CAPÍTULO 18 - O MONSTRO GUARDIÃO

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          A poeira começou a abaixar vagarosamente. Jullr retirou a mão da frente do rosto como se o gesto o fosse proteger do ataque iminente.

          Olhou para si mesmo e notou que não possuía nenhum ferimento. Diante daqueles enormes dentes, como podia logo ele que não possuía nenhuma resistência a ataques físicos, estar intacto.

          Uma gota de sangue caiu logo a sua frente. Assim que a gota tocou o chão o coração de Jullr congelou, no mesmo instante tateou os braços acreditando que algum membro seu podia ter sido decepado. Tudo estava no lugar. Então após criar coragem olhou a frente tanto para procurar por seu cajado quanto para ver o que havia acontecido com a fera para que ela não o atacasse. Então o mago se espantou ainda mais com o que viu.

          Logo a sua frente estava Samira. À frente da caçadora estava o enorme monstro. Como ele havia concluído anteriormente, a fera era quadrúpede e se parecia muito a um leão se diferenciando apenas pelo pêlo ruivo e um par enorme de asas que se assemelhavam as de um morcego que se alongavam a partir de seu dorso, as asas possuíam uma espécie de lâmina que lembravam foices mortíferas em suas extremidades. O monstro possuía seis metros de altura com enormes caninos e uma volumosa juba que lhe contornava todo o pescoço vindo a cair na parte inferior. Outra coisa que chamava e muito sua atenção era a calda. Diferentemente da calda de um leão comum, a da fera era como um enorme ferrão de escorpião, arqueado pronto para dar o bote na primeira oportunidade.

          O monstro se tratava de um Mantícora. Uma criatura mitológica até então dada apenas como um personagem contado em histórias para fazer as crianças ficarem com medo, em toda a história ninguém jamais presenciara a tal fera... Até agora.

          O espanto de Jullr não se deu apenas pelo enorme monstro que estava logo à frente, mas também por Samira, que estava agora com o arco estendido segurando a boca do Mantícora aberta. Cada ponta do arco segurava uma das extremidades da enorme bocarra que aberta já estava pronta para dilacerar o mago.

          A gota de sangue que ele vira cair no chão segundos antes, provinha de dois ferimentos que existiam nas costas da caçadora. O arco de Samira segurava a enorme boca da fera aberta, mas os dentes caninos do monstro eram muito mais alongados do que os demais e a ponta das presas se encontravam encravadas em suas costas, abrindo assim uma pequena ferida que fazia imergir o sangue que agora pingava ao chão.

          Samira então olhou para Jullr e deu um pequeno sorriso. No rosto da caçadora era possível ver uma mistura de vigor e dor. Tanto pelo fato de estar suportando o enorme peso da fera, quanto pela dor que estava sentindo por causa de suas feridas.

          - Qual é o seu problema? - Jullr não conseguia entender o motivo de Samira se sacrificar de tal forma para protegê-lo. - Você nunca gostou de mim, por que se colocou em risco para me salvar?

          - Qual é maguinho, realmente não gosto de você. Você é o maior chato, - Arriscou apontar a língua para Jullr - Mas a partir do momento em que você entrou no grupo, virou nosso companheiro, e protegemos uns aos outros aqui.

          Antes que o mago pudesse dizer algo, O Mantícora deu o bote. O enorme ferrão em sua calda desceu velozmente mirando primeiramente a caçadora e a teria acertado, não fosse a enorme marretada que o acabou jogando longe, fazendo com que o monstro fosse arremessado contra um dos pilares centrais.

          O pilar se quebrou completamente, mas a fera nem se quiser se arranhou.

          O Mantícora era conhecido especialmente por ter uma couraça extremamente resistente, couraça essa que era conhecida até mesmo como impenetrável. Armas comuns ou golpes simples não se mostravam eficazes nem mesmo para fazer cócegas no monstro.

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