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Kai começou a acordar. Sua visão ainda era turva e por alguns instantes ele não lembrava de nada do que tinha acontecido nem de como tinha chegado ali, até que sua mente clareou e ele lembrou de tudo.

Instantaneamente ele tenta se levantar de onde estava deitado, mas algo o impediu. Só então ele percebe que estava amarrado; suas mãos e pernas – bem como sua cintura – todos preso à cama.

- ME TIREM DAQUI! – Gritou ele, mas sem sucesso.

Seus gritos pareciam não surtir nenhum efeito, até que depois de alguns minutos sem resposta, finalmente ele começou a ouvir passos.

Aparentemente mais de uma pessoa se aproximava. Enquanto isso, Kai observa a sala onde estava. Era uma espécie de quarto. Bem iluminado e arrumado, mas não escondia sua real finalidade: prender pessoas, mesmo que de forma "confortável", por assim dizer.

A porta se abre e um pequeno grupo de quatro soldados entram na sala, acompanhados de um homem que estava vestido como cientista e, como Kai já esperava, o Chefe Supremo em pessoa.

- Olá meu jovem. – Cumprimentou Renan, o Chefe Supremo. – Dormiu bem?

- Você acha mesmo que vai ficar impune? – Kai perguntou, já deixando claro que sabia dos planos de Renan. – Todos irão saber o que você fez com aquelas pessoas.

- Suponha que você esteja certo e você conte a todos que eu raptei pessoas para fazer experiências com elas. E depois? O que você vai falar para elas? Vai simplesmente dizer que eu ordenei esses sequestros sem motivo ou vai contar a verdade sobre a existência dos seus amiguinhos com calda e escamas?

Kai pressiona os lábios. Ele não esperava por isso. Percebendo que havia atingido seu objetivo, Renan faz uma proposta:

- Ora, veja bem. Que tal se juntar a mim e garantir a segurança da sua família e dos seus amigos? O que me diz?

- Eu não sei o que você planeja exatamente com isso, mas definitivamente eu não vou colaborar com você.

Renan dá uma risada sarcástica e continua.

- Meu jovem. Você nem mesmo sabe o que eu realmente pretendo?

- E o que seria exatamente? – Kai perguntou fingindo interesse. Porém não sabia ele que existia muito mais por trás dos sequestros.

- O mundo na superfície não é mais seguro, e mesmo que fosse, quem garante que não ia acontecer tudo de novo? Digo, a respeito da poluição e do aquecimento global. Já imaginou quantas pessoas iriam morrer novamente? O meu plano é melhorar nossa espécie e criar uma nova raça de super-humanos totalmente compatível com o ambiente aquático dos oceanos, tornando a necessidade da vida na superfície totalmente dispensável e irrelevante.

- E você alguma vez já se perguntou se as pessoas querem se tornar parte peixe ou seja lá o que você pretende fazer com elas?

- Você não está entendendo. Quando todos forem modificados, milhões em dinheiro serão economizados e a reanimação dos animais extintos não será mais necessária.

- Sério isso? E quanto às inúmeras vidas que serão perdidas no processo? E os animais da superfície, será que eles também não merecem o direito de ter seu habitat natural de volta sem terem que se preocupar em viver em uma cúpula minúscula!? – Disse Kai. - Não sei se você sabe, e eu sei que sabe, mas a superfície já está limpa e a vida lá em cima já é completamente possível.

- Tem razão, eu já sabia disso a muito tempo, mas não ia correr o risco de criar expectativas nas pessoas e colocar meus planos em risco. E quanto às vidas perdidas... bem, alguns sacrifícios precisam ser feitos para que o progresso continue?

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