Epílogo.

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Mas no fundo, havia amor.

Hospital Psiquiátrico/ Estados unidos. 6:26 da manhã.

E lá estava ela, sentada em seu quarto de cor branca onde continha uma pequena mesa ao lado e um jogo de cartas em cima. Vestia um vestido que parecia deixar seu corpo mais magro do que se encontrava. Andava de um lado para o outro com os pés arrastando no chão e o olhar focado em algo.

 — Kate querida, você tem visita. — disse uma mulher vestindo uma calça tão alva quanto a camisa de mangas que exibia. 

Entrou no quarto segurando Kate pelos braços e passando pelo largo corredor do grande hospital, levou a mulher até uma sala reservada e a vestiu com uma camisa de força para caso entrasse em crise. Um homem estava de costas enquanto a mulher preocupada e com um sorriso doce sentava Kate na cadeira em frente a uma larga mesa de ferro. O homem se virou se deparando com a mulher que tanto amava parecendo atordoada.

Jake se encontrava ali a sua frente. Sorriu puxando a cadeira ficando de frente a mulher que também sorriu ao ver o homem.

— Olá querida... — disse com uma forte pontada no peito, mas não obteve respostas. — Lembra quando eu disse que não te deixaria? — a mulher respondeu em um aseno fraco de cabeça. — E não vou, nunca. Você vai ficar boa, vai pagar pelo o que fez e então vou puder cuidar de você, lhe dar amor, carinho, afeto e atenção. Vou lhe preparar o café da manhã enquanto canto a sua música preferida e farei carinho nos seus cabelos até pegar no sono. E quando tiver pesadelos vou te abraçar até os monstros irem embora. Eu vou estar ali, para você. Mesmo que me bata, me xingue, me mande ir embora, eu ainda estarei ali ao seu lado. Vamos ter um filho ou adotar um como mencionou anos atrás. Vamos ser jovens de novo e assistir a um filme no final da noite. Eu vou te dá seus remédios e você tomara sem resita, porquê eu estarei ali o tempo todo. 

Kate deixou uma lágrima rolar de seus olhos e Jake enxugou já que as suas mãos estavam presas a camisa de forças. Acarinhou o seu rosto e continuou.

— O Derick lhe mandou um grande abraço. Suas obras estão sendo reconhecidas no Japão, acredita? — sorriu. — Amelia pela milésima vez mandou te pedir perdão em lágrimas e cá estou eu passando novamente o recado. Eu te amo meu anjo. Eu sempre vou amar você. — beijou sua testa. — Comprei uma casa novinha para quando voltar para casa, pintei nosso quarto de azul, já que é a sua cor favorita. Estou criando um jardim para você. Está ficando lindo assim como o seu sorriso. Também coloquei um lustre na sala, estar ficando linda a casa, como você sempre sonhou quando mais jovem. E também estou aprendendo a cozinhar para compensar a comida daqui. — sussurrou fazendo-a rir baixinho — Amanhã estarei aqui de novo, e depois e depois... Sabe o Coopper? Ele agora é nosso. Faz uma bagunça e tanto mas adora você, vive cheirando suas roupas e eu também.

— Jake... — pela primeira vez falou. — Eu sou um mostro. 

— Não diga isso, nunca mais — segurou o seu rosto. —  Você é uma mulher jovem e linda que sofreu na vida. Isso acontece o tempo todo, não é um livro, é a vida. Pessoas erram, sofrem, se arrependem, choram e tenta outra vez. Eu vou cuidar de você.

— Eu me lembro da Mandy... — disse, fazendo-o juntas as sobrancelhas — Ela me chamou de doida uma vez na presença do Josh. — riu baixinho e  murchou o sorriso na mesma hora. — O Clark tinha mesmo um caso com ela? 

— Tinha sim. Ele a conheceu através do Josh, mas por que? 

— Por nada... Acho que tudo se concretizou, não é? — encarou o homem que a olhava com ternura. 

A mesma mulher apareceu na porta dizendo que havia terminado o tempo de visita. Jake depositou um último beijo em sua testa e afirmou que voltaria no dia seguinte. 

Kate se dirigiu novamente para o quarto e pôde se livrar da camisa de força que haviam colocado. Sentou-se na cama cruzando as pernas e as as mãos uma na outra. Havia uma pequena janela de grade onde entrava o vento fresco da rua. Sentiu o peso do seu passado lhe atingir novamente.

A quem diga que uma vida pode ser vivida por uma mentira e a aqueles que dizem que uma mentira pode estragar uma vida. Ali sentada, sozinha. Percebeu que a sua vida não havia passado de uma grande confusão sendo levada por outra. Sempre esteve na corda bamba, no final de um precipício, na última luz do fim do túnel, mas ainda assim estava ali. Sabia que no fundo de sua loucura, havia uma criança corajosa e que só queria ter um amigo e alguém para dizer que iria ficar tudo bem. Sabia que existia uma mulher que sonhava em arranjar um emprego ou ter um hobby como uma mulher da sua idade costuma ter. Queria bem lá no fundo, sair no domingo e ir a um bar arranjar uma paquera ou comprar um vestido caro em uma loja mesmo tendo dividas depois. Queria poder transar no final da noite pelo simples fato de sentir prazer. Sabia que ali dentro do seu ser existia dor, rancor, temor, horror, mas no fundo havia amor. Mas o que podia fazer se passou a vida estando Desesperada?!

FIM.

DesesperadaOnde histórias criam vida. Descubra agora