ACRONÉPOLIS

CAPÍTULO 1 - O FIM

          Eram pouco mais de seis da manhã, os primeiros raios de sol começavam a cortar o céu transpassando em um espetáculo de luzes sobre algumas nuvens que faziam cair uma fina chuva sobre o campo, os pássaros cantavam nos galhos das árvores, a grama balançava com o passar do vento, as árvores respingavam pequenas gotas d'água, tudo parecia calmo e perfeito, até que um enorme estrondo sobrepôs toda aquela tranquilidade.

          Como uma flecha, um objeto cruzou o céu e se chocou com toda força sobre o chão, uma enorme explosão se expandiu por todo o campo levantando uma nuvem de poeira que cobriu todo o lugar deixando o cenário ainda mais escuro, pedras de todos os tamanhos caiam no chão e a poeira aos poucos se esvanecia revelando uma enorme cratera que surgiu no lugar onde objeto colidiu.

          Assim que a poeira abaixou era possível ver no centro da cratera a silhueta de um homem, um guerreiro com alguém deitado em seu colo, trajando uma armadura prateada com linhas douradas, a armadura estava toda suja e danificada, com vários pedaços quebrados nos ombros, peito e uma ferida na coxa que sangrava sem parar, devido aos ferimentos ele estava ajoelhado e respirava ofegante.

          A chuva caia sem parar, mas desta vez parecia que o tempo havia fechado ainda mais, o guerreiro então olha para sua amiga que agora estava desacordada em seus braços. Ele vagarosamente se coloca de pé e por um segundo tudo fica em silêncio, o guerreiro sente uma paz jamais sentida antes ao olhar para ela, parecia até mesmo ignorar o fato de estar todo machucado e tudo estar destruído ao seu redor.

          Sua expressão de paz logo foi transformada em uma expressão de horror, quando uma lança negra que queimava com aura escarlate transpassou seu peito abrindo um buraco em sua armadura, o sangue jorrou para frente respingando até mesmo em sua companheira. O grito de dor ecoou por todo o lugar, com muito custo ele se levantou e observou a lança com sua ponta tingida de vermelho pelo seu sangue, retirou a lança de seu peito em meio a gemidos de dor e com muito custo deu três passos para frente tentando permanecer em pé, deixou sua amiga com cuidado no chão, pois agora ela parecia pesar toneladas, deu mais alguns passos até que ouviu um estrondo logo atrás.

          Virou-se no mesmo instante e viu a poeira que havia sido levantada no local do barulho cobrindo sua visão, quando a poeira baixou sua expressão se transformou em pânico.

          Não era possível ver seu rosto ou detalhes, mas havia um enorme monstro com armadura negra que emitia de seu corpo uma aura com tonalidade azul escuro de sua pele. O que espantava o guerreiro não era o monstro, mas o fato de ele estar agora com sua companheira nos braços.

          - Não ouse fazer nada com ela - Sua voz era cansada, mas demonstrava uma seriedade jamais demonstrada por ele.

          - Você não pode fazer nada contra mim - a voz do monstro era rouca e transmitia medo a quem quer que a ouvisse - Você e todos os seus amigos foram derrotados

          No mesmo instante o monstro levantou seu braço direito e imediatamente um portal se abriu e cinco pessoas caíram por ele indo direto para o chão, todos desacordados.

          - Me diga que você não os...

          - Não, ainda não - Em meio à poeira era possível ver os enormes dentes cerrados que o monstro possuía se abrirem em um malicioso sorriso - Eu queria que você sentisse a dor de ver cada amigo seu morrer na sua frente sem poder fazer nada, mas esta aqui - Ele agora apontava para a mulher em seus braços - Esta vai ser especial.

          O monstro então encravou uma de suas garras na barriga da mulher que no mesmo instante perfurou a armadura branca com azul que usava e a arremessou aos pés do guerreiro, ela caiu e rolou parando exatamente em sua frente.

          - O que você fez com ela sua besta - Ele abaixou imediatamente preocupado com ela.

          - Foi um pequeno veneno que injetei nela, ela morrerá em menos de 1 minuto - O monstro cruzou os braços e o observava com muito prazer ao ver o guerreiro em agonia.

          O guerreiro então disse algumas palavras que o monstro não pôde ouvir, se levantou e pegou uma de suas espadas que estava caída ao seu lado, novamente disse algumas palavras que não puderam ser ouvidas por ninguém, mas que ele acreditava que sua companheira podia senti-las. Ele então ergueu sua espada para cima e uma aura negra saiu da boca da mulher e envolveu sua espada, o guerreiro então deu um pequeno sorriso de lado e encravou a espada em sua barriga, o monstro imediatamente ficou espantando com aquela ação.

          - Então é isto... você ficou com tanto medo que se matou, eu esperava mais - gargalhadas grotescas tomaram conta de todo o lugar.

          O guerreiro caiu ao lado da sua companheira, juntou sua mão as mãos dela. Enquanto a vida deixava seu rosto ela acordava aos poucos, ele então foi fechando os olhos, mas ainda pôde ver um enorme clarão emanando por trás do monstro, a luz era tão forte e tão intensa que ele achou que já estava morto, a única coisa que pôde ver era enormes asas prateadas se abrindo atrás do monstro, depois não viu mais nada, seus olhos se fecharam... morreu.