Prólogo de Um Amor Perdido

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Livro ainda está a ser revisado

Nina olhou para ele e desviou o olhar em seguida, afinal ele nunca olharia para ela. Se não bastasse sua idade, tinha toda uma gama de defeitos a impedir que um homem como Vitor se interessasse por ela.

Mas não podia fazer nada. No alto dos seus dezessete anos ele representava seu sonho dourado.

E seu sonho dourado que estava dançando com uma loira monumental. E fria como gelo.

Ela estava meio escondida em um canto. Afinal apesar daquela ser a casa de seu pai, não se sentia bem ali, não com suas irmãs maravilhosas, seu irmão espetacular e sua madrasta cruel. A Rainha Má seria Cinderela perto dela. Ou ainda mais doce.

Hoje, por exemplo era a festa de Cara. E o tema era inverno, tudo em branco. Ou azul.

E sua Nana não estava ali para ajuda - la.  Maldita discromopsia. Se não bastasse a dislexia que a impedia de ser igual a todo mundo. 

Ela sentia vontade de chorar.

Olhando Vitor e a namorada dançando ela sentiu uma onda ainda maior de tristeza. 

Cara estava linda. Alissa também.  Todas rindo em uma roda de amigos. Ela ia voltar para dentro quando Cara a viu e franziu a testa olhando para ela.

- Nina,  você sabia que a festa era branca. Devia ter se vestido assim. Mas venha, quero mostrar a todos como minha irmã é linda. E nossa verde lhe cai perfeitamente bem.

Morrendo de vergonha ela deu o braço a Cara e juntas foram para perto dos demais convidados.

Alguns olhavam para ela com simpatia, outros com interrogação. Alguns com desprezo. Afinal sua vinda àquela família fora através de um escândalo.

Ela estava quase a se sentir melhor quando ouviu uma voz que sempre a fazia mal.

- Cara querida, como você deixa essa criança tola estragar sua festa assim?

Nina enrijeceu, sua madrasta era um monstro. Mas antes que pudesse fugir, mortificada viu que Vitor e a loira que chegavam perto. Ele olhando para ela com preocupação e a loira com um sorriso debochado. 

- Nina jamais estragaria nada, ela está simplesmente linda. - Disse Alissa.

Cara concordou puxando a irmã para mais perto. Às duas formando uma barreira protetora.

- Linda seria a mentira do século considerando como esse ratinho é estranho e defeituoso.

- Eu não sou estranha - Nina se defendeu num fio de voz. 

- Chega Adreinne, você não tem o direito de falar assim da minha irmã.  - A voz de Javier soou cheia de ódio. 

A mulher riu - Estou na minha casa e posso falar como eu quiser dessa disléxica defeituosa. Ou será que ninguém mais viu o retardo dela? Ou que ela se vestiu assim para chamar atenção. Tudo nela é errado. Até o modo que chegou aqui.

Javier chegou bem perto dela e numa voz alta o bastante para que todos perto ouvissem:

- Essa não é sua casa, é minha. Era a casa da minha mãe.  Não dele. E eu não quero ver você mais aqui. E menos ainda tentando entrar no meu quarto durante a madrugada. 

Todos ofegaram e seu pai se adiantou:

- Javier…

Olhado para o pai cheio de raiva ele disse apenas:

- Se quiser seguir com ela pode ir. Mas eu não quero ela, essa vadia uma noite a mais na casa da minha mãe.  Ou o Sr. supôs que eu não saberia? Que não saberia que a casa é minha? Assim sendo. Rua.

- Vamos Nina, vamos dançar. 

Quando os dois iam para a pista ela ouviu a namorada de Vitor rir dizendo:

- Ela deveria ter vestido azul, ate cairia bem nela. Mas vai saber que coisas a mais ela tem.

Parando ela soltou a mão de Javier e olhou para eles.

- Sim, eu sou defeituosa, sou disléxica, apanhei mais do que qualquer um aqui por isso e nem minha mãe pôde me amar. Afinal quem amaria a burra daltônica. Mas eu nunca fui cruel. Nunca.

Olhando para o pai que estava chocado:

- Eu não queria vir, eu passei o último ano muito bem sem você,  aliás minha vida inteira. Porquê não me ignorar? Para que me trazer para cá?  Você não precisa de mim papai, já tem a perfeição nelas, nele. Só me deixe.

E dito isso saiu correndo. 

Vitor correu atrás dela e antes que pudesse ir mais longe a segurou nos braços. Nina tentou se soltar dele, mas seu agarre a impediu.

- Calma menina. Não fique assim. 

Ela olhou para ele com lágrimas escorrendo pelo rosto de anjo. - Não finja que se importa Vitor. Eu sou apenas uma obrigação para essa família.  

- Todos ali amam você Nina. Eu…

- Você... Você o que Vitor?

Ele desviou os olhos - Eu também me importo, afinal você é a irmã mais nova do meu melhor amigo.

Ela concordou com a cabeça 

- Eu sou o que sou. Agora vá Vitor. Sua linda namorada espera você.  

Ele ficou rígido e se virou.

- Vitor? 

Quando ele se virou

- Que cor tem seus olhos?

Ele estranhou, mas respondeu:

- São azuis Nina, por quê?

Ela sorriu triste - Eu não enxergo azul... Agora vá foi apenas uma pergunta tola. De uma tola defeituosa.

Vitor viu quando ela entrou e disse baixinho:

- Você nunca será defeituosa para mim anjo... Mas também nunca será minha...

Dizendo isso ele saiu. Naquela mesma noite terminou com a loira da festa...

MEU TORMENTO 02 - um amor esquecidoOnde histórias criam vida. Descubra agora