ACRONÉPOLIS

CAPÍTULO 26 - O EMBATE

(GARIDUS E SOTON)
POUCO TEMPO APÓS ARKAMALLS PARTIR PARA ACERON

- Fico preocupado por não poder ajudar nosso mestre. - Soton realizava uma espécie de meditação enquanto fitava o orbe sobre o pedestal a sua frente. Parecia não se importar com o vento gélido que adentrava o templo pelas altas janelas. Com movimentos lentos ele erguia uma das pernas friccionadas e depois a depositava com sutileza no chão, as mãos dançavam ao ar como pequenas ondas que se propagam pela água quando agitada. Sua pele negra estava coberta por uma fina camada de suor, demonstrando que meditava por horas seguidas. Qualquer um que o visse, diria que aquilo era uma mistura de uma dança sutil com algum tipo de luta marcial.

Garidus não estava muito distante. Escorado em uma das paredes do templo. Afiava suas lâminas curvas lentamente, fazendo criar pequenas faíscas a cada movimento. Seus cabelos brancos esvoaçavam com a pequena brisa que adentrava pelas amplas janelas. Não disse nada, apenas levantou os olhos para o parceiro e depois os baixou novamente para o movimento que fazia em suas espadas.

Garidus levantou os olhos novamente e fitou o movimentos de Soton. Aquilo pareceu irritá-lo. Começou a fazer movimentos mais rudes sobre a folha da espada, arrancando mais faíscas do que seria realmente necessário.

Passaram-se cinco minutos. Sobre o rosto impaciente do grandalhão escorria gotas de suor, dadas a tamanha irritação que estava sentindo. Parecia-se que olhar seu colega fazendo tais graciosos movimentos o deixava cada vez mais impaciente, cada vez mais enraivecido.

- Não estou aguentando mais tudo ... - Garidus começou a falar, mas foi interrompido por um gesto de Soton, que parou sua meditação para observar o Orbe, que agora radiava um estranho brilho azul. Garidus sorriu.

- Finalmente, isso quer dizer que nosso mestre precisa de mim. - abaixou-se para recolher alguns pertences que utilizava durante seu treinamento.

- Minha missão está começando. - Repetiu Garidus que agora se aproximava lentamente do companheiro.

- Não meu amigo. Sei do seu desejo de ajudar o mestre, mas a missão foi dada a mim. O sinal significa que Arkamalls precisa de minha ajuda. Fique aqui e cuide do templo. - Soton se ergueu sem olhar diretamente para o grandalhão. Vestiu seu elmo de crista negra. Garidus ainda se aproximava lentamente.

- Você não entendeu, meu AMIGO. Este sinal dá início a MINHA missão.

Soton virou-se para o outro guarda devido a estranheza em sua fala. Não teve tempo de reação. Assim que se colocou de frente ao colega, uma espada curva transpassou-lhe o abdômen.

- Mas... o que você... - falou com dificuldade.

Garidus retirou a espada com um único movimento.

Soton cuspiu uma boa quantidade de sangue e tentou cobrir a ferida com a palma das mãos para parar o sangramento, enquanto se afastava do colega de guarda.

- Não me entenda mal. Isso não é nada pessoal... - Garidus olhou com uma feição estranhamente satisfeita para a espada agora ensanguentada - Quer saber... é pessoal sim. Já tem muito tempo que venho querendo das umas boas espetadas nessa sua performance perfeitinha. - passou a língua sobre a lâmina molhada pelo sangue. - Está na hora de mostrar que não é tão bom como dizem.

Garidus arremessou uma das espadas rumo ao alvo, quase o acertando, não fosse sua agilidade no último instante que com um salto conseguiu fugir do alcance da lâmina. A espada cravou na parede logo atrás.