O barulho de um corpo sem vida se mistura com o som do pequeno projétil que acabara de cair da arma disparada. Renan estava a pouco mais de dez metros de distância e mesmo assim acertou facilmente bem no centro da cabeça de Rafael.
O sangue jorrava do pequeno buraco, fazendo uma pequena poça vermelha no chão. Para Kai, parecia que os sons na sala haviam sido colocados em mudo, ou em um volume muito baixo.
Um enorme desespero tomou conta dele. Ele só queria correr até seu pai e abraça-lo.
Kai se debate tentando se soltar das mãos dos dois soldados que o seguravam pelo braço, até que ele dá uma cotovelada em um deles que solta um dos braços, depois, aproveitando o braço solto, ele afasta o outro homem e lhe dá um chute bem na virilha, fazendo-o gemer de dor e cair de joelhos no chão.
Apesar de Kai ter se soltado, Renan não se importou e apenas o observou enquanto ele corria aos prantos na direção do corpo do pai.
Ao invés de tentar impedi-lo, Renan faz sinal para que os outros dois homens que estavam segurando Rafael e Lana não o impedisse, como uma falsa demonstração de misericórdia.
Kai não pensava em mais nada. Ele abraça o corpo de Rafael e chora ao mesmo tempo. Lana o observava com as mãos na boca, completamente chocada com o que acabara de ver.
- NÃÃÃÃOOO! – Gritou Kai com o rosto cheio de lágrimas e ainda abraçando o corpo de Rafael. – Pai, você também não! Não me deixe! Não me deixe, por favor.
Os homens que seguravam Lana também a soltaram, e ela correu até onde Kai estava e o abraçou.
Os dois ficaram ali por um tempo, ambos chorando, então Renan se pronuncia novamente, agora se aproximando de onde estavam.
- Não se preocupem. – Disse ele. – Cuidarei para que ele tenha um bom funeral. Ele era um bom homem e serviu bem ao governo apesar de tudo.
- Seu mostro! – Gritou Lana. – Como pode ser tão frio?
Kai continuou em silêncio, ainda perplexo com o que tinha acontecido e totalmente arrasado.
Renan dá sinal para que levem o corpo de Rafael e manda que cuidem de tudo. Depois pega a arma novamente. Agora apontado para Lana, que fica apavorando imaginando que poderia ser a próxima.
- Agora vamos ao que interessa. – Disse Renan. – Essa foi sua segunda chance, agora vamos a terceira e última. Você vai ficar ao meu lado?
Ele aponta para a cabeça de Lana e engatinha a arma, deixando pronta para disparar.
Apesar de se preocupar com a segurança de Lana, dessa vez Kai não ficou em dúvida da resposta. Agora mais do que nunca ficar do lado de Renan era a última coisa que ele faria.
Com a pergunta, todo o sofrimento de Kai foi substituído por uma enorme raiva. Kai desejou dar cabo de Renan ele mesmo, com as próprias mãos, mesmo sabendo que isso poderia ser uma tentativa em vão.
Kai desejou que o vidro da cúpula simplesmente se rompesse e inundasse tudo, fazendo Renan ir dormir com os peixes, mas isso era quase impossível. Apesar disso, Kai não hesitou mais em dar a resposta.
- Não! – Respondeu Kai, com os olhos cheios de lágrimas. - Eu Não vou ficar do seu lado seu covarde idiota.
Lana fechou os olhos.
Renan se prepara para atirar, mas algo o interrompe. Um enorme barulho se ouviu e fez toda a sala estremecer. Renan olha para os lados sem entender o que tinha acontecido, até que ele olha para um dos homens que antes seguravam Lana. Ele olhava apavorado para cima. Sua expressão era quase de pânico. Por fim ele e os outros homens soltam Kai e Lana e saem correndo na direção da saída.
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Aquária
FantasyEfeito Estufa. A Terra vinha sofrendo com ele a vários anos e mesmo com as pistas que o planeta vinha dando de que isso traria prejuízos no futuro, a população mundial simples fechou os olhos e ouvidos para o problema, e com o tempo, o problema só f...