Capítulo 34

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Ele fecha os olhos com raiva e vira pra ele.
- Como eu me esqueceria, seu verme?
- Verme? Eu sou o verme da história?
- É, você é sim. O que você quer com a minha pequena?
- O mesmo que você fez com a minha pequenininha...
- Olha, eu não estava  são, então você precisa entender. Isso já faz muito tempo.
- NÃO, ISSO NÃO FAZ MUITO TEMPO, PRA MIM, PARECE QUE FOI ONTEM, VOCÊ MACHUCOU MINHA MENININHA, VOCÊ A TORTUROU, FEZ ELA SOFRER, MAGOOU ELA...
- Eu a matei.
- Fala isso como se fosse algo normal.
- E você lembra da traição dela como se fosse algo normal. Como se fosse: Ah, eu vou casar com ele, mas como ele é um idiota, vou dar pra outros caras. Ficar com o Mort é só pra eu não ficar sozinha... Por favor, pare com isso. Você já sofreu traição de sua mulher. Então, por favor.
- Um erro não releva o outro.
- Eu sei que não. Mas não é porque eu tirei uma vida que você vai tirar a vida da minha noiva.
- Sua noiva? Eu não vou dar a chance nem de você pedir ela em casamento. Eu sequestrarei ela, torturarei, gravarei e te mandarei. Só pra sentir a dor que eu senti.
- Mas você não viu. Não sabe com o que matei ela.
Mort havia visto uma pá em sua frente, levantou sua sobrancelha direita e levantou de onde estava sentado.
- Eu sei como você a matou... Eu sei sim.
- E então, como foi?
- Você é frio... Estúpido, grosseiro...
Mort foi se aproximando da pá e a segurou. Rangel encarou ele e sorriu. Mort jogou fora o cigarro já no fim e Rangel pisou.
- Você acha que eu não sei pra que você quer a pá? Você matou minha pequena com a pá.
- Ela era uma vadia. Uma vagabunda. Igual a sua mulher, igual a minha sogrinha querida... Você é igual a mim, eu sei que sua mulher não morreu em um acidente de carro... Não atoa... Foi proposital, quem arrancou aqueles freios? Você. Quem colocou o GPS pra guiar ela para Amsterdã? Você. Então saia da minha casa...
- Sua casa? Não, você está errado. Eu amava minha mulher...
- Engraçado, isso aconteceu depois da traição que houve...
- Não houve traição. -Ele fica vermelho.- Não houve. Ele agarrou minha mulher.
- Em um motel? Vai me dizer que ele a levou pra lá também? E que ela não estava gostando?
- Não. Não estava não... Ela me amava.
A respiração de Rangel foi ficando ofegante e o Mort segurou firme a pá. Eu ouvia uns gritos então acordei assustada. Levantei e a janela estava aberta. Pude ver o Mort conversando com alguém. Eu sai sem o Bernardo perceber e fui descendo as escadas com cuidado pra que ninguém me ouvisse. Peguei a primeira coisa que estava em minha frente, uma pá.
- Uma pá? -Sussurro.- Esse é o instrumento do Mort...
Solto um sorriso abafado pelos gritos que vinham de fora da casa.
- Mas você é um trouxa, ela dava até em cima de mim. Quando sua filha ia fazer comida e você estava trabalhando, ela ficava me alisando. Até por debaixo da mesa.
- CALA A SUA BOCA, ANTES QUE EU TE MATE.
- Me matar? Você não seria homem...
- EU SOU HOMEM, VOCÊ QUER VER?
Ele pega uma faca e vai pra cima de Mort, tentando acertá-lo. Mort pega a pá e dá nas pernas dele. Rangel tira das suas calças uma faca. Eu vou correndo pra ver o que está acontecendo e vejo Mort correndo pro jardim secreto. Rangel vai atrás.
- Nããão... Deixe ele em paz. Me leve.
- Ah, resolveu se entregar?
Eu estava com a pá na mão e ainda segurando, ele me segura pelo pescoço e me leva até o jardim secreto. Quando Mort me vê solta um grito.
- LARGA ELA SEU DESGRAÇADO. ELA NÃO TEM NADA A VER COM ISSO.
- TEM SIM. VOCÊ MATOU MINHA FILHA, MATOU MINHA MULHER, AGORA, VAI MATAR ELA.
- EU NÃO MATEI SUA MULHER. MATEI SIM SUA FILHA, MAS VOCÊ MATOU SUA MULHER.
- EU VOU MATAR ESSA VADIA.
- Você me chamou de quê?
- DE VADIA, CALA A BOCA VAGABUNDA.
Eu peguei a pá e dei na cara dele. Ele caiu pra trás e o Mort veio me abraçar.
- Amor, me desculpa. Eu sinto muito. Isso é tudo culpa minha.
- Concordo. Você foi um irresponsável, safado e idiota. Porque matou ela? Por ciúmes? Igual você tentou me matar? Para com suas psicoses.
- Sim, por ciúmes... Mas eu não poderia te matar. Porque eu amo você.
Eu beijo o Mort e sinto alguém segurando minha perna. Eu solto um grito e Mort levanta a pá pra bater nele. Rangel dá um tiro que pega no braço de Mort. Eu solto outro grito e fecho a cara.
- AGORA, O DEMÔNIO DO MORT VAI ENTRAR EM MIM E EU VOU TE MATAR SEU DESGRAÇADO.
Eu dou uma pazada no rosto dele.
- SUA PIRANHA, VAGABUNDA.
- NÃO É ELA QUEM ESTÁ AQUI AGORA... DESCULPE. MAS PODE DEIXAR QUE EU DAREI O RECADO.
Eu pego a pá e enfio no pescoço dele, continuo cortando o pescoço dele com a pá e começo a sentir prazer, faço com mais força e com ódio. Mort segura meu pé.
- Já chega.
Eu estava desconcertada. Eu encarei ele e ia dar com a pá na cara dele. Respirei fundo e percebi o que eu ia fazer. Rangel já estava morto.
- Amor... Jennypher...
Eu encaro ele.
- O que foi?
- Chega, vamos enterrá-lo.
Eu desmaiei após ligar o ele terminou de falar com tudo o que acontecia e o mesmo me segurou. Eu acordei já de banho tomado e vejo o Mort dormindo ao meu lado com o braço enfaixado. Eu encaro ele e o acordo.
- Mort?
- Oi... Ãn, o que?
- O que faz aqui? O que aconteceu no seu braço?
- Lembra o que houve ontem?
- Só até a parte que eu o vi no jardim.
- Você matou o Rangel...
- Eu matei... De novo?
- Sim... Pra me defender. E pra se defender.
- De novo? Vou ser rejeitada por todos... Outra vez... Todos vão vir contra mim...
- Então seremos eu e você contra o mundo.
- Ah Mort Rainey, eu amo você, nunca mais me deixe.

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