Mais que droga! - grito.

Abro, e desta vez Drake está lá.

- Estava gritando com quem? - ele pergunta.

- Ninguém. Só estou meio estressada. - respondo. - vamos? - pergunto mudando de assunto.

- Claro. - ele responde.

A sorveteria não fica muito longe dali, dizendo Drake.

- Ainda acho que deveríamos ter indo de ônibus. - digo.

- Pra andar algumas quadras daqui? Não será preguiçosa.

Sinto uma respiração atrás de mim, olho e não vejo nada, simplesmente nada. Sinto novamente uma respiração em meu pescoço. Exito em olhar novamente, mas olho e tomo um susto quando vejo uma figura desfigurada atrás de mim.

Dou um grito.

- Que foi? - pergunta Drake, sério.

- Tem alguém atrás de mim.

- Não tem nada! Você está ficando louca. - ele diz quase gritando.

- Você não entende. Eu não sei por que, eu só sei que eu ouço, eu vejo, mas vocês não vêem. Acha que eu sei o que tá acontecendo? Acha que eu gosto do que tá acontecendo? - digo gritando.

Reparo as pessoas a nos olhar, mas ignoro. Fazemos o resto do caminho quietos, e eu sempre a olhar pra trás. 

Fico feliz quando vejo a sorveteria se aproximar. Logo, vejo Lucy acenando pra a gente. Aceno de volta e me aproximo dela, dando um abraço mais apertado do que de costume.

- Demoraram. - ela diz.

- Pois é. Eu bem queria vir de ônibus mas Drake falou que era perto. - justifico.

- Bia, aconteceu alguma coisa? Está meio pálida.

- Nem adianta falar. Vocês vão falar que sou louca ou coisa assim. - lamento.

- Se você falar não vou saber. - ela diz.

Explico a ela tudo que está acontecendo, nos mínimos detalhes. Ela ouve com bastante atenção, mas não sei se está mesmo acreditando. Quando termino de falar ela me olha perplexa, sem acreditar.

- Não acreditas em mim, né? - pergunto.

- Acredito. Na verdade, bem, já ouvi coisas sobre o prédio em que vocês moram.

- Que coisas? - fico assustada.

- Há mais ou menos 8 anos, parece que um garoto de 10 anos matou o pai a marteladas. Bem, o pai batia na mãe dele, e o garoto se revoltou e matou ele. Depois disso o garoto ficou doido mas acho que ele não mora mais lá. - ela diz e eu fiquei em choque.

- Sabe o número do apartamento? - pergunto com medo da resposta.

- Na verdade não. Eu sequer lembro disso e olha que eu sou nascida e criada aqui em Seattle. Minha mãe que me contou essa história.

- Drake, sabe de alguma coisa? - pergunto e ele demora pra responder.

- Não. Eu não moro lá a muito tempo. - ele diz com olhar distante.

- Sabe se seu pai sabe de alguma coisa? - pergunto.

- Não. Eu nem vejo ele direito, sabe. Ele trabalha muito.

É muito estranho saber que o Drake mora com o pai mas não tem tempo para conversar. Eles devem ter uma relação muito afastada, por que o Drake não fala muito dele e nunca nem o vi.












O Apartamento 202/ #Wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora