20 - Ela está transtornada
Permaneceu duas horas seguidas sentada no mesmo lugar, abraçada ao próprio corpo de cabeça baixa olhando fixamente o celular em suas mãos. Duas horas e nenhum dos dois homens havia aparecido. Nada...
Depois de muito explicação ao gerente da pousada suplicando que chamassem a polícia, desistiu de tentar. Não havia recebido ligação ou uma mensagem de volta da própria tia. O cabelo bagunçado e as mãos trêmulas era um dos sinais de desespero que exibia em situações complicadas.
— A senhora já ligou para ele novamente? — a recepcionista prestativa voltava a tentar ajudar.
— Sim... — respondeu olhando para os próprios joelhos.
— Não fique assim... Não à motivos para desespero. Isso não passa de um mal entendido. — reforçou a mulher.
— Você não entende... — falou Kate baixinho. — ele não me deixaria sozinha, nenhum deles me deixaria sozinha... — chorou baixinho. — os dois sumiram e me deixaram sozinha, sozinha! — abraçou os joelhos escondendo as lágrimas.
A recepcionista olhou de relance para o gerente que se encontrava no balcão como quem pedindo ajuda.
O vagão já estava vazio indicando o início da noite, começava a cair pingos de chuva do lado de fora. O sol já se escondia atrás das nuvens. Kate continuava sentada no mesmo lugar, não havia aceitado água ou algo para comer. O quarto em cima ainda vazio, a ponta dos dedos já brancas de tanto apertar.
— Ele não me deixaria sozinha... — tornava a repetir em um sussurro — Ele não faria isso de novo... não faria... — apertava mais uma vez os braços que já continha traços de sangue pela extremidade.
— Senhorita, você precisa sair daqui, beber algo, comer alguma coisa. — o gerente dizia — Me permita ajudar. Não tem alguém que eu possa ligar? Sua mãe, seu pai...
— Não! — gritou — ninguém! — cala a boca! Cala a boca! — gritou novamente tapando os ouvidos com as mãos. — eu quero o meu irmão...
O homem respirou fundo e cochichou com a recepcionista algo como:
" ela está transtornada. "
— Eu quero a sua permição para pegar suas malas no quarto. — disse o homem respirando fundo.
— Está me expulsando? — perguntou Kate.
— A senhora está assustando os meus hóspedes. — respondeu o homem com delicadeza. — as crianças estão com medo de você...
— Eu não sou louca! — gritou fazendo o homem da um passo para trás. — Por que acha que sou louca?
— Senhorita, se acalme... — falou olhando ao redor para ver se não tinha ninguém vendo aquilo. — Se a senhorita não colaborar terei que chamar a policia! — Kate abriu a boca para falar algo, mas se calou se jogando novamente no pequeno sofá.
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Desesperada
Misterio / SuspensoKate Sulivan é uma jovem de 22 anos que teve sua vida virada dos pés a cabeça após o assasinato do seus pais e o suposto sumiço do irmão mais velho, o que resultou em viver sozinha na casa á qual tudo aconteceu. Kate acaba desenvolvendo uma consequ...