XI

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Íris POV

— Quem é aquele? — o meu pai tratou de abordar assim que entrei na casa.

— Eu não conheço. Ele ofereceu uma carona. — fechei a porta, caminhando para a cozinha.

— Você pegou uma carona com um cara que não conhece?!

— Pai... — sussurrei tentando quebrar a elevação no seu tom de voz.

— Você disse que ia ligar para a Rachel. Podia ao menos ter ficado na igreja e esperado eu ir te buscar!

— A igreja foi incendiada.

— O quê?

— A igreja, está destruída.

Ele afastou o meu cabelo para observar o sangue na minha testa. Podia ver pela sua mudança de expressão que estava assustado.

— Como isso aconteceu?

— Eu não sei. Um acidente com as velas.

— Um acidente com as velas não faria isso. — ele apontou para o ferimento.

— Eu não sei. Eu não me lembro.

— Quem estava na igreja?

— Eu e padre. — demorei um tempo para responder.

— Onde está o padre?

Fiquei em silêncio. Ele parecia procurar a resposta nos meus olhos. Encostou-se à porta abanando a cabeça. Como se eu tivesse culpa de algo. Libertei um suspiro frustrado, subindo as escadas. Sentia-me culpada por não conseguir pensar no que aconteceu na igreja. A minha consciência estava completamente voltada para Gabriel. Como eu pude imaginar que ele sentia algo por mim? Olhei o meu reflexo no espelho do banheiro. Eu estava horrível. Despi-me e deixei o meu corpo de molho na banheira tentando esquecer o que havia se passado. Depois da noite no Birush, Gabriel me deixou confusa. Ele parecia querer me beijar também. Ou talvez só estava concentrado nos passos do demônio. O quão inocente eu fui para criar qualquer tipo de expectativa quanto a ele? Eu queria Gabriel. Eu o desejava. Os meus sentimentos por ele pareciam queimar o meu corpo. A mesma sensação de quando ele me tocava. Já era tarde quando terminei de secar o cabelo.

Acordei durante a madrugada fria, por uma razão que desconhecia. O homem magro, de cabelos escuros e bem penteados estava sentado na poltrona a observar-me. Congelei por dentro, lembrando-me da besta que este se transformara no inferno. Porque Gabriel não estava ali? Talvez o homem não quisesse me fazer mal. Isso me fez relaxar, mas não proferi nada. Permaneci em silêncio. Ele me olhava, eu o olhava.

— Vim pedir desculpas, senhorita. — a sua voz também era rouca, mas suave.

— Pelo quê? — sussurrei à espreita.

— Pelos meus atos e escolhas. Por ter te levado para o inferno, e invadido a sua mente sem permissão alguma.

— Por que vocês estavam crucificando Gabriel?

— Gabriel não é uma boa pessoa, Íris. Ele não segue as regras.

— Quais regras?

Crows { H.S }Onde histórias criam vida. Descubra agora