Capítulo 31

12 1 0
                                    

Ela sorriu e virou pra mim. Ela me encarava e acariciava meu rosto com a mão. Eu recebo uma mensagem no celular que dizia: "Vou fazer você sofrer igual a minha filha, sua cachorra." Era uma mensagem restrita. Logo pensei que fosse engano e ignorei.
- O que foi filha?
- Mensagem da operadora mãe.
- Você vai ser muito feliz filha.
- Mãe, sabia que Tim Burton quer fazer um filme comigo? Ele concordou em dirigir o que eu escrevi. E olha que minhas histórias não se encaixam com o padrão bizarro e maravilhoso dele.
- Ah, eu lembro de uma fase obsucura sua... Foi esse que você mandou pra ele, né? Aposto que sim!
- Sim, foi esse. E ele disse que adorou. Eu fiquei bastante perturbada naquela época, mas depois de uns 6 meses, voltei ao normal. Foi o período que eu escrevi.
- Você dizia que tinha um espírito te seguindo, lembra filha?
Ela solta uma gargalhada.
- Mãe... Tinha!
- Tinha?
Ela arregala os olhos.
- Sim mãe. Era de uma velha, lembra? Eu te contei essa história. Eu te contei... Te disse que eu havia matado aquela mulher... A senhora não lembra?
- Lembro filha, mas você só tinha 8 anos. Não pude acreditar.
- Mas foi verdade. Sinto muito. Ela ficou comigo durante todo esse tempo. Eu comecei a escrever, então ela começou a me assolar. Só que nunca tive medo. Até porque, ela nunca pode fazer nada comigo, porque eu sempre tive meus anjos me protegendo. Até hoje tenho.
- Filha... Eu não acredito nisso ainda.
- Teve um tempo que eu andei calada, na minha infância. Emilly e Jacque foram as únicas que ficaram ao meu lado. E May, Bernardo e Kaka. Foi um dos momentos mais difíceis da minha vida, mãe. O mesmo aconteceu com a Emilly. Só que eu falei pra velha que se ela quisesse fazer algo de ruim, que fizesse comigo. Tal coisa foi feita na minha infância, agora entendo o porque...
- E o que foi?
- Nada mãe... Uma causa pessoal. Daí ela deu um tempo de me assombrar. Eu ria dela e dizia a ela que não tinha medo. Então ela se foi. Quando eu estava com 13 anos, ela voltou. E começou a me possuir pra que eu me cortasse. Eu estava fraca e meus anjos já não estavam ao meu lado a todo tempo.
Minha mãe pega meus braços e vê marca de cortes.
- Minha filha, me desculpa por nunca ter reparado isso. Até porque você só vivia de roupa de manga cumprida. Sinto muito.
- Mãe, não foi sua culpa... Mas logo eu tomei o controle. Eu expulsei ela de mim. Hoje ela apareceu em um sonho. Dizendo que logo viria me buscar que usaria alguém pra me matar. A tentativa do carro foi ela... Mas falhou! Ela deve estar se contorcendo de raiva.
- Filha, já pensou que talvez isso só tenha sido um acidente? Que ela pode estar preparando algo pior?
- Que nada mãe, de qualquer forma, Deus está ao meu lado!
Eu viro de costas pra ela e entrelaço seus dedos nos meus fazendo com que ela coloque seu braço em cima de mim.
- É filha, Deus está sim.
Ela começou a cantar uma música e então nós dormimos. Enquanto isso, Mort conversava com ele mesmo. Como sempre, uma conversa psicótica.
- Você não devia ter feito aquilo. Você foi se humilhar pra pedir desculpas seu idiota.
- Eu não fui idiota. Eu só pedi desculpas porque a amo. E acho que está na hora de nós nos separarmos. Você precisa me deixar. Eu não aguento mais.
- Te deixar? -Ele solta uma gargalhada.- Nunca. Só existe uma solução pra eu te deixar.
- E qual é?
- Descubra sozinho. Até parece que eu vou te dizer... Você não pode me deixar, faço parte de você. Você não vive sem mim.
- Eu não vivo sem a Jennypher. Você é só uma parte que pode ser retirada de mim. Seu infeliz, me deixa.
- Eu vou dominar você igual da última vez. E não há ex mulher certa pra que eu não te domine.
- Você não vai conseguir. Meus filhos vão proteger ela.
- Mas quem disse que sou eu quem vou machucá-la?
- Não faça nada. Eu te ordeno.
- Não farei.
Ele solta uma risada maquiavélica.
- Eu a amo. E significa que se eu a amo, você também ama.
- Mas se ela não ficar comigo, não ficará com ninguém.
- Ela irá ficar comigo.
- Assim espero. Agora vá descançar. Eu te ordeno.
- Haha. Você me oderena?
- Mort, eu não quero perdê-la. Por favor. Não vacile.
- Você, meu lado ruim, falando que não quer perder alguém? Então porque bateu nela?
- Por ciúmes. E eu ainda sou seu lado ruim. Mas não a perca...
Mort deita na cama e acaba pegando no sono. No dia seguinte, eu acordo e logo vou pra minha casa. Ao chegar lá eu vejo meus amigos fazendo uma festa. Minha mãe estava junto e comemoramos juntos. Eles logo vem me abraçar e entregar os presentes que tinham comprado pras crianças e pra mim. Nós comemos e eu estava cansada. Bernardo me leva pra cima. Ele tira minha roupa e meu tênis e logo me veste outra vez. De repente meu celular começa a tocar.
- Alô.
- Bernardo... Deixa eu falar com a Jennypher?
- Ela está cansada demais.
- Por favor.
- Tudo bem, só um minuto. Jenny, Mort quer falar com você. Quer falar com ele?
- Quero sim.
Bernardo me dá o celular e eu coloco no ouvido.
- Ah meu amor. Como você está?
- Eu estou cansada né Rainey?
- Eu posso ir outro dia se você quiser...
- Não, venha hoje. Já é terça-feira e amanhã eu volto a trabalhar.
- Você não pode trabalhar. Você sofreu um acidente.
- Vem logo e não discute comigo.
- Tá bom amor, eu amo você.
Eu desliguei e dentre 20 minutos ele chegou. Eu estava deitada. Ele me viu deitada, eu estava mexendo no celular, no facebook conversando com o Vicente. Ele queria saber como eu estava. Mort chega e me encara. Ele estava com um buquê de flores e com um ratinho de pelúcia.
- Mort, toda vez que a gente brigar, você vai me dar um ursinho de pelúcia?
- Eu trouxe mais alguns.
Ele me dá o buquê de flores e o ratinho e volta pra pegar o tigre, o panda, a girafa, o porquinho, o elefante, o macaco, a ovelha, a vaca, o pato, o sapo e o clássico, o urso de pelúcia, só que, esse era gigante.
- Mort, por favor né...
- Amor, esses são pra você!
- Senta aqui, vem.
Ele colocou os ursos em cima da cama e sentou ao meu lado. Eu me agarrei com o Coala e ele me deu um beijo na testa.
- Você sente minha falta?
- Todos os dias amor.
- Então ouça bem minhas palavras. Ok? -Ele afirmou com a cabeça.- Eu pensei muito, conversei com a minha mãe e tudo mais, mas...
- Não me diga que não quer voltar comigo...
- Não é isso Mort. Eu estava atrás de aventuras, sabe. Mas é diferente quando eu estou com você, quando você está perto de mim, a única coisa que eu quero, é ficar com você pra sempre, te agarrar e nunca mais te soltar. Só que eu tenho medo.
- De me perder?
- É. Eu sou uma boneca de porcelana Mort. Mas ninguém vê como eu sou sensível.
- Amor, você é diferente...
- Diferente? Isso é bom ou ruim?
- É bom... Diferente de todas as outras. As outras eu ficava por ficar, você eu sinto necessidade de ter perto de mim.
- Mort, promete pra mim, hoje, agora.
- O que?
- Que nunca mais vai beijar outros lábios. Só depois que eu morrer.
- Eu prometo.
- Me responde uma coisa...
- Claro.
- O que tem quinta-feira?
- Uma surpresa. Só vá, ok?
- Tudo bem.
Ele sorri e me beija.
- Ah, Mort, que saudades de você.
Eu joguei os ursinhos pro chão e ele veio pra cima de mim. Ele tentou tirar meu vestido, mas não conseguiu. Tirou seu casaco, pois estava frio.
- Mort, Mort...
- Oi amor.
- Melhor parar aqui.
- Tudo bem... Posso dormir aqui essa noite?
- Melhor não. Vá e nos encontramos na quinta-feira.
- Tudo bem... Preciso sentir mais saudades de você do que já sinto.
- É, afinal, serão nove longos meses Mort Rainey.
- Ei, no começo rola hein... Nossa lua de mel.
Ele sorri.
- Lua de mel?
- Eu já falei demais. Tchau.

Prazer PerigosoOnde histórias criam vida. Descubra agora