Eleventh day.

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[Liam POV]

     Depois de chegarmos do aeroporto fomos para casa do Louis e do Harry. Pegamos algumas coisas e adicionamos na mala. Fomos direto para a rodoviária para irmos até Doncaster, para o velório.

     O tempo custa a passar, parece que faz um ano que estou dentro desse ônibus. Estamos os três chorando, não falamos nada desde a promessa do Harry.

     Um ao lado do outro, nos damos apoio, mesmo que só pelo abraço em grupo, mas me sinto mais forte quando estou com eles.

     Eu ainda não consigo acreditar que Troy se foi. Ele era um herói para mim, passou por muita coisa na vida e seguiu em frente, feliz e confiante, e com seis filhos para criar. Como as gêmeas se sentiram quando receberam a notícia? Elas tem apenas doze anos. E Ernest e Doris? Eles nem devem ter entendido, e vão crescer sem um pai. Eles não merecem isso, ninguém merece isso.

     O ônibus para e percebo que chegamos em Doncaster. Esperamos todos os passageiros saírem, então levantamos, saímos do ônibus e vamos para a praça de alimentação, lugar onde combinamos de nos encontrarmos com Lottie.

- Vocês querem comer alguma coisa? - pergunto, e os dois assentem. - Ok, que tal um pastel? Não temos muitas opções.
- Pode ser - Harry responde, depois olhamos para o Louis que apenas assente. Harry o abraça pela cintura e o carrega até uma mesa.
- Eu vou pegar os pastéis.
- Ok - Harry responde.

[Harry POV]

     Liam foi buscar os pastéis e Louis não para de me encarar, fico o encarando também, e a imagem que vejo é tão triste. Seus olhos estão pequenos e cheios de rugas em baixo, e dessa vez não é porque ele está rindo loucamente, mas sim porque uma das pessoas mais importantes na vida dele se foi, e por mais que a notícia tenha sido recente, ele parece mais magro, mais fraco, e a única coisa que eu quero fazer é o proteger, mas eu não consigo parar de chorar também.

- Harry? - Louis pede para mim, do outro lado da mesa.
- Louis?
- Me beija.
- O que?
- Se você me beijar eu vou ter certeza de que vai ficar tudo bem. - Depois que ele diz isso vou até o seu lado e me posiciono de frente para ele. Coloco uma mão em sua nuca, a outra em sua cintura e levo meus lábios até os seus.

     Sua boca está salgada por conta das lágrimas que caem sem parar, mas está perfeita para mim, como sempre esteve.

     Nosso beijo é desesperado, ambos estamos com medo e não sabemos que rumo seguir, mas sempre que estamos juntos os problemas parecem sumir e o mundo se torna apenas eu e ele. Nada mais, nada menos do que nossas respirações e suspiros, carícias e apertos, palavras e gemidos.

     Esse foi sem dúvidas, um dos nossos melhores beijos. Não sei se foi pela necessidade de esquecer tudo o que está acontecendo, ou pela saudade de estar grudado nele de novo, mas foi um beijo diferente, e eu adorei.

     Não percebemos quando Liam chega ao nosso lado, muito menos ele sentando e começando a comer. Mas então ele começa a nos cutucar.

- Eles estão vindo - Que? Do que ele está falando?
- Cala a boca Liam - fala Louis, em meio ao beijo.
- A Lottie está chegando, ela ainda não nos viu. Parem de se beijar - fala Liam, e então eu paro o beijo, mas continuo a centímetros do rosto do Louis. Lhe dou um selinho, e viro para frente, começando a comer meu pastel.

     Ainda estou em transe por causa do beijo, foi tão bom. Louis deita a cabeça em meu ombro e sussura em meu ouvido:

- Obrigado.
- Te amo.
- Também te amo.

    Liam abana para Lottie, para mostrar onde estamos, e é aí que vejo que os dois pares de gêmeos estão junto com Lottie e Toby. Merda. Nenhuma das quatro crianças está com cara de choro. Se fossem só Ernest e Doris eu entenderia, até porque eles são bebês e não vão entender, mas as meninas? Elas tem doze anos, entenderiam perfeitamente. Por que a Lottie não contou para elas? Ela deixou a tarefa mais difícil para o Louis, que está arrasado.

     Olho para ele, que está chorando de novo, mas desta vez esconde a cabeça em meu ombro, para que as irmãs não pudessem ver. Então ele deita a cabeça no meu colo, fazendo com que ele fique escondido pela mesa.

- Diga que estou dormindo - pede ele, e eu concordo com a cabeça. Ele coloca a mão em cima do rosto, e eu faço cafuné.

     Quando eles chegam na nossa mesa, Lottie olha para mim com um olhar de dúvida, querendo saber como Louis está, eu apenas faço que não com a cabeça, e ela respira fundo, com a intenção de segurar o choro.

- Cadê o LoLo? - pergunta a Doris.
- Ele está aqui no meu colo, dormindo, ele está cansado da viajem - dou um sorriso falso.
- Está tudo bem? Vocês estão todos com cara de choro - pergunta Phoebe, ela sempre foi atenta.
- A Fizzy deve estar chegando, vamos esperar ela.
- A Fizzy? Mas ela não estava no hospital com a mamãe e o papai? - pergunta Phoebe novamente.
- A mamãe vai ficar bem, mas a Fizzy precisa vir aqui.
- Ah, ok.
- Lottie, posso falar com você? - pede Liam, provavelmente pensando a mesma coisa que eu: Por quê caralhos as crianças ainda não sabem?
- Claro - Os dois vão para um canto e começam a conversar, fico observando os dois e percebo que os dois estão chorando, mas antes de voltarem para a mesa secam as lágrimas e se abraçam. Liam senta do meu lado novamente e sussura em meu ouvido:

- Eles querem contar todos juntos, ela não conseguiria sozinha - fala Liam em meu ouvido, e eu afirmo a cabeça como resposta.
- E aí? Como vai a escola? - falo, me dirigindo as meninas.
- Uma droga. Os nossos colegas ficam nos chamando de coisas ridículas só por termos um pouco mais de dinheiro, e sermos irmãs do Louis. - responde Daisy.
- Pois é, vamos pedir para o papai nos trocar de colégio, está tudo muito chato - Fico sem reação. O que vai ser dessas meninas quando descobrirem que o pai se foi? Escuto Louis soluçar no meu colo e torço para ninguém mais ter escutado. Toda a mesa fica quieta, mas acho que elas não percebem que é por causa do que elas falaram. Fizzy chega para salvar a pátria, e quando Louis percebe a presença da irmã, tenta secar as lágrimas e finge estar acordando.

- Bom dia flor do dia! - fala Phoebe.
- Bom dia princesa - responde Louis, tentando sorrir.
- O que está acontecendo? Toby não fala nada desde ontem, Lottie não está usando maquiagem e está com os olhos vermelhos, Fizzy está com a cara toda inchada, Harry e Liam estão com os olhos vermelhos, e Louis está com o nariz vermelho e os olhos inchados. E todos estão com cara daquela coisa que temos lá em baixo, que usamos para fazer as necessidades. Alguém pode nos dizer por que estão todos assim? - pergunta Daisy, que até agora não tinha se pronunciado sobre o assunto.

     Nos entreolhamos e todos afirmam com a cabeça. É a hora da verdade. Seguro a mão de Louis, para o mostrar que vou estar do seu lado, o apoiando.

- Então... - Começa Lottie, e Louis à interrompe.
- Antes... - ele reúne forças para falar - Antes de t-tudo - soluça ele, e seu plano de segurar as lágrimas falha e elas começam a cair. Ernest e Doris estão distraídos, mas Phoebe e Daisy estão atentas, ambas com expressões de medo - Queremos que vocês saibam que vamos estar apoiando vocês, e que amamos muito, muito mesmo tudo em vocês. O-ok? - pergunta Louis. As duas concordam e as lágrimas já estão caindo de seus olhos, por medo do que virá a seguir. Olho para o resto da mesa e todos estão chorando também.
- Meninas, como vocês sabem, ontem no assalto, os ladrões usaram armas, né? - Pede Fizzy.
- S-sim. - fala Phoebe.
- O quê? Nós perdemos a casa? - pede Daisy.
- N-não - responde Louis.
- Assim como a m-mamãe levou um tiro no braço, o p-papai - fala Lottie, fechando os olhos, para tentar diminuir a dor - O papai ta-também levou um. - concluí ela.
- Ma-mas o do papai foi mais grave. - fala Fizzy.
- Ok, mas ele vai ficar bem, né!? - Pergunta Daisy.
- Os médicos vão cuidar dele, não é? - pergunta Phoebe, com desespero transparecendo em seus lindos olhos. Todos na mesa se entreolham, e todos discordamos com a cabeça.
- O papai de vocês se foi - falo, e elas ficam intactas. As lágrimas param de cair, os olhos travam nos meus e elas não se mexem - Mas ele vai estar sempre no coração de vocês, dando o mesmo amor que sempre deu, só que agora ele não vai ser um amor físico - concluo.
- Não! - fala Daisy, a ficha começando a cair e as lágrimas voltam a rolar pelo seu rosto - Por favor me diz que não - ela começa a sacudir a cabeça para os lados e os soluços aparecem em sua boca. Phoebe por outro lado ainda está em choque, parada, me encarando.
- Phoebe, você está bem? - Liam pergunta. Ela abana a cabeça.
- Vem cá - fala Fizzy e da tapinhas em seu colo, chamando Phoebe para lá. Ela senta no colo da Fizzy, e Daisy vai para o colo do Louis. Lottie está dando colo para Ernest, e Toby para Doris.

    Ficamos os nove sentados naquela mesa da rodoviária, chorando por um bom tempo, até decidirmos ir para o velório, que por sinal foi o pior da minha vida. Jay estava arrasada, não parava de chorar, e não saía nem por um segundo de perto do corpo de seu marido.

Thirty Days » Larry Stylinson [EM CORREÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora