Só às vezes

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- Você deu sorte, Garota Nova. – Ju, que só me chamava assim desde o meu primeiro dia, me estendeu uma sacola de papel assim que entrei no quarto de funcionários. – Chegou um pouquinho antes da Noite Temática.

Peguei a sacola e estava prestes a perguntar, mas ela se enfiou no banheiro com uma sacola para si. Noite Temática. Faltava só uma hora para abrir o bar e eu ainda não sabia se realmente tinha de vestir as roupas na minha sacola: uma saia de palha até os pés e uma blusinha branca, que não era tão curta, só para mostrar um pedaço do abdômen, mesmo. Além de dezenas de flores coloridas. Eu ainda estava decidindo se batia na porta do banheiro ou procurava outro funcionário, quando Helena invadiu o quarto com Daniel e Leonardo – o terceiro e último barman – carregando caixotes de frutas.

- Luau! – Helena gritou, como se tivesse uma plateia muito maior do que apenas eu. É, o tema, eu já entendi há uns dois minutos. – Desculpa, Nanda! Victor me avisou que você não sabia sobre a noite, mas o Mercadão estava uma loucura de cheio!

- Tranquilo. - Dei de ombros.

- Então, a noite temática não é noite de trabalhar, viu? É uma tradição. No aniversário do bar, nós fazemos uma noite só nossa e esse ano é nono ano de bar! Os meninos já estão terminando a decoração do salão, só o que falta são as fantasias, mesmo.

- Acho que essa é a minha.

- Isso mesmo. Coloca sua fantasia porque ainda falta arrumar a mesa e abrir. Nossa, olha como estamos atrasados! – Olhou o relógio dourado no braço e saiu atropelando os próprios pés. Daniel e Leonardo deram um riso leve e depois seguiram a chefe.

Ju saiu do banheiro com uma maquiagem tão simples que eu não conseguia entender o motivo da demora. Eu já estava vestida e com algumas flores na mão, tentando decidir o que fazer com elas.

- Dá isso aqui! – Pegou as flores da minha mão e começou a mexer no meu cabelo. – Seu cabelo é lindo, tão fácil de cuidar, olha!

Saí do quarto com uma trança cheia de flores e caía sobre o meu ombro, até que bem bonita. Todos já estavam devidamente vestidos com colares de flores e camisas havaianas, então Helena decidiu que decidiu que era hora de abrir o bar, com sete minutos de atraso. E o bar encheu. Havia pessoas com fantasias havaianas ou roupa de balada, mesmo, como era normal aos sábados.

Helena tinha razão quando dizia que a noite temática não era dia de trabalho. Os clientes compravam o ingresso adiantado, pela internet e tinham direito a uma mesa imensa e repleta de comida temática – muitas, mas muitas frutas. Os barmans eram os únicos que trabalhavam, preparando um ou outro drink em casca de coco ou abacaxi. Observei Ju trocar o telefone com alguns caras, mas ela sempre voltava para o balcão do bar, onde passamos muito tempo pelo simples fato de Victor querer companhia.

Ainda estava no começo da festa e Helena se aproximou de nós, e foi logo depois de perguntar como estavam os morangos – pela segunda vez -, que notamos uma movimentação diferente dos seguranças. Dois deles passaram correndo por nós, na direção da porta. Helena suspirou antes de ajeitar o vestido florido e seguiu os seguranças. Ju me puxou pela mão, seguindo a chefe só por curiosidade. Ficamos próximas o suficiente para ver do que se tratava e eu senti minhas bochechas queimando instantaneamente, quando vi. Helena falava com um dos seguranças e eu passei por todos eles, para fora do bar.

- Nanda! – Bruno suspirou quando me viu, ainda tinha um dos seguranças com a mão em seu braço, para impedi-lo de entrar.

- Ele queria entrar sem convite. – O segurança mais próximo de Helena explicou.

Para: ClariceOnde histórias criam vida. Descubra agora