Era uma tarde de Domingo. Ao invés de acordar cedo como havia feito no dia anterior, Kai optou por sair a tarde.
A visão que ele tinha visto durante os pouquíssimos minutos que havia ficado do lado de fora da superfície, haviam lhe proporcionado uma das mais lindas visões de toda sua vida.
Sabendo disso, Kai decidiu que queria ver mais, e não só ver mais, mas também aprender mais, conhecer mais desse incrível mundo "sobreterrâneo" que era com os aquarianos chamavam a parte exterior da superfície.
Assim como no dia anterior, Kai pegou seu material e algumas coisinhas extras, e claro, uma câmera fotografia para registrar tudo.
Diferente das câmeras que eram produzidas antigamente, as câmeras aquarianas eram obrigatoriamente à prova d'água, por motivos óbvios. Isso proporcionava às pessoas que pudessem tirar fotos em qualquer lugar dos oceanos sem se preocuparem com a água, já que eles estavam cercados por ela.
Como Kai sempre foi apaixonado por aventura e por coisas novas, ele também sempre se preocupou com a qualidade de seus equipamentos, e isso incluía as câmeras fotográficas.
Sua câmera favorita era o sonho de qualquer fotógrafo amador ou mesmo profissional. Como Rafael era um engenheiro já bem resolvido financeiramente falando, Kai sempre teve do bom e do melhor, embora isso nunca tenha feito dele um rapaz mimado.
Essa câmera em especial, sua favorita, havia sido um presente de aniversário que seu pai Rafael havia lhe presenteado quando Kai fez 18 anos. Desde então, ele sempre a leva quando quer tirar as melhores fotos, ou seja, em lugares especiais. A maioria das fotos ficam guardadas apenas para ele mesmo e seu melhor amigo Zack verem, pois algumas delas são um tanto quanto perigosas se forem vistas por algumas pessoas, pois as melhores fotos que Kai tirava normalmente eram em locais considerados muito perigosos ou mesmo proibidos para a maioria dos aquarianos. Por esse motivo, Kai achava melhor guardar suas fotos em lugares muito bem escondidos.
Quando finalmente ele chegou na pequena ilha onde ele havia ido na última vez para ver a parte externa da superfície, já estava quase na hora do pôr do Sol. E era exatamente nesse horário que ele queria chegar.
Seu avô sempre havia lhe falado que uma das maiores belezas da natureza era o pôr do Sol, e se Kai já tinha ficado tão maravilhado com o simples fato de tê-lo visto refletido sobre a superfície da água, então definitivamente o pôr do sol seria uma coisa espetacular.
Kai se aproximou novamente do limite da superfície, respirou fundo e então saiu da água. Ele estava completamente protegido por sua roupa antirresíduos tóxicos e, apesar de desconfortável, estava pronto para ver o espetáculo natural que seria o pôr do Sol.
Ele se aproximou de uma pequena árvore próxima à praia. Era uma árvore alta, com folhas grandes e longas. No topo, havia um tipo de fruto desconhecido por ele. Era oval e tinha um tamanho bem significativo.
Quando chegou bem próximo do tronco, ele se sentou recostando suas costas sobre ele de forma a ficar confortavelmente acomodado.
Kai não continha sua curiosidade. Enquanto espera a hora tão desejada, ele ficava olhando em volta, fotografando tudo quanto possível. Plantas, pássaros e até insetos. Tudo que estivesse ao alcance das lentes poderosas de sua câmera e fosse percebido por seus olhos atentos, era fotografado por ele.
Por fim, o céu começou a assumir um tom alaranjado. O sol estava se ponto. Kai olhou na direção da linda pintura natural e não se conteve de admiração.
- Uau! – disse ele olhando para o sol que agora estava começando a desaparecer no horizonte.
A cena era impressionante. O sol parecia que estava mergulhando bem devagar no oceano, e a cada segundo, sua beleza ficava ainda maior, fazendo com que Kai ficasse tão maravilhado que quase esqueceu de fotografar aquele momento.
Felizmente, ele lembra do motivo de estar ali com sua câmera na mão. Aponta para o sol, já com metade escondida no horizonte, e então fotografa uma das fotografias mais lindas que ele já conseguira registrar.
Kai observa sua obra no display da câmera por alguns segundos, e então volta sua visão para linda paisagem que ainda se desenvolvia a sua frente. Por fim, tomado pelo encantamento do momento, Kai faz mais uma coisa que seria considerado loucura por qualquer outro aquariano e que para eles, poderia inclusive custar suas vidas. Ele tira seu traje especial.
Apesar de relutante, Kai retira seu traje por completo, ficando apenas com sua roupa normal. Ele observa suas mãos, toca a pele do seu braço e do rosto, buscando por alguma irregularidade que pudesse ter sido causada por alguma poluição local, mas pelo que pode perceber, estava tudo como antes.
Kai se levanta e novamente olha em volta, vislumbrando a bela paisagem a sua volta, até que observa algo na água.
O objeto em questão pareceu se assustar com o suposto flagra, mas Kai não o tinha visto com clareza.
- Tem alguém aí? – pergunta Kai caminhando na direção do suposto indivíduo que estava a lhe observar.
Como ninguém respondeu e como ele não encontrou nada nem ninguém, Kai deduziu que tinha sido apenas um reflexo na água. Em seguida ele volta para o tronco da árvore onde estava anteriormente sentado e volta a observar o céu, que agora já não mostrava mais o sol, mas sim um lindo crepúsculo que já anunciava a noite, com uma lua prateada que só agora parecia tomar o lugar do sol – mesmo já estando ali a algum tempo-, exibindo seu ainda tímido, brilho prateado.
Kai ficou ali por pelo menos umas três horas, observando o céu noturno repleto de estrelas. Quanto mais tempo ele ficava ali, mais ele queria ficar e observar. Mas as horas não esperavam por ninguém e ele precisava voltar. Seu pai voltaria por volta da meia noite e o caminho de volta até sua casa era longo e ele não queria ter que explicar onde estava. Por mais compreensivo que seu pai fosse, Kai não achava que ele iria gostar de saber que seu filho andava desobedecendo uma lei do Supremo Chefe de Aquária.
Kai recoloca seu traje especial e guarda seu equipamento. De repente é tomado por uma estranha sensação de que estava sendo observado. Ele olha em volta, buscando encontrar seu possível observador, porém não encontra nada além de plantas, água e areia, mesmo ainda sentindo a sensação latente de que estava sendo observado.
- Acho que estou ficando paranoico.
Ele dá de ombros e então segue para a água, entrando em seu veículo logo em seguida e fazendo todo o processo de verificação de contaminação, só para mais uma vez ter um resultado negativo, o que fez um pensamento se passar em sua cabeça.
"Que estranho. Já é a segunda vez que saio da superfície e o escâner não encontra nenhuma contaminação. Sendo que nessa segunda vez eu até tirei o traje de proteção. Pelo que parece o mundo lá fora não está tão ruim quanto todos pensam que está, mas então porque o Chefe de Aquária anuncia toda semana que nada mudou e que o ambiente ainda é inóspito? Ele está esqueceu de verificar todos os cantos ou está mentindo. E se estiver mentindo, por que está fazendo isso? "
Por fim, ele diz para si mesmo em voz alta:
- Kai, Kai. Vê lá no que você vai se meter...
Em seguida, Kai ativa seu aquamóvel e segue devolta para casa. Feliz pelo ótimo e inesquecível fim de tarde que teve naquelelugar, mas também com vários outros pensamentos passando por sua cabeça.
NOTA________
Como prometido, aqui está mais um capítulo. Se tudo der certo, a noite publicarei mais um e a tarde, um novo - e último - capítulo especial de férias de Os Sete Elementos.
Por enquanto é só. Boa tarde e Boa leitura. Até a próxima. ;)

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Aquária
FantasyEfeito Estufa. A Terra vinha sofrendo com ele a vários anos e mesmo com as pistas que o planeta vinha dando de que isso traria prejuízos no futuro, a população mundial simples fechou os olhos e ouvidos para o problema, e com o tempo, o problema só f...