Bônus: O maior babaca do mundo.

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Cenário: Pós-TCC da Nanda, antes da briga Rafa x Nat.

***

Eu estava muito ferrado. Mandei mensagem para ela, perguntando se ela queria ajuda no projeto, mas ela disse que era dia de colocar as séries em dia. Mesmo assim, eu estava com o carro parado na frente do portão dela. Esperei o porteiro me anunciar e entrei com minha sacola na mão.

Ela abriu a porta e estava de pijama. E o pijama era um mini short muito justo e uma regata justa de alças bem fininhas. Eu estava muito ferrado.

- Você não pode me obrigar a parar de assistir Netflix! Nem tenta. - Sorriu e me deu espaço para entrar. Estiquei a sacola para ela, mas eu ainda não conseguia falar, então não falei nada. - O que é? - E abriu a sacola.

- Ontem você disse que queria, mas não deu tempo de comprar, lembra?

É que a biblioteca fecha depois da sorveteria, então não tomamos sorvete depois de trabalhar por horas no projeto dela.

- Você comprou um pote de sorvete para mim! Nossa, Sam, você é um máximo. - Ela pulou para a cozinha.

Acontece que o apartamento tem cozinha americana, e deu para ver ela pegando as colheres, curvada sobre o armário. E o short era bem curto. Cravei os olhos na televisão com a tela vermelha e um enorme NETFLIX escrito. Uma parte do meu cérebro estava considerando pular a janela de cabeça no chão, enquanto a outra parte não tinha ideias nada boas. Ela voltou com as duas colheres e sentou do meu lado, me entregando uma colher e abrindo o pote de sorvete.

Eu não sei que série era aquela e nem queria saber. O silêncio era pesado e constrangedor, com uma tensão palpável entre nós. Ela largou o sorvete na minha mão e levantou do sofá. Voltou do quarto com uma blusa de frio por cima da regata fina do pijama porque estava sem sutiã por baixo e colocou a blusa porque achou que a blusa ia esconder o meu efeito nela. Voltou para o sofá, mas não sentou tão perto quanto antes. Então você também está sentindo, né?

- Rafa...-- Comecei a falar, mas não sabia como continuar.

- O que foi? - Me encarou com os olhões azuis.

Respondi, mas não foi falando. Beijei e ela beijou de volta. Quer saber o que foi? Bom, é isso. Beijei, mas não coloquei a mão nela, como eu queria. Só o beijo já era muito, para mim. Se eu colocasse a mão...! Mas ela colocou a mão. Espalmou a mão no meu peito e eu tive que me afastar. Olhou nos meus olhos e eu sabia que a gente tava na mesma.

- Ai, meu Deus! - Ela cobriu a boca com a mão.

- Desculpa. - Pedi, com os olhos cravados na ponta dos meus sapatos.

- Meu Deus, Sam! Me desculpa! Eu-

- Não, Rafa, fui eu. Eu tô ficando maluco, eu não devia... Eu acho melhor...

- Você não vir mais. - Foi se afastando aos pouquinhos e eu quis me arrepender, mas não podia.

- É.

- Tudo bem. Quero dizer, é melhor.

- Desculpa pelo seu TCC.

- Ah, tranquilo. - Deu um sorriso triste e isso acabou comigo.

- Fica com o meu pendrive, depois você devolve.

Ela só balançou a cabeça e essa era minha deixa. Nem levantou do sofá, só sussurrou um tchau, quando eu saí.

Meuestômago dava piruetas e meu peito doía, tudo ao mesmo tempo em que eu mesentia o maior babaca do mundo.    

Para: ClariceOnde histórias criam vida. Descubra agora