Ele me beija novamente a testa, alisa meu rosto e sai. Eu viro pro canto e volto a chorar vendo o homem da minha vida partindo, outra vez. Mas nada valia mais que minha dignidade, meu respeito. Eu tinha um sorriso tão confiante que não demonstrava o tanto de insegurança que por trás dele havia. Bernardo entra no quarto e eu sorrio.
- Você não me engana Jennypher.
- Dorme comigo? Estou precisando descançar.
- Claro. Vira pra lá amor. Vou te agarrar.
Ele sorri e tira o sapato. Eu viro pra ele e o encaro. Ele beija minha testa.
- Bernardo, eu te amo.
Eu o beijo, mas Bernardo logo encerra o beijo com um selinho e beija novamente minha testa.
- Eu também te amo Jennypher. Só que não sou eu... Não adianta se iludir e querer me usar pra superar ele, porque não vai dar. Você o ama...
- Eu o amo?
- Sim meu amor. Você o ama. Como eu queria que você olhasse pra mim como você olha pra ele.
- E como eu olho pra ele?
- Não há como explicar... Mas vou tentar. Lembra quando você disse que meus pais se olhavam apaixonadamente, com um olhar que devastava seu coração sem amor?
- Quando nós começamos a namorar.
- Isso, dia 3. Você disse que foi como olhar o sol, lembra? Que fica por muito tempo no olhar. Só que quando achamos o amor verdadeiro, a visão que temos quando olhamos pro sol é a visão que nós passamos pras pessoas que nos assistem amar. Sei que é difícil perdoar, mas entenda que se você ama, você perdoa uma, duas, até três vezes. Lembra, três é o número da sorte meu amor.
- Ah, eu lembro. -Eu sorrio.- Mas eu tenho medo. Muito medo.
- Medo? De quê?
- De sofrer. Tenho medo de sair magoada, como sempre. Você sabe do que eu falo. Tenho medo que as coisas tomem um rumo igual ao do Vicente, não tomar o rumo que planejo.
- É pra isso que eu estou aqui Jennypher. É pra isso que todas aquelas pessoas que estão lá fora, estão aqui. É isso, veja só... Você planeja demais. Precisa deixar que a vida te leve pro teu rumo, o rumo que Deus planejou pra você. E as coisas não vão acontecer igual aconteceram com o Vicente, porque agora é totalmente diferente.
- Diferente?
- Claro, Jennypher. Vicente abusou de você e então achou que estivesse amando ele porque ele foi o primeiro homem, mas o que vale não é quem foi o primeiro, o que por fim conta, é quem foi o último. E você que abusou do Mort, lembra?
Nós começamos a sorrir. E uma lágrima cai do meu olho. Cai no peito do Bernardo.
- Não é pra chorar. É pra ficar feliz amor. Sorria.
- Essa lágrima foi de felicidade Bernardo. Eu nunca vou encontrar amigo melhor que você e só tenho a agradecer a Deus. Você vai ser muito feliz.
- Jennypher, vendo sua felicidade, eu já sou feliz.
- Me abraça.
Ele me agarra forte e logo vem um enjoo. Eu levanto e vou correndo pro banheiro. Vomito tudo o que tinha bebido ontem. Não tinha quase comida. Bernardo vem pro banheiro correndo e sorri.
- Seu primeiro enjoo.
- Nossa, se eu continuar vomitando, não sei se vou ter essas crianças não.
Eu solto uma gargalhada e levanto dando descarga. Ele fica sério.
- Nem pense nisso. Porque se você não se resolver com o Mort, eu caso com você e assumo as crianças.
- Sério? Faria isso por mim?
- É claro. Agora deita que vou pegar algo pra você comer.
Ele me pega no colo e me coloca na cama.
- Agora fique aqui.
Ele beija minha testa.
- Bernardo, pode deixar eles entrarem.
- Tem certeza?
- Claro.
Ele sai e pede pra que todos entrem. Eles entram cheio de presentes e ursinhos. Eu sorrio e eles colocam no chão ao lado da minha cama.
- Amiga, você está bem?
- Sim, estou melhorando.
- E o que você queria com o Mort?
- Eu? Ele que veio me ver.
- Mas você não parava de falar o nome dele um minuto quando estava inconsciente.
- Mas aí não vale. Eu não estava consciente.
- Independente, conte.
- Ah, nós conversamos. -Eu me ajeito na cama e sento.- A mãe dele conhece meu pai. Ele me convidou pra ir lá conhecê-lo. Mas não sei se eu vou. A família dele vai estar lá, e todos já devem saber que nós estávamos juntos, e eu chegar lá e descobrirem que não estamos juntos.
- E o que que tem?
Bernardo chega com uma bandeja cheia de comida.
- Ela está com medo... De... Alguém me ajuda.
Pedro pega a bandeja e coloca em cima de mim.
- Obrigado. Ela está com medo de voltar atrás e perdoar ele. E de conhecer o pai dela. Medo da reação que ela terá. Se ela irá chorar, se ela irá gritar ou brigar com ele. Talvez ela o abrace ele fique sem entender nada.
- É verdade, amiga?
- É sim. Eu tenho medo de cair no charme do Mort, ele é tão encantador. E meu pai... Ah, eu sei que vou chorar demais. Porque ele é o meu pai sabe. E isso eu nunca tive.
Eu abaixo a cabeça e uma lágrima cai no meu suco.
- Pode parando de chorar Jennypher.
Bernardo levanta minha cabeça e enxuga minhas lágrimas. Ele senta ao meu lado e me beija a testa.
- Agora coma, porque ainda não comeu nada.
- Essa bandeja tá igual a que o Mort preparou pra mim hoje cedo.
- Quando ele quase te matou?
- Quando ele me amava ainda.
- Mas ele ainda te ama.
- Você acha Em?
- Eu tenho certeza. É que nós agimos impulsivamente quando estamos bravos. E quando estamos com medo também. Você já agiu várias vezes assim.
- É, não precisa me lembrar.
- Jennypher, sei que é difícil perdoar, ainda mais você que viveu tantas expêriencias ruins, mas pensa só, o que você prefere? Deixar o orgulho falar ou deixar que o seu coração e a razão grite mais alto?
- O orgulho está ao lado da razão. Disso eu sei.
- Porque você quis juntá-los.
- Porque era preciso!
- Jennypher, coma. Agora.
Eu comi um pouco e Bernardo deixou a comida ao lado de uma mesinha. Já estava quase escurecendo quando a enfermeira bateu na porta e entrou.
- Sinto muito, mas vocês tem que ir. Ela precisa descançar.
- O Bernardo pode ficar?
- Só ele?
- Sim.
- Ah, tudo bem. Com tanto que não role nada, porque aqui é um hospital e você tem vizinhos.
Ela pisca pra mim e todos nós rimos. Ela leva todos pra fora e Bernardo pega um edredom que ele trouxe e deita ao meu lado me cobrindo e me agarrando.
- Esses filhos podiam ser meus.
- É né... Porque a gente não deu certo Bernardo?
- Porque eu não soube valorizar cada segundo que passava ao seu lado.
- Na segunda-feira, vai comigo Bernardo?
- Claro meu amor.
Nós ficamos conversando e acabamos pegando no sono. No dia seguinte, acordamos tarde, lá pras 16:00 e eu recebi alta. Cheguei em casa umas 19:19. Vejo tudo desligado e então acendo a luz e todos saem gritando: "surpresaaaaa." Eu sorrio e eles vem me abraçar. As meninas tinham feito cachorro-quente e pizza. E em cima da mesa de jantar havia um bolo. Eu me aproximo da mesa e vejo o bolo com uma foto minha e do Mort. Havia uma carta ao lado.
- "Meu amor, sei que nós não tivemos um final feliz, mas você ainda pode ter um final feliz com alguém, não é porque meu casamento, o casamento dos seus pais, do Vicente e do Mort não deram certo, que você vai desistir da incrível ideia de casar. Qualquer pessoa que esteja ao seu lado, tem muita sorte, pois você é maravilhosa e deixa qualquer pessoa bem. Eu só tenho a te agradecer por ter me dado os 3 melhores anos da minha vida, que foram ao teu lado. E espero que você não deixe seu príncipe fugir de você. Faça valer a pena. Fuja pra bem longe levando o Mort na mala. -Eu sorrio.- Viva intensamente tua vida. Não deixe que pedras derrubem você, lembro-me de uma vez que eu estava triste e você disse: "Você tem duas opções Bernardo, ou você tropeça nas pedras, ou você guarda elas pra no fim contruir um castelo.", Jennypher, levanta a cabeça, sorria e vá ser feliz. Eu amo você, PRA SEMPRE. De seu melhor amigo, Bernardo L."
Eu vou abraçá-lo e Pedro chega perto de nós. Ele nos abraça e está com uma carta na mão.
- É sua.
Ele me entrega a carta e eu abro rapidamente. Era uma carta do Tim Burton. Com olhos cheios de lágrimas, eu leio.
- "Eu adoraria fazer todos os seus filmes. Venha até New York que nós conversaremos pessoalmente. Foi um prazer inenarrável ler sua história. Beijos Tim Burton."
Eu começo a gritar e beijo o Pedro. Katlyn chega perto de mim e me abraça. Ela me puxa pra um canto e começa a conversar comigo.
- Amiga, amanhã, não corra. Ok?
- Ãn? Como assim?
- Por favor, quando for atravessar, olhe pros dois lados e não saia na frente do carro.
- Claro.
Eu levo ela pro meu quarto e nós subimos. Eu tomei um banho e fiquei de calcinha e sutiã no quarto. Ela tomou banho e deitou ao meu lado de pijama já. Mort chega. Já eram 22:00. Ele entra sem falar com ninguém e sobe pro quarto. A porta estava aberta e eu estava agarrada com o coala que ele me deu, enquanto Katlyn me mostrava vestidos. Eu sorria por ela estar falando besteiras e o Mort para na porta me observando rir. Katlyn me avisa com um olhar dizendo que ele estava lá e eu o encaro. Ele entra e senta na cama. Ele pede que Katlyn nos deixe sozinhos.
- Você não está com nenhuma pá não, né?
- Katlyn, por favor!
Ela sai sorrindo e ele me entrega uma bolsa com as iniciais ED. Eu o encaro.
- Sério?
Eu começo a chorar e o encaro. Eu vejo dois vestidos. O primeiro era esse.E o segundo esse.
- Porque dois Mort?
- O azul foi minha mãe que comprou, e o cor de pele foi eu. Quero que você use esse na quinta-feira.
- O que tem quinta-feira?
- Quinta-feira é a entrega do prêmio do meu pai. E você vai no centro da cidade. Mas no centro da cidade, pode ir com qualquer outra roupa. Será um dia muito importante pra você!
- E o que haverá lá de tão importante.
- É uma surpresa.
- E se acontecer algo Mort?
- Não acontecerá nada. Agora, tenho que ir. Minha mãe pediu pra que eu passasse aqui rápido porque eu tenho que terminar de arrumar as coisas lá em casa.
- Estou gostando de ver. Ajudando em casa. Acho que esse término te fez bem.
- Não. Ele me fez tanto mal que eu faço as coisas chorando e tentando encontrar alguma solução de você me perdoar.
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Prazer Perigoso
HistorycznePLÁGIO É CRIME A história começa com uma estudante de psicologia que decide comprar a casa de um escritor. A casa atual dele está em reforma e o mesmo pede um tempo para que sua casa fique pronta. Muita aventura, suspense, terror, romance, sexo e m...