Vitor estava amando aquele tempo passado com Nina, eles riam, cavalgavam, conversavam e faziam amor. Devagar ela ia tendo pequenas lembranças. Sobre ele e sobre eles. Para muitos eram coisas sem importância, como lembrar que ele odiava comer anchovas, ou que quando tinha 12 anos ele havia se declarado para a menina mais linda da sua sala e ela o havia rejeitado e trocado por Arnold. Um garoto alto, gordinho de aparelhos.
Ele ainda fez cara feia do ataque de risos dela, nas duas vezes que haviam falado sobre aquilo.
Mas o melhor momento foi quando ela lembrou da primeira vez deles. Foi insanamente incrível. E sua mulher ainda quis reviver cada segundo. Mesmo entre lágrimas. De qual deles era um mistério.
Agora a vendo ali, tentando com afinco fazer um assado, em não sabia se ria feliz ou chorava por ter que comer. Como alguém podia ser tão incrivelmente ruim na cozinha era um mistério.
Parando a porta ele notou o som ligado, e ela dançava e cantarolava junto
"But I never meant to hurt you
I know it's time that I learn to
Treat the people I love
Like I wanna be loved
This is a lesson to learn"Ela estava linda...
"Mas eu nunca quis te machucar
Eu sei que com o tempo vou aprender a Tratar as pessoas que amo
Como eu quero ser amada
Isso é algo que tenho que aprender"Pena que cantava igual a uma ovelha com dor.
Sorrindo ele subiu as escadas e a deixou terminar de cozinhar.
Ele estava lendo alguns relatórios no escritório superior quando ouviu um carro estacionar com tudo e o barulho de som alto. Franzindo o cenho levantou e viu Melina, filha da D. Rosa chegar. Aos 19 anos aquela menina era um furacão. E pelo jeito não mudaria.
Dando de ombros ele voltou a sentar e ler o que precisava. Ouviu algumas vozes lá em baixo e de repente a porta do escritório abriu e Melina apareceu.
- Vitorrrr - Ela gritou e correu para abraca-lo.
Se levantando ele retribuiu ao abraço.
- Quando você chegou? - Ela perguntou amuada.
- Chegamos a quase 10 dias.
Franzindo as sobrancelhas bem feitas ela disse:
- Quem veio com você?
- Minha mulher. Nina.
Nesse momento Nina entrou e parou.
- Melina deixe que eu apresente você a minha menina. - E saindo de perto dela foi até Nina. E a abraçou.
- Amor, essa é Melina, filha da D. Rosa.
Sorrindo Nina disse:
- É ótimo conhecer você Melina. Vic, o almoço fica pronto em uns 30 minutos.
- Bom conhecer você também Nina. - A outra disse tranquila. Avaliando o short dela, a blusa solta e os cabelos presos no alto da cabeça, viu que a tal 'Nina' não era ameaça.- Vitor, vamos cavalgar mais tarde? Estou louca para ver Moon.
- Se Nina quiser.
Dando um beijo nele, ela disse:
- Vai ser ótimo amor. Vejo você no almoço Melina.
Assim que Nina saiu, Melina não resistiu a dizer:
- Você nunca trouxe alguém aqui. Uma mulher
Sorrindo ele disse
- Eu estava aguardando ela. Aqui é onde eu posso ser apenas eu, e só traria aqui, a mulher com quem vou envelhecer. Agora preciso terminar algo aqui Melina. Nos vemos no almoço.
Rebolando ela deu de ombros e se encaminhou para a porta. A fechando.
Voltando para a cozinha. Nossa como ela amava aquele lugar. Aberto, com armários enormes, vários eletrodomésticos, ela se sentia bem ali. E graças a ajuda de Rosa, como ela insistiu em ser chamada, ela conseguiu temperar a carne direito e a mesma estava com um cheiro delicioso.
Alcançando o som, ela selecionou uma de suas músicas favoritas e aumentou o volume.
"So just give it one more try
With a lullaby
And turn this up on the radio
If you can hear me now
I'm reaching out
To let you know that you're not alone
And if you can't tell
I'm scared as hell
'Cause I can't get you on the telephone
So just close your eyes
Oh, honey here comes a lullaby
Your very own lullaby"Não entendia porque mais a música sempre a ajudava a passar pelas fases boas e ruins da vida. Essa principalmente.
"Então, só tente mais uma vez
Com uma canção de ninar
E aumente isso no rádio
Se você pode me ouvir agora
Eu estou te alcançando
Para que saiba que você não está sozinha
E se você não pode falar
Eu estou muito assustado
Porque eu não estou conseguindo te falar pelo telefone
Então, basta fechar os olhos
Querida, aqui vai uma canção de ninar
Sua própria canção de ninar"Se virando para a janela, começou a contemplar a paisagem e quase se perdeu em pensamentos. Mas ouviu o timer e analisando a carne desligou o forno. Segundo dona Rosa, ela deveria descansar por mais uns 20 minutos antes de ser fatiada.
Vitor entrou na cozinha e sentiu o cheiro delicioso da comida. A mesa estava muito bem arrumada e mesmo que a comida não estivesse boa, o cheiro e aparência estavam.
Nina havia subido para se trocar e D. Rosa já havia chegado com Melina.
Ele estava pegando o vinho na adega quando ouviu a voz dela. Seguida de Melina.
- Ele nunca trouxe ninguém aqui antes.
Sorrindo Nina disse:
- Eu sei. Ele queria compartilhar apenas comigo. Vitor esta na minha vida mesmo antes de você aprender a escrever Melina. Ele tem sido meu cavaleiro de armadura brilhante e eu a duende dele.
- Como você se acha... - Milena desdenhou
- Ela não se acha Melina, ela sabe o lugar que ocupa na minha vida. E sei que voce é uma menina má mais tenha modos.
- Você sempre foi a única coisa certa na minha vida Vitor. Você e mamãe. E agora ela. Ela vai tirar de mim o seu carinho.
Chorando Melina correu para fora, no que foi seguida por Rosa.
- Desculpa amor, Melina não costuma ser má.
- Eu entendo ela. Mas por que ela disse que só tinha você e a mãe?
Sentando com ela no colo ele começou a explicar que Melina havia sido criada com um pai abusivo, que fazia dela e da mãe saco de pancadas e que ele havia ajudado D. Rosa a ter a guarda da sobrinha após a mesma ter sido encontrada num trailer abandonado com os pais drogados. Toda suja e sem comer a cerca de 3 dias. Ela tinha apenas 4 anos.
Desde então ele havia cuidado das duas e sido uma figura paterna para a menina. Mesmo que ela fosse um pé no saco. Finalizou sorrindo.
A porta se abriu e as duas voltaram.
- Me desculpe Nina. Eu não quis ser má. Apenas não queria perder ele
Sorrindo Nina se aproximou dela e a abraçou.
- É que tal ao invés de perder a ele, ganhar a mim?
Melina sorriu e fez que sim.
Os quatro começaram a comer e todos elogiaram a comida. Que realmente estava boa. Finalmente.
Melina riu muito quando Vitor explicou o motivo do alívio enquanto Nina corava violentamente e sorria.
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MEU TORMENTO 02 - um amor esquecido
RomanceNina sempre foi o patinho feio, a desajustada, o ratinho dislexico. Nunca se achando digna digna de ser amada, mesmo amando com todas as suas forças. Vitor sempre a protegeu e foi seu porto seguro. Como ser de outro jeito se a sua "Duende" era a s...