XIII

50 7 0
                                    

Gabriel POV

O mausoléu não estava distante, a fêmea acorrentada que eu arrastava, assim como todos aqueles que já passaram pelas minhas mãos, não se calava.

— Você está cometendo um erro, Arcanjo. Eles vão te caçar, e queimar as suas asas no fogo do inferno. — rosnou.

— Eles, eles quem?

— Tarragh e...

— Tarragh? Aquele com garras quebradas que decapitei na noite passada? — não consegui impedir o sorriso mal-intencionado enquanto a olhava arder em raiva na minha frente.

— Você anda perdendo o jeito de fazer isso. — a voz grave não negava, era Malakai.

— A que se deve a tão gloriosa presença, Malakai? — olhei-o.

— Digamos que tenho uma coisa para você.

— É minha vez de morrer? — ergui um canto dos meus lábios.

— Ainda não. Mas tenho a certeza de que isso vai ser tão preocupante quanto a sua morte. — ele gargalhou antes de entrar para a cave.

Terminei com a fêmea, do modo convencional, e depois segui os passos de Malakai para o encontrar. Não era algo grandioso, pouca iluminação mas suficientemente aconchegante. Sentei-me no sofá empoeirado, de frente para ele, esperando que falasse. Mas só começou depois que eu aceitei o copo de bebida. Malakai tirou do bolso uma pena clara e grande, e colocou sobre a mesa de centro escura.

— Você o conhece? — o sorriso nunca abandonava o seu rosto.

Agarrei a pena. O contado fez com que uma grande descarga de energia invadisse o meu corpo, rapidamente as recordações e evidências sobre o anjo dono daquela pena domou a minha mente. Soltei a pena, arfando de leve com o alívio.

— Ezekiel. — suspirei.

— Sim, Ezekiel. — ele sentou-se por fim no sofá paralelo. — Sabe o que o matou?

Olhei-o em silêncio.

— Uma adaga celestial. — engoli as suas palavras com dificuldade.

— Quem o matou?

— Eu sou um comissal da morte, não um detetive. — a sua voz sarcástica ganhou tom.

— Quando aconteceu?

— Há uns três ou quatro dias. — murmurou enquanto brincava com o copo.

— Ele caiu? — inquiri.

— Você vai ter que perguntar para ela. — voltou a sorrir.

— Não pretendo vê-la. — contrastei.

Ele ajeitou o corpo, encarando o meu rosto.

— Eu acho que com a sorte que você tem, a minha querida mamãezinha não permitiria que o seu precioso anjinho passasse muito tempo com ela.

— Que desagradável, ela é um ótima companhia.

— Eu te trouxe aqui porque você e Ezekiel pertencem à mesma linhagem de anjos, pensei que houvesse por aí um tipo de caçador de anjos, ou melhor, que fosse tu o assassino.

— Por que eu faria isso?

— Eu não sei o que se passa na sua cabeça.

— O que eu mato, você recolhe, então você saberia se eu o tivesse matado. — suspirei— Eu tenho uma suposição.

— Fala.

— Asmodeus está com uma adaga.

— Como ele conseguiu isso?

Crows { H.S }Onde histórias criam vida. Descubra agora