Capítulo 16

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Acordo com minha mãe sentada na cama. Ela está bem vestida, mas minha vista ainda está turva de sono.

- Filha, eu preciso ir. Eu sei que você vai ficar bem. - ela diz e eu concordo com a cabeça. - Não deixe de ir a escola. Não vou estar aqui, mas quero que cumpra com as responsabilidades. Volto domingo. - ela me deu um beijo e saiu.

Me levanto e me arrumo pra escola. Lembro que hoje é sexta e surge uma ponta de preguiça.

Saio e encontro com Drake.

- Bom dia! - ele diz e eu dou um sorriso.

- Posso te acompanhar? - ele pergunta. - Prometo que não vou dizer uma palavra. - ele completa.

- Tudo bem. - digo com um pequeno sorriso.

Chegamos na escola e Lucy está me esperando.

- Que milagre. - ela quase grita.

- Quê? - pergunto corada.

- Pensei que você odiasse o Drake. - ela diz apontando pra ele.

- Só estou de bom humor. - digo e eles riem.

Não presto muita atenção, pensando no fim de semana. Não sei se estou preparada pra ficar sozinha.

O sinal toca e eu desperto dos meus pensamentos. Guardo minhas coisas e saio da sala.

- Vai fazer o que no fim de semana? - Lucy pergunta.

- Ficar em casa sozinha. - digo e ela abre a boca.

- Sério? - ela pergunta.

- Sim. Parece até castigo. - digo brincando.

- Poxa, eu poderia te chamar pra dormir lá em casa, mas minha família quer ir visitar uns parentes. - ela diz.

- Não se preocupe. - eu digo e ela ri.

Lucy e eu ficamos conversando por um tempo e eu vou pra casa. Provavelmente Drake já chegou, por que ele não me fez companhia.

Abro a porta do meu apartamento e tudo parece tão vazio. Por um momento esqueço que minha mãe viajou.

Passo o resto da tarde assistindo à um filme. Acabo pegando no cochilo e acordo são 6:00 e já está anoitecendo.

Fico feliz de não ter tido nenhum pesadelo. Levanto e faço um misto quente. Fico lendo um livro até tarde, e não estou com sono. Já são 12:00 da madrugada e eu tô com fome. Não vou jantar a essa hora como só uma maçã e vou dormir, ou melhor, tentar.

Deito em minha cama mas deixo a porta meio aberta. Fecho os olhos na esperança do sono aparecer, mas não consigo.

A luz da sala ascende e meu coração acelera. Me encolho na cama e fecho os olhos com medo.
Ouço um barulho e não aguento e levanto pra ver o que é. Um copo de vidro caí no chão me fazendo gritar. Me encolho no sofá já chorando.

Os retratos na parede e na estante caem no chão fazendo um grande barulho.

- Não. Socorro! Pelo amor de Deus! Eu não aguento! Eu quero morrer! - grito.

Ouço a porta bater mas fico com medo de abrir. Mais o som não para, continua a bater na porta.

- Bia, abre. Você ta bem? - uma voz diz. É o Drake.

Corro e abro a porta imediatamente. Sem pensar agarro ele e dou um abraço e ele logo retribui.

- O que tá havendo? Cadê a sua mãe? - ele pergunta preocupado.

- Ela teve que viajar. Eu sabia que não era uma boa ideia. - eu digo ainda chorando.

- Você não pode ficar sozinha. - ele está preocupado.

- Eu sei. Eu disse a minha mãe, mas ela não me ouve. Eu não sei o que tá havendo com ela. - eu digo. - Pode dormir aqui hoje? - eu pergunto e ele parece surpreso.

- Tudo bem. Se você acha melhor. - ele diz e parece tímido.

- Pode dormir no meu quarto. Eu durmo no da minha mãe. - digo.

Ele vai pro meu quarto e eu vou arrumar a cama da minha mãe pra dormir. Vejo um movimento estranho na porta e por sorte é Drake.

- Precisa de alguma coisa? - eu pergunto.

- Só quero ter certeza que está bem. - ele diz.

- Eu vou ficar. - digo.

- Não gosto quando você chora. - ele diz se aproximando.

- Eu também odeio chorar. - Digo e ele me dá um abraço.

- Por que isso tá acontecendo comigo? - pergunto e as lágrimas vem.

Ele fica calado e levanta o meu rosto pra poder olhar pra ele. O rosto dele se aproxima do meu e eu não consigo segurar a vontade de beijar ele. Os nossos lábios se tocam levemente. A língua dele passa pela minha de uma forma tão delicada. Não sei por que estou fazendo aquilo.

Ele vai em direção a porta pra sair do quarto mas eu não quero que ele vá.

- Drake, - digo com a voz fraca. - Fica. - digo quase implorando.

Ele não diz nada, mas deita na cama junto a mim.


O Apartamento 202/ #Wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora