First day.

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[Harry POV]

Depois de deixar o Louis na cama, vou para a cozinha e tento bolar um plano. Eu tenho trinta dias para reconquistar meu marido. Trinta dias para fazer ele mudar de ideia e lembrar dos velhos tempos, dos tempos onde nossa maior preocupação era quem tiraria a maior nota no trimestre, ou onde nós iríamos colocar o sofá. Não quem iria assinar o divórcio primeiro, e com quem ficaria o apartamento.

Isso soa tão ridículo. Eu era feliz, feliz demais. Eu tinha um casamento perfeito, o trabalho dos sonhos, estava convencendo meu marido a adotar uma criança! E agora eu estou tentando o convencer de não me deixar. Por que mesmo isso está acontecendo comigo? Não sei, a única coisa que eu sei, é que isso não pode acontecer, eu não posso deixar o Louis escapar tão facilmente como todas as outras pessoas escaparam de mim.

Eu não sou nada bom em falar o que sinto, essa tarefa sempre ficou para o Louis, ele é muito aberto. Eu sou mais fechado, por isso gosto de escrever música. Pode parecer algo idiota, mas ajuda, você joga seus sentimentos em um papel e ainda consegue fazer com que saia uma coisa bonita deles. Essa é a graça, mesmo que você esteja passando por um problema grave, se fizer uma música com ele, vai se tornar uma coisa bonita, e ao menos uma parte do problema está resolvido.

Pego uma caneta e o meu caderno, onde tenho todas as outras músicas anotadas, e tento escrever algo. Não sai nada. Nenhum sentimento. Nenhum verso, nenhuma rima. Até a pequena rachadura no teto se tornou mais interessante do que o meu caderno e minha música. Eu tenho tanta coisa para escrever, que não sai nada. Nenhuma palavra. Por onde eu começo?

Deito minha cabeça na mesa, e durante um segundo, eu esqueço de tudo, esqueço de qualquer coisa que pode estar atrapalhando a minha vida, tudo fica preto, ou branco, eu não sei direito. Eu conheço bem esse sentimento, depois dele vem o choro, não um choro comum, um choro desesperado. Tudo pelo o que eu passei começa a transbordar na minha cabeça, e eu começo a me desesperar. Eu não sou uma pessoa que goste de ficar se aparecendo por tudo o que passou, mas caramba, eu passei por muita coisa.

A cena de um Harry com cinco anos de idade, sendo informado que o papai e a mamãe estavam se separando, e que o pai iria morar em uma cidade longe da dele, surge em minha cabeça, e os primeiros soluços começam a sair de minha boca. Logo depois a imagem da minha mãe me batendo e gritando comigo, dizendo que eu não merecia ter o mesmo sangue que ela, e que eu era insignificante na família, por ser gay, invade os meus pensamentos, e me faz gritar e me jogar no chão. Agarro as minhas pernas e tento controlar o próximo pensamento, mas é inevitável que ele apareça. Minha irmã me diz, entre soluços "Eu confiei em você, eu acreditei que eu poderia te contar tudo, principalmente por achar que você iria me entender! Como você foi capaz Harry? Por que você fez isso comigo? Eu te amava tanto!". Por quê eu deixei ela ir? Por quê eu simplesmente não expliquei que era um mal entendido, e que não tinha sido eu quem tinha falado para a Anne? Por quê ela acreditou que tenha sido eu? Começam a sair soluços incontroláveis da minha boca, e sons que eu nunca tinha ouvido. Então de repente eu levo um soco, e outro, mais um, e o gesto se repete várias vezes, as vozes começam a surgir... "gayzão", "hoje vai dar o cu pra quem, seu viado?", "lugar de viado não é aqui, vai pra outro lugar". Os soluços agora saem mais como gritos, não sei bem qual é o som deles. Mas então tudo para. Eu me acalmo e respiro. Quando eu penso que já estou calmo, a imagem do Louis no carro, com uma cara triste e olhando diretamente para a rua, sem nenhum contato visual, me avisando que o divórcio chegaria em trinta dias, aparece em minha mente e eu me descontrolo novamente. Mas dessa vez é pior, saem gritos, soluços e sons estranhos ao mesmo tempo e eu começo a tremer.

A única marca que ficou em mim de tudo que eu passei foram essas crises, e algumas músicas, mas se o Louis me deixar, eu não sei mais o que vou fazer, eu não vou conseguir simplesmente aceitar e esquecer. O Louis é a pessoa mais importante em toda a minha vida, se eu o perder, eu perco tudo.

A minha visão começa a ficar confusa e eu não sei mais o que é realidade ou fantasia, eu não sei mais distinguir quais são as vozes falando na minha cabeça e na minha frente, então eu fecho os olhos e torço para que isso acabe logo.

[Louis POV]

Eu acordo e estou em meu quarto. Não no quarto de hóspedes, mas sim na minha suíte, na minha e do meu marido. Harry. Começo a escutar gritos e mais gritos vindos da cozinha. Merda. Não, não, não! Ele não pode estar tendo mais uma daquelas crises traumáticas! Ele estava reagindo tão bem ao remédio, e fazia tanto tempo que ele não tinha uma dessas.
Saio correndo da cama e acabo ficando um pouco tonto por ter levantado tão rápido. Me encosto na parede para não perder o equilíbrio e volto a correr em direção do Harry.
Ele está jogado no chão, lágrimas não param de escorrer pelo seu rosto e ele está gritando algumas palavras que não consigo entender porque ele solta soluços junto.

Sento ao seu lado e coloco sua cabeça em meu colo. Ele continua chorando desesperadamente, então eu começo a lhe fazer cafuné. Demora um pouco, mas ele se acalma. Ele começa a respirar mais lentamente e se meche em meu colo.

- Harry você.... - E então começa tudo de novo. Lágrimas intermináveis correm pelo seu rosto e ele começa a gritar, soluçar e a soltar alguns sons indecifráveis, tudo ao mesmo tempo. Mas duas palavras se destacaram, e ele as repetiu várias vezes. Louis. Não. É incrível como a vida pode te dar um abraço amigo em uma hora, e na outra, um soco enorme na sua cara. Antes eu fazia o meu marido feliz, e agora eu sou o culpado pelas crises traumáticas que ele tem. Eu sou um imbecil.

Pego o Harry no colo com dificuldade, ele já é pesado quando está calmo, então quando está chorando e se debatendo, fica muito mais difícil, mas eu consigo. Me sento no sofá e o coloco em meu colo como um bebê, fico chacoalhando e fazendo cafuné, até ele se acalmar. Quando percebo que a respiração dele já está normal, ele está olhando para mim. Seus olhos estão inchados, o nariz e as bochechas vermelhas e, meu Deus como ele é lindo! A expressão dele é serena, ele está confuso e tentando encaixar as peças.

- Eu... hã.... - Harry tenta falar. Ele nunca foi bom em se abrir. Então ele suspira e fecha os olhos ao mesmo tempo. - Desculpa. - Ele dá um sorriso triste, se levanta e vai até o quarto de hóspedes.

Pelo que ele estava pedindo desculpas exatamente? A única pessoa que tinha que pedir desculpas era eu, e não ele, eu que fiz tudo errado, ele não, ele sempre faz o certo.
    
O Harry não devia ter saído do meu colo. Quando nós estamos juntos, acontece alguma coisa que nos liga cada vez mais. É um calor inexplicável, um desejo que faz com que seja difícil nos afastarmos, mas ele conseguiu, ele saiu tão facilmente do meu colo. Será que ele não sente mais o mesmo? Essa crise fez com que ele não sentisse mais nada por mim?




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Me desculpem a demora para postar, mas ainda é quarta feira, então não tem problemas hajshjaha. GENTE 0.6k em 1 semana? Eu juro para vocês que nao to bem!! Vocês são uns amorecos gente, obrigada de verdade!!!!! Amo vocês ❤❤

Thirty Days » Larry Stylinson [EM CORREÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora