E vamos dar início aos últimos capítulos do nosso casal.
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Kyle após o jantar e presentear Alissa com o cãozinho havia se tornado presença constante no rancho. Ele era um sujeito meio calado mas sua companhia era boa para Alissa. Pensou Nina ao ver a irmã sentada no balanço com Moon no colo. Kyle por sua vez estava sentado ao lado dela e vez ou outra dava impulso para se balançarem.
Vitor e os outros estavam jogando uma espécie de futebol mas com regras diferentes. Não que ela soubesse as originais.
Sorrindo ela começou a andar e foi em direção as árvores. Sentia como se algo a chamasse. Talvez fosse o calor. O dia estava quente e a brisa das árvores era como um chamado.
Ela caminhou por alguns minutos até se ver numa espécie de clareira. Repleta de flores do campo.
Se abaixando para pegar uma ela acabou por sentar-se. E ficou admirando a paisagem e imaginando seu bebê crescendo ali. Sabia que não poderiam morar ali, mas gostaria de passar o maior tempo possível lá. Mas iriam ficar sempre o máximo possível. Ali ninguém a olhava por cima ou a criticava por ser ela mesma. Com roupas descombinadas e tudo. Não que Rosa ou Melina fossem permitir. As duas eram extremamente protetoras com ela. Até mais que Vitor.
Pela primeira vez ela sentia que estava no seu lugar. Em casa. Com sua família inteira. Seu bebê e seus sobrinhos teriam sorte. Cresceram cercados por amor.E divagando não percebeu passos atrás de si. Não até ser tarde demais e ela ser agarrada com força pelos cabelos.
Andria.
- Achei que nunca iria pegar você sozinha.
Nina tentou se soltar mas foi impedida por outra pessoa. Que colocou algo em sua boca algo que lembrava uma mordaça. Shawnna. E ela parecia meio louca. As duas aliás.
Nina sentiu pavor pelo seu bebê. Se não desse um jeito de fugir ela acabaria por perde-lo.
- Vamos mamãe. Não vamos perder tempo aqui. Logo aqueles idiotas vai dar por falta dela e irão procurar.
Andria anuiu e começou a empurra-la. Nina chorava silenciosamente enquanto pensava em algo para escapar. Mas não via como.
Quando chegaram ao carro parado numa curva da estrada deserta ela pensou ter visto uma sombra por entre as árvores e rezou para que fosse Vitor. Olhando alargada viu que era Melina. Que gritou.
Shawnna se assustou e largou a arma. Nina então aproveitou para tentar se soltar e pegou a mesma na mão. Na mesma hora Andria se jogou por cima dela. Ambas tentando pegar a arma. Nina mal conseguia respirar quando sentiu a arma disparar.
Caiu no chao e Andria por cima dela. Sentiu com horror sangue pingar em seu pescoço. E tentando se afastar viu que era de Andria. Que respirava com dificuldade.
- Sua... - A mulher engasgou
Shawnna que observava tudo sorrindo avançou para elas e empurrou a mãe de um lado e tentou segurar Nina a força. Nesse momento foi empurrada por Melina que havia visto a cunhada ser levada e as havia seguido. E se jogou nela.
***
Vitor sentiu sede e foi beber água. Nina devia ter subido para se refrescar. Ele foi até a cozinha e após beber dois copos de chá gelado resolveu verificar o celular e o que leu o alarmou:
Shawnna havia fugido e estava desaparecida junto com Andria a mais de 24 horas.
Ele subiu as escadas e procurou por Nina. Nada dela. Saiu apressado e foi chamar os outros.
- Shawnna fugiu e está desaparecida junto com Andria.
Antes que alguém pudesse dizer algo ouviram um barulho. Um tiro.
- Nina. Onde você esta?
Rosa que vinha na direção dele disse:
- Melina também.
***
Melina lutava corpo a corpo com uma Shawnna enlouquecida. Apenas de jovem e saber artes marciais a loucura evidente de Shawnna a tornava forte e mortal.
Nina não sabia o que fazer. Sentia uma dor no quadril resultado da queda não totalmente cicatrizada e de agora. Olhando para a mãe viu com horror que ela parecia estar morta.
Voltando a atenção para as duas. Viu que Shawnna estava por cima de Melina e a sufocava. Vendo a arma perto dos seus pés a pegou e mirou. Não queria fazer aquilo. Mas se não fizesse, Melina morreria. Então fez o que devia. Atirou. Uma, duas, três vezes. E era como se não houvesse feito. Shawnna soltou Melina e levantou. O sangue manchando sua roupa e se virou para ela. Tremendo Nina atirou novamente. Na cabeça da outra que finalmente caiu. Aos seus pés.
***
Todos procuravam ir na direção do tiro quando mais disparos se fizeram ouvir. Muito perto. E percorrendo mais alguns metros, acharam a estrada que levava a outros ranchos.
E mais adiante um carro.
Nina sentada no chao ao lado de Melina. E um pouco longe dela Andria e Shawnna.
Eles correram para as duas e Vitor as abraçou com cuidado. Melina sangrava mas parecia bem apesar de tudo. Já Nina fitava o nada com olhar vazio.
- Elas estão mortas. - Cesar disse após examinar as duas - E elas.
- Melina?
Ela olhou pra ele com olhos assustados mas fez que sim.
- Bem. Quebrada mas bem. Nina precisa de ajuda eu acho. Ela não falou nada após tudo isso.
Vitor se virou para sua mulher e perguntou:
- Você está bem?
Silêncio.
Segurando o rosto dela entre as mais ele perguntou de novo. Mais firme e desse vez obteve:
- Eu as matei. Matei minha mãe e minha irmã.
Vitor a abraçou e pegou no colo:
- Tudo bem amor. Vai ficar tudo bem.
Kyle que havia voltado para pegar um dos carros chegou e tanto ela quanto Melina foram colocadas cuidadosamente no banco e foram para a cidade.
Lá chegando ambas foram examinadas. Após os exames terem sido feitos foi constatado que não havia danos.
A polícia havia sido chamada e tudo foi relatado. Como o aviso do sumiço de Shawnna e Andria já havia sido passado e com todo o histórico delas. Nina foi liberada e seria interrogada em casa. Apenas para esclarecimentos.
Algumas horas depois eles foram para o rancho novamente e ela surpreendeu a todos ao dizer:
- Apesar de tudo eu quero um enterro descente para as duas.
Todos exceto Javier tentaram fazer com que ela tentasse mudar de ideia. Mas ela não cedeu e subiu para o quarto.
- Eu não entendo - Cara dizia.
Javier se sentou na mureta da área e disse:
- Eu sim. Nina precisa desse encerramento. É o modo dela dizer pra ela mesma que todos os anos negros com Andria e se sentindo deslocada tiveram fim. Andria já não pode feri-la e ela a perdoa por tudo.
Nina olhava da janela o sol que se punha e sussurrava baixinho:
- Eu não sou como você. Eu nunca vou maltratar meus filhos por eles serem imperfeitos. Eu sou perfeita do meu jeito. Mas você sempre foi vazia. Mas mesmo assim eu te perdoo. Perdoo por mim e não por você mamãe.
Dizendo isso ela sentiu como se um peso fosse tirado dela e sorriu. Alívio a percorrendo.
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MEU TORMENTO 02 - um amor esquecido
RomansaNina sempre foi o patinho feio, a desajustada, o ratinho dislexico. Nunca se achando digna digna de ser amada, mesmo amando com todas as suas forças. Vitor sempre a protegeu e foi seu porto seguro. Como ser de outro jeito se a sua "Duende" era a s...