Capítulo 7

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Querida Clarice,

Sempre amei o jeito como você gostava de aniversários. Hoje é o meu, é uma pena que você não esteja aqui para planejarmos juntos um futuro lindo. Sei como diria que é um dia especial e deve ser aproveitado cada segundo.

Estou olhando pela janela para seu balanço no jardim, consigo até visualizar você deitada preguiçosamente, escrevendo em seu caderninho qual sabor de bolo combinaria com os outros pratos servidos, ou qual playlist deixaria todos à vontade na festa. Eu diria que não precisava de tudo isso, estávamos bem assim, poderíamos comemorar em um bar legal. Agora tudo o que eu queria é você deitada ao meu lado com seu caderninho, eu te abraçaria e te faria esquecer tudo com uma dezena de beijos.

Lembro de um de seus aniversários que passamos juntos, fomos à praia, era um cenário digno de filme. Você estava tão radiante, com toda a delicadeza que era possível. Foi um final de semana incrível, daqueles que faz você ter vontade de largar tudo e viver desse jeito para sempre. Amei todos os detalhes, desde as suas pequenas pegadas na areia, até sua pele corada pelo sol, o jeito como você nadava ou como gostava de caçar conchas. Ao pôr do sol, você olhou nos meus olhos e disse que queria um casamento assim, com a leveza do mar e banhado pelo sol poente, como uma música que te faz flutuar e sonhar.

Eu consigo te ouvir cantar em meus pensamentos, sentir seu cheiro, a sombra do seu toque. Parece tão próximo e ao mesmo tempo tão impossivelmente distante. Olho novamente para a garrafa em minha mão, está tão vazia quanto meu próprio interior. Parece que tudo está desfocado agora, preciso de um óculos que me faça te ver novamente. A única coisa que tenho é essa garrafa com a promessa de fazer isso parar de doer, e fazer minha mente vagar para longe disso.

Com amor,

Dan.

Para: ClariceOnde histórias criam vida. Descubra agora