Capítulo 33

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Eu sentei na cadeira meio destraída, pensando ainda no que havia acontecido mas fiquei calada.
- O que houve? Me conta.
- Oi? Perdão chefe...
- Porquê está assim?
- Ah, não é nada não!
- Você está grávida, não é?
- Quem te contou?
- Sua mãe ligou pra cá e me disse.
- Minha mãe, nossa... Eu iria te contar.
- Não iria não. Mas olha, veio um homem aqui perguntando sobre você.
- E ele te disse o nome?
- Rango... Sei lá... Sabe que eu não gravo nomes.
- Rango?
Eu solto uma gargalhada.
- Não sei, ele escreveu isso aqui e pediu pra eu te entregar e não ler.
Ele me dá a carta, eu abro e leio: "Adorei nosso encontro no elevador. -Eu começo a ficar assustada.- Quero te ver outra vez. Logo ele sentirá a dor que eu senti."
- O que está escrito aí?
- Nada... Fala.
- Eu só queria confirmar se você está grávida!
- Estou sim! São gêmeos.
- Sério?
- Ahan.
- Minha esposa também está grávida de gêmeos.
- Ah, que legal. Aqui está a papelada que o senhor pediu pra eu assinar.
- Ah, obrigado Jennypher. Acho que isso é seu.
Ele me entrega o outro bilhete que ele havia deixado.
- Vou subir, quer mais alguma coisa?
- Não querida. Vai sim!
Eu sorrio, ele beija minha testa e sobe. Eu chego lá no meu andar e vejo Junior vindo em minha direção.
- Chefe, a senhora recebeu flores do mesmo senhor que entregou a papelada.
- Junior, você se importa de me levar em casa?
- Hoje?
- Sim, hoje. Mas se tiver um compromisso, eu entenderei!
- Claro que eu não vou me importar. Não tenho nada pra hoje não.
- Obrigada querido.
- Eu terminei de fazer esse trabalho aqui...
Ele me entrega uma papelada e um número de celular.
- De quem é esse número?
- Meu... Anota aí chefe...
- Tudo bem, anota o meu... 96864...
- Eu já tenho!
- Rápido você.
Eu sorrio pra ele. O telefone começa a tocar.
- Quer que eu atenda?
- Pode deixar que eu atendo.
Eu tomo o telefone em minhas mãos e coloco no ouvido.
- Alô.
- Oi. Você é cheirosa...
- Quem é?
- Você não me conhece, mas eu te conheço muito bem...
- O que sabe sobre mim? Como me conhece?
- Eu venho te observando a um tempo... Vi você comprando a casa... Desde a primeira vez que você foi ver a casa, eu fico te observando. Eu sei de tudo...
- Tudo, é?
- É sim...
- Hm... Então, me fale tudo o que você sabe!
- Sei que você está grávida. Sei da festinha que deu na sexta-feira, sei do Vicente, sei de tudo!!
- Como sabe de tudo isso?
- Eu venho te procurando... Eu só comecei a querer saber mais da sua vida, quando foi pra cama com Mort Rainey. Daí percebi que você precisava sofrer, precisava morrer, pra ele sentir a mesma dor que eu senti...
- Ei, do que você está falando...?
Ele desliga o telefone na minha cara. Eu bato o telefone no gancho e o telefone começa a tocar outra vez.
- Quem é você?
- Ei, amor... O que houve?
- Ah, é você Mort?
- Sim, sou eu... Só liguei pra avisar que estou te esperando aqui embaixo, pode descer?
- Já está na hora do meu almoço?
- Já sim... Onde está com a cabeça amor?
- Desculpa, eu estava fazendo as coisas aqui e nem percebi que a hora passou. Já estou descendo amor, me espera aí.
- Ok amor, estou te esperando aqui.
Eu peguei minha bolsa e fui na mesa de Júnior.
- Querido, você pode ir almoçar agora. Eu preciso que você assine uns papéis pra colocar no relatório que você é meu secretário contratado. Tudo bem?
- Sério?
- Ahan.
- Ah, obrigado. Claro. Posso descer com a senho...
Eu encaro ele.
- Com você.
- Muito melhor. Eu não sou velha não. Tenho apenas 18.
- E eu 23...
- Você me lembra o Bernardo...
- Seu namorado...?
- Não, meu melhor amigo.
- Eu tenho uma melhor amiga chamada Jenny também... Que coinscidência.
- Sério?
- Sim...
- Só faltava você se chamar Bernardo.
- Você já leu meu currículo?
- Não, porquê?
- Meu nome é Bernardo Leonidas Castro Alves Andrade Júnior...
- Perdão?
- Isso mesmo... O que foi?
Nós já estávamos no elevador e eu desmaiei no colo dele. Ele me segurou e sentou no elevador comigo, dentre 3 segundos eu volto pra realidade.
- Jennypher?
- Oi... Desculpa, ouvi você dizendo o nome do meu melhor amigo com Júnior no final.
- É que, eu sou... Irmão dele... Nós somos gêmeos... Só que como eu nasci depois, eu sou o Júnior.
- Perdão? E porque vocês não se parecem tanto?
- Porquê não somos gêmeos idênticos... Era pra eu nascer menina, mas, Deus me fez menino...
Ele sorri pra mim.
- E o Bernardo sabe disso?
- Sabe sim, ele que me indicou aqui. Mas ele preferiu manter o segredo...
- Você sabe que tem um irmão chamado Brian?
- Ah, eu descobri faz pouco tempo, ainda não tive a oportunidade de conhecê-lo...
- Ótimo, ele virá aqui amanhã pra eu apresentar o trabalho pra ele...
- Sério?
- Sim... Você já deu uma checada nos trabalhos?
- Já sim, maravilhosos. Espero que sua apresentação seja espetacular.
Nós saímos do elevador e vejo o Mort sorrindo pra mim.
- Ah, obrigada. Quero que você assista quieto, depois te apresento a ele. Tudo bem?
- Claro.
Ele abre a porta pra mim.
- Vou lá, beijos.
- Tchau Jennypher, beijo.
Eu o abraço e entro no carro do Mort, ele estava no carro sentado me esperando.
- Porque demorou amor?
- Eu estava conversando com o Júnior... Tenho uma notícia boa e uma ruim... A boa, vou te contar agora, a ruim, só quando eu chegar lá.
- Tá, manda a boa... Estou até com medo de ouvir a ruim. Nossos filhos estão bem, né?
- Estão sim. Claro. Mas vamos na notícia boa.
- Fala...
- O Júnior é irmão gêmeo não idêntico do Bernardo.
- Sério? Outro...?
- Que foi? Está se sentindo ameaçado bebê?
- Claro, né. Dois Bernardos...
- É cara... Mas eu amo só um...
- Um Bernardo...?
- Não, um Mort Rainey.
- Eu também te amo, amor.
***Nós chegamos no restaurante e eu já cheguei pedindo. Nós comemos hambúrguer com fritas.
- Conte-me.
- Depois que nós comermos eu conto, ok?
- Tudo bem.
Nós comemos, meio calados e então eu tiro da minha bolsa as cartas que eu recebi. Ele me encara.
- Você também recebeu?
- Você recebeu?
- Só uma. Que diz: -Ele abriu a carta e começou a ler pra mim.- "Você vai sentir dor, dor e mais dor quando ver sua namoradinha sofrer por amor."
Meus olhos enchem de lágrima e então ele me encara.
- Eu sei quem é... Esse "R" me é reconhecivel... Rangel...
- Quem?
- Rangel... Agora tudo se encaixa. Amor, vou te buscar no trabalho. Vamos, você precisa ir pro trabalho.
- Me diz quem é...
- Depois te digo. Você precisa ir, venha que eu te levo.
Ele coloca o dinheiro em cima da mesa e vai junto a mim até o carro. Ele me coloca dentro do carro e entra correndo. Ele pega o celular, disca um número.
- Emilly?
- Oi.
- Olha, liga pra todos os amigos homens da Jennypher e pede pra ele ir pra casa dela. Tudo bem?
- Claro, mas o que foi?
- Vai pra lá também, quando chegar lá te explico.
- Tudo bem. Até lá, tchau.
Emilly desliga o telefone e nós chegamos no meu trabalho. Vejo o Júnior chegando.
- Ei, Júnior...
Mort me tira do carro e vai até ele.
- Sim, senhor Rainey.
- Olha, leva a Jennypher lá pra cima e não deixa ninguém entrar na sala dela, tudo bem?
- Claro.
Eu subo com ele. Mort vai até a portaria e mostra uma foto pros seguranças.
- Se esse cara tentar se aproximar da Jennypher, ou tentar entrar aqui, impeça-o. Ok?
- Tudo bem.
- Obrigado... Eu não posso deixar nada de ruim acontecer com a MINHA JENNYPHER.
Mort olha pra baixo e uma lágrima cai. Ele pega o carro e vai pra minha casa. O mesmo arruma tudo pra minha chegada e protege a casa. Como num filme, ele coloca algumas granadas em volta da casa. Sinos em todas as portas e janelas. O dia passa super rápido e todos já estavam na minha casa. Mort vai me buscar. Eu entro no carro e vejo Júnior saindo.
- Querido, vá com Deus. E, obrigada por se oferecer pra me levar em casa, você é um amor igual ao Bernardo. Beijos.
- De nada, beijos.
A gente chegou em casa rápido, eu segurava a mão dele e ambos percebiam mãos suadas. Todos estavam a minha espera. Eu entro pela porta e ouço o sino soar.
- O que é isso Mort?
- Eu preciso que você esteja segura... O que quer comer?
- Pizza requentada está ótimo.
- Eu fiz um jantar. Bernardo vai lá com ela no banheiro pra ela tomar banho, vou preparar sua comida. Hoje você não comeu comida, só besteira. Vá, suba.
Eu encaro Mort e acho a situação engraçada. Ele dando uma de dono de casa, meio confuso. Eu e Bernardo subimos e eu tomo banho, enquanto ele fica sentado no vaso.
- O Mort falou algo sobre um tal de Rangel?
- Falou só que ele quer te matar. Porquê?
- Eu não sei, é isso que eu quero descobrir...
- Ei, calma. Venha que eu te enrolo.
Eu viro de costas pra ele, Bernardo me enrola e eu o encaro.
- Porque você não me contou sobre o Júnior?
- Não sei, tive medo de você gostar mais dele do que de mim...
- Ele sempre foi o irmão favorito, é?
- Ahan... Sempre. Só porque ele é o mais novo.
- Mas você é o meu Bernardo e ninguém vai te substituir.
- Ah, eu amo você.
- Me responde uma coisa...?
Eu termino de me vestir e sento na cama.
- Fala...
- Você já trocou de lugar com ele quando namorava...?
- Já sim...
- Comigo?
- Com todas, menos com você, porque eu sentia necessidade de ficar com você. Ele até quis trocar pra provar o seu beijo, mas eu precisava do seu beijo todos os dias e nunca trocaria com ele.
Eu abaixo a cabeça sem graça e o Mort chega. Ele entra no quarto e vê meu sorriso bobo. Ele fecha a cara e me entrega a comida.
- Coma tudo. Você precisa... E meus filhos também.
- Obrigada amor.
Eu comi e ele levou a bandeja. Estava tudo fechado e o quarto estava um gelo por causa do ar condicionado. Estava um frio enorme e Bernardo deitou ao meu lado, me cobrindo e me agarrando pra me aquecer. Eu dormi junto com Bernardo e todos dormiram também. Mort sai da casa e fica sentado em uma pedra perto do jardim secreto, ele acende um cigarro e sente que alguém está atrás dele.
- Olá Mort Rainey... Lembra de mim?

Prazer PerigosoOnde histórias criam vida. Descubra agora