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Lana e Kai finalmente avistaram Symmia. Kai estava nervoso e ansioso com o que poderia vir depois e resolveu se certificar novamente se aquela era uma boa ideia.

- Você tem mesmo certeza de que isso é o melhor a se fazer? - Perguntou ele para Lana, parando de nadar.

- Você quer saber mais sobre o desaparecimento da sua mãe, não quer? Vamos! - Ela segue em frente sem esperar a resposta de Kai.

Lana puxa Kai pelo braço até se aproximarem mais da cidade submersa, e então parou para dar as instruções.

- Não vamos poder entrar pela frente, ou do contrário os guardas poderão lhe ver. - Disse ela. - Se esconda e eu irei verificar as redondezas para encontrar uma brecha. Volto o mais rápido possível.

- Se apresse. Meu oxigênio não vai durar para sempre. - Avisou Kai.

- Não precisa durar para sempre, só até eu voltar.

- Do que está falando?

- No momento que eu e você estivermos juntos, você consegue respirar em baixo d'água assim como eu, mas você precisará retirar seu capacete.

Kai ficou surpreso e aliviado com o que acabara de ouvir, porém ainda era meio difícil de acreditar.

Lana continua:

- Nós, sereias, temos essa habilidade: transmitir nossas habilidades marinhas temporariamente para os humanos que estiverem nos tocando.

- Acho que devo ter lido isso em algum livro antigo na biblioteca, mas...

- Mas você não achava que fosse verdade. - Interrompeu Lana. - A muito, muito tempo atrás, alguns humanos encontraram sereias e descobriram essa habilidade em nós. A maioria deles agarravam as sereias na tentativa de capturá-las, o que as assustava e então elas tentavam fugir para o fundo da água, mesmo com os marinheiros ainda agarrados a elas. Com isso, alguns desses homens acabavam se soltando quando já estava muito fundo e não conseguiam voltar para a superficie. Com o tempo, boatos de que nós usávamos nossas habilidades para raptarmos marinheiros para a morte no fundo mar começaram a surgir, então o meu povo e outras sereias nos isolamos no fundo dos oceanos e cortamos qualquer contato com vocês, os humanos. Por esse motivo somos proibidos desde então de falar e interagir com o mundo na superfície, para evitar que nossa imagem fosse associada a coisas ruins novamente. Por sorte, todos na superfície passaram a ver a existência das sereias apenas como lendas e aos poucos, todos os humanos que tiveram contato real conosco, foram desaparecendo, juntamente com qualquer prova real da nossa existência. Conforme o tempo passou, fomos esquecidas e por muitos anos nenhum humano nos incomodou, até que um dia tudo isso mudou.

- Você se refere ao Chefe Supremo?

Lana assentiu com o olhar triste e distante, e continuou:

- Sim... e não. Você vai entender melhor assim que conseguirmos falar com o conselheiro. Fique aqui. Eu volto logo.

Kai não questionou dessa vez, e apenas se escondeu atrás das rochas, sempre verificando o seu tempo de oxigênio que já estava bem baixo. Ao todo, Kai só tinha alguns minutos e não tinha um aquamóvel por perto para que ele pudesse substituir seu tubo de oxigênio. Isso meio que dava um certo desespero, mas ele resolveu confiar na palavra de Lana e evitou pensar nesse detalhe.

Depois do que pareceram horas esperando, o oxigênio de Kai já estava nos momentos finais. Ele já sentia o ar faltando e como se isso não fosse suficiente, Lana ainda não havia voltado e ele não poderia tirar seu capacete, pois a única coisa que o protegia da forte pressão submarina era sua roupa especial, desenvolvida especialmente para mergulhos profundos como aquele. Tirar aquela roupa naquela profundidade seria assinar a própria sentença de morte.

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