Capitulo 50

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1 hora e meia depois de embarcarmos, o piloto diz que chegamos até Cadaqués, chegamos a ilha na qual eu nasci e cresci.

Assim que o piloto pousa meu jatinho na pista do pequeno aeroporto sinto meu coração se estilhaçado em pedacinhos ao me lembrar do meu pai e do  dia em que sai daqui em busca de uma vida melhor.

"Olhos para meus pais e seus olhos estão cheios de lágrimas, eles sabem que chegou a hora da despedida, e agora que a euforia do momento passou sinto um nó na garganta, meus olhos ardem pelas lágrimas que ameaçam cair, e sinto meu coração em fragalhos.

Envolvo os dois em um abraço apertado e me delicio no cheiro deles, cheiro de aconchego, de família, cheiro do meu lar.

Largo os dois e abraço só meu pai, deixando as lágrimas escorrerem pelo meu rosto.

- Se cuida minha menina, e não hesite em voltar para casa se lá não for o que você imagina. E minha menina... eu te amo.

- Pode deixar pai, eu vou me cuidar. E eu também te amo muito."

Uma lágrima escorre pelo meu rosto enquanto adentramos o aeroporto, o Charles aperta minha mão de leve me dando força e me mostrando a multidão de pessoas a minha espera.

Alguns repórteres do jornal local e muitas garotas segurando cartazes, pôsteres e revistas minha, como eles souberam que eu estava vindo para cá?

Era estranho ver todos essas pessoas as quais um dia eu conheci mesmo que de longe me "idolatrando" agora.  Forço-me a por um sorriso no rosto enquanto tiro algumas fotos com algumas pessoas mais próximas.

Depois de alguns minutos seguimos para uma pequena hospedagem que pelo que eu me lembrava era a mais descente daquele lugar, então assim que nos instalamos para a casa da minha mãe.

Assim que estaciono o carro que o Charles alugou em frente a casa da minha mãe, respiro fundo e aperto o volante com tanta força que os nós dos meus dedos ficam brancos. Nada havia mudado, o bairro, a rua, a casa e a pequena loja que minha família possuía.

Pego minha bolsa no banco de trás do carro e desco batendo a porta com força, o Charles desce e segue atrás de mim enquanto adentramos a loja. Mal adentramos a loja e eu vejo minha mãe de costas arrumando algumas prateleiras.

Sinto uma saudade gigantesca me invadindo, lembranças da minha infância e do meu pai me tomam por completo e eu não sou capaz de pronunciar uma única palavra sequer, mas não é preciso, como se sentisse que estava sendo observada minha mãe se vira em minha direção com um enorme sorriso no rosto  pensando que fosse um cliente, mas ao me ver seu sorriso morre e ela não interrompe o que estava dizendo é fala.

- Bom dia, posso aju... Pérola?

- Mãe...

Caminho em sua direção e lhe dou um abraço apertado mas ela não reage, apenas fica imóvel e sem dizer uma palavra. Mas sinceramente eu não me importava, pois esta ali naquele lugar onde cresci e nos braços de minha mãe me traz uma paz que eu já não sentia há anos, mas assim que me afasto sua reação foi totalmente contraria a de poucos segundos atrás.

- Mamãe eu...

- O que você está fazendo aqui Pérola?

- Como assim o que estou fazendo aqui mãe? Eu vim te ver.

- Mãe? Eu não tenho filha, pelo menos não mais. Minha filha.... minha Pérola, morreu há 2 anos.

- A senhora é minha mãe, como você pode dizer isso? Eu te amo, e agora que o papai se foi só temos uma a outra.

- Não fale do seu pai. Ele teria muito desgosto se tivesse visto a mulher que você se tornou.

- Mamãe por favor não comece, eu voltei aqui por sinto falta da senhora, quero leva-lá para morar  comigo e te dar uma vida mais confortável.

- Não preciso que você se importe comigo. Eu tenho o meu próprio sustento e não preciso viver  as custas de um dinheiro sujo.

- Meu dinheiro não é sujo.

- A não? Então qual é o nome que se dá para um dinheiro ao qual você se vendeu?

- Eu não me vendi a ninguém mamãe.

- Você se casou com seu marido por interesse, para mim isso da no mesmo.

- Você e inacreditável mãe, eu vim até aqui para te ajudar e te levar para morar em minha casa e é assim que você me trata?

- Você veio por que quis, pois se não me falha a memória eu não pedi que você  viesse atrás de mim.

- Você nunca vai me perdoar não é mesmo?

- O que você fez não tem perdão.

- E o que fizeram comigo tem? Por que a senhora em momento algum parou para pensar em como eu me senti com tudo isso.

- Então tudo isso e pelo que te aconteceu? Você fala tanto deles mas não consegue enxergar que se tornou igual ou até mesmo pior que eles.

- Eu vou faze-los pagar pelo que me fizeram, eu decidi que faria isso lá atrás e sabia o preço que eu teria que pagar. É quer saber de uma coisa? Eu faria tudo de novo , por que eu sei que valerá a pena, pois se a justiça dos homens não os puniu eles pagaram pela minha.

- Isso não é justiça e vingança.

-Vingança é justiça mamãe.

- Você não é mais minha filha, se isso era tudo que você queria dizer já pode ir.

- Existe ex-marido, ex-namorado até mesmo ex-noivo, mas não existe ex-filha. Você tem certeza do que está fazendo? Por que se eu sair por essa porta eu não volto mais.

- Eu já disse para você ir embora

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- Eu já disse para você ir embora.

- Tudo bem você quem sabe, eu tentei. Tenho minha consciência limpa.

Dou uma última olhada em tudo a minha volta e saio andando em direção a saída, antes de chegar ao carro esculto o Charles dizendo a minha mãe antes de sair.

- Ela pode até ter errado, mas não há nada pior que uma mãe renegar a própria filha dona Mabel. 

(...)

Assim que deixo o Charles na hospedagem sigo para o cemitério da cidade para visitar o túmulo do meu pai, o Charles até quis me acompanhar mas eu recusei sua oferta pois eu precisava fazer isso sozinha.

Então estaciono o carro em frente ao cemitério e adentro o mesmo, alguns minutos depois localizo a túmulo do meu pai e nesse instante as lágrimas me consomem por completo. Sou tomada pelo saudade, a dor e o ódio por não te-lo aqui comigo, e o culpado de tudo isso e aquele desgraçado do Hector.

Me debruço sobre o túmulo do meu pai e deixo as lágrimas escorrerem livremente pelo meu rosto enquanto digo.

- Eu te prometo papai, eu vou me vingar daqueles que me destruíram e te tiraram de mim.

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