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O tempo passou e a cada dia, Kai e Lana ficavam mais amigos, mais próximos. Era como se os dois fossem amigos desde sempre, mas apenas não soubessem disso até o momento em que se encontraram.

Kai passou a ir com muito mais frequência até a ilha e seu carinho pela amiga sereia só aumentava. Quanto mais Kai e Lana conversavam, mais ele queria saber sobre ela.

Lana era uma symmiana e morava nas profundezas do mar junto com os outros symmianos, porém, nem tudo eram flores lá em baixo.

- Como é morar embaixo d'água... – Kai perguntou, não percebendo o quão idiota sua pergunta soou. - ... digo, assim, sem cúpulas e sem sofrer com a pressão subaquática. – Corrigiu ele rindo de si mesmo em seguida, acompanhado de Lana.

- Bem, é normal. Para nós já é uma coisa meio que automática. É tipo vocês quando caem na água; instintivamente vocês já interrompem a respiração para não se afogarem. – Lana dá de ombros.

Houve um pequeno momento de silêncio entre os dois.

- Isso é meio estranho. – Disse Kai quebrando o silêncio.

- O quê?

- Isso que eu estou fazendo; tentando provar que o Chefe Supremo está enganado – para não dizer mentindo – sobre o mundo aqui fora. Tipo... eu gosto muito da forma que vivemos em Aquária, mas ao mesmo tempo também quero ser livre para poder morar aqui fora se eu assim decidir. O mundo aqui fora é simplesmente incrível e eu não vejo o porquê de tudo isso está sendo ocultado das pessoas pelo governo aquariano.

- E o que exatamente lhe incomoda? Digo, o que além do fato de seu líder esconder a verdade das pessoas?

- Não sei direito. Nem eu mesmo sei a resposta exata. É como se eu tivesse que provar isso para todo mundo, como se provar para todos que o Chefe Supremo está enganado fosse um dever meu. Você entende?

- Acho que sim.

- Pra falar a verdade, eu nem sei o que vai acontecer comigo se eu realmente conseguir encontrar provas suficientes de que o mundo aqui fora está curado de novo e que as pessoas podem voltar a viver na superfície. Às vezes me pego pensando nisso e acho que eu tenho um pouco de medo do que pode acontecer comigo.

Lana não dizia nada, apenas ouvia tudo que seu amigo falava.

Kai continua.

- Às vezes eu penso que talvez fosse melhor deixar tudo como está. Afinal, as pessoas já estão acostumadas a viver embaixo d'água; talvez fosse melhor deixar tudo como está, mas... sei lá... às vezes eu também tenho medo de que as pessoas venham morar aqui em cima e de novo cometam o mesmo erro de antes, deixando o mundo poluído e doente.

- Mas você acha que seria injusto tirar essa possibilidade de escolha das pessoas, não é isso?

- Acho que sim. Eu gosto do mundo lá embaixo, mas também gosto de pensar que poderia viver aqui em cima se eu quisesse. E aí penso que assim como eu, também há outros lá que têm essa vontade de saber como seria o mundo aqui em cima.

- O que te impede de contar para todos que aqui já é um local habitável? – Perguntou Lana.

- Bem, a única prova concreta que eu tenho é a minha palavra e a sua, porém, só a minha palavra não vai valer muita coisa para me livrar da pena de morte de ter desobedecido uma ordem direta do Chefe Supremo de Aquária, e quanto a sua palavra... bem, acho que não posso contar com ela, a menos que eu contasse para todos sobre você e consequentemente sobre o seu povo, e acho que isso não seria uma boa ideia, além do fato de que eles não acreditariam em mim se eu contasse sobre você a menos que você se mostrasse para eles e isso poderia complicar sua vida e te trazer muitos problemas.

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