Kai correu até seu pai e o abraçou. Diferente de Lana, Rafael estava bem machucado no rosto e parecia que tinha acabado de ser espancado.
A vontade de Kai era partir para cima dos dois homens que o seguravam e fazer com eles o mesmo que eles tinham feito com seu pai, mas ele sabia que aquilo não seria uma atitude inteligente, pois atrás dele estavam dois homens com uma arma cada um apontando para suas cabeças, e só estavam esperando um motivo para puxarem o gatilho.
Sem muitas alternativas, Kai só pode pensar em uma coisa para dizer.
- Por que isso está acontecendo, pai? – Perguntou ele, quase suplicante.
Com seu olhar triste e machucado por saber que de certa forma aquilo era culpa dele, Rafael resolver contar a verdade, mas de forma resumida, pois não teria muito tempo.
- Filho, me escute. – Começou Rafael, segurando na mão do filho. – Desculpa ter escondido a verdade para você, mas eu precisava fazer isso.
- Mas porque pai? Porque tinha que ajudar esse homem? – Kai tentava esconder sua decepção e tristeza enquanto falava.
- Você não entende, filho. A minha ajuda foi justamente o que manteve as torres climáticas desativadas até agora. – Justificou Rafael enquanto revelava o real motivo de sua ajuda. - Eu e outros dois amigos estávamos sabotando o projeto para impedir que ele fosse ativado. Nós danificávamos as fiações, retirávamos peças e por aí vai, mas aí um dia meus dois amigos misteriosamente sumiram. Ninguém teve mais notícias deles, então soube que logo iriam me descobrir também. Tentei ser mais discreto, mas como estava sozinho, não pude ser mais rápido que os outros engenheiros e agora o projeto já está pronto. – Rafael abaixa a cabeça decepcionado.
Ainda triste e já esperando que o pior acontecesse com ele, Rafael olha novamente para e continua:
- Kai, meu filho, me escute. Não importa o que aconteça comigo, não importa o que Renan lhe proponha, mas não aceite ficar do lado dele. Foi ele quem rap...
- Eu sei, pai. – Interrompeu Kai. – Eu já sei de tudo, tudo mesmo.
- Tudo... mesmo? – Repetiu Rafael, sem saber ao certo se Kai também já sabia sobre os acontecimentos antes do seu nascimento e seu suposto parentesco genético com as sereias. Essa parte Rafael pretendia omitir até o último momento.
- Sim, pai. De tudo. Mas fique tranquilo. Eu estou bem.
Rafael abraçou o filho com força.
- Desculpe não ter lhe contado tudo, filho. Eu só estava tentando te proteger.
- Eu sei. Tudo bem. Mas agora temos que dar um jeito de sairmos daqui.
O olhar de Rafael se entristeceu ainda mais. Ele sabia que isso era pouco provável de acontecer.
- Filho, escute com atenção. Renan irá fazer de tudo para ter você do lado dele. Ele é capaz de cometer os atos mais cruéis e covardes para conseguir o que quer. Isso você já deve ter percebido. Seja lá o que ele propor, você não pode concordar com ele. Fazendo isso você estará, não apenas ajudando um, mas todos os habitantes de Symmia e Aquária. Se você aceitar ficar do lado dele, todos os symmianos serão obrigados a segui-lo também; o povo de Aquária não terá a menor chance em uma guerra contra eles. Você precisa se impor até o fim, filho. Entendeu?
Tudo aquilo que Rafael havia dito era verdade e Kai já tinha se decidido a ficar contra Renan, mas ele sabia que não iria ser tão fácil e agora estava mais preocupado em sair dali com seu pai e Lana. Ele olhou em volta buscando uma possível saída e encontrou uma passagem de submersão com um aquamóvel do lado leste da cúpula – possivelmente o veículo de Renan, pois era diferente de qualquer outro aquamóvel que Kai já havia visto, ou seja, ele teria uma trava de segurança para funcionar apenas com os comandos do Chefe Supremo.
Porém ainda havia uma esperança. Lana poderia ajudar na fuga, mas Kai não sabia se sua habilidade de fazer com que humanos ligados a ela conseguissem respirar embaixo d'água funcionava com mais de uma pessoa. Apesar disso, ele iria arriscar.
Kai olhou para ela com um olhar sugestivo, depois olhou para a passagem.
Lana entendeu o que ele planejava e acenou positivamente com a cabeça.
A alguns metros dali, olhando-se através do vidro de proteção da enorme sala, era possível ver um grupo de baleias que passavam. O canto delas era como uma música para os ouvidos. Aquilo fez Kai pensar no quanto uma criatura daquele tamanho iria ajudar na hora da fuga, mas isso também poderia ser um problema caso eles não conseguissem sair dali antes e além do mais, a menos que ele tivesse uma boa quantidade de comida de baleia, elas não chegariam nem perto daquele lugar para ajuda-los, mesmo que de forma indireta, que dirá leva-los mais rápido até a superfície.
Os pensamentos de Kai foram logo interrompidos quando Renan e os outros homens que estavam com ele voltaram à sala.
Dois dos soldados que estavam com ele logo foram em direção à Kai e o seguraram, afastando-o de Rafael e Lana e o levando para mais perto de Renan, que já foi logo fazendo a pergunta:
- E então, já decidiu ficar do meu lado? – Perguntou ele já tirando uma arma de dentro de uma caixa de prata que seu suposto assistente segurava.
Renan segura a arma e em seguida pega um pequeno lenço e a limpa cuidadosamente e sem pressa enquanto Kai olhava preocupado para Rafael e Lana, escolhendo cuidadosamente suas próximas palavras.
Lembrando-se das palavras do pai, Kai responde:
- Não. – Disse ele finalmente atendendo ao pedido de Rafael. – Não vou compactuar com seus planos malucos de controle global. Se você acha que vai me intimidar tentando me matar, saiba que mesmo que eu morra, outros irão...
"TUUUMMM"
Um frio percorreu a espinha de Kai, seguido de um desespero e tristeza que o fez interromper subitamente suas palavras. Renan disparou a arma e o som do tiro agora ecoava por toda a sala, deixando apenas o estrago causado em seu alvo e a fumaça que saindo de dentro do cano da arma e que agora se dissipava enquanto subia no ar.
NOTA___________
Olá pessoal! O capítulo demorou mais saiu. Desculpem a demora, mas tive problemas com o meu provedor de internet. A torre principal que faz a distribuição do sinal teve um problema de DNS e acabou que fiquei sem internet durante vários dias, depois ainda tive que terminar uns trabalho de faculdade e outros trabalhinhos extras, ai acabou atrasando tudo.
Espero que compreendam e que não tenham ficado chateados comigo. rsrs
O fato é que o livro já está na reta final mas ainda tem muita coisa pra acontecer, dentre elas o destino de Kai como governante de Symmia. Será que ele irá aceitar esse fardo ou decidirá continuar sua vida em Aquária? O que acham? Deixem nos comentários ou me mandem a opinião de vocês por imbox. É sempre um prazer falar com vcs ^^
Se tudo der certo, ainda hj publicarei mais um capítulo, se não, amanhã sai mais um. Abraços e boa leitura. ;)
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Aquária
FantasyEfeito Estufa. A Terra vinha sofrendo com ele a vários anos e mesmo com as pistas que o planeta vinha dando de que isso traria prejuízos no futuro, a população mundial simples fechou os olhos e ouvidos para o problema, e com o tempo, o problema só f...