Desesperada

25° Capítulo

26 - Você é louco?

5:00 da manhã

Derick caminhava pela fazenda enquanto observava o sol raiar aos poucos. Alimentou os animais e limpou cada canto que estava sujo. Caminhou até o casebre e fechou a porta com cuidado; a sujeira do lugar era aparente. Varreu as borras de vela que estavam pela mesa em que costumava trabalhar. Nunca havia encarado aquilo como um verdadeiro trabalho e sim como um grande passa-tempo. Desgrudou com as unhas um pedaço de borra que havia grudado na mesa e observou suas obras em uma pequena estante que ocupava o lugar. 

Anos de prática havia servido para algo. Comprava grandes e pequenas velas na cidade todo final de semana e passava horas trabalhando, retalhando e criando formas para o que antes era uma vela normal. De animais pequenos a casas ou objetos desenhava com toda facilidade e carinho que havia naquilo. Se sentia culpado por alguns erros do passado e com Kate por perto se sentia mais confortável, debilmente mais feliz. Não havia duvidas que tinha um imenso carinho pela prima desde muito jovem. Depois do trágico acidente que lhe deixou marcas para vida inteira tentou levar uma vida normal, já que a sua mãe odiou o fato de fazer tal coisa. Tentou ingressar no ramo de fazendeiro, portador de leite ou de lenha e mesmo que se sentisse bem fazendo aquilo não era o que realmente queria. 

Seu sonho era mostrar o que sabia fazer além daquele cubículo longe da fazenda onde mostrava o que realmente era. Aos 6 anos quando não tinha a quem recorrer só teve sua mãe, já que seu pai era ausente a maioria do tempo. Um homem preocupado demais com dinheiro e trabalho, que nunca se importou em leva-lo para sair aos domingo ou pescar como um bom pai faria. Com a chegada de Thomas as coisas passaram a ser mais calmas. O sorriso frouxo da criança que ele fazia questão de demonstrar carinho mudava um pouco do seus dias. Sentia uma bruta necessidade em ajudar Kate já que a mesma estava em seu território, talvez assim se sentisse melhor consigo mesmo e esqueceria as burradas que fez. Quando seu pai morreu de câncer no figado por conta das bebidas, a casa passou a ser mais tranquila. Não se sentia mal em dizer que a morte do pai foi melhor para todo mundo. Sua mãe havia ganhado mais força de vontade, apesar de ver a mulher chorar pelos cantos uma vez ou outra ou ouvir a mesma no telefone de vez em quando sussurrando algo que nunca conseguiu entender. Não sabia muito sobre a vida de Kate ou quem era Jake ou muito menos Clark, mas sabia que arrancaria de seus lábios um sorriso diário enquanto estivesse ali e se dependesse de sua vontade, a mulher não sairia dali tão cedo.

Saiu do casebre limpando as botas no mato seco da fazenda e sentiu o calor inundar seu corpo. Com os olhos semicerrados fechou a porta onde guardava seus pequenos e grande tesouros. Andou lentamente até a fazenda e observou a janela do quarto de Kate. Viu a mulher pentear o longo cabelo cor de mel em frente ao espelho e sorriu involuntariamente. Correu até a porta da casa e se bateu com Amelia sentada vestindo um  roupão antigo e com as pernas cruzadas  o esperando chegar.

— Onde estava? — a voz rouca da mãe suou pela casa ainda quieta.

— Você sabe onde eu estava mãe. — passou pela mesma pisando fundo — É o que eu gosto de fazer e sua implicância não vai muda isso.

— Você é louco? — perguntou levantando-se da cadeira e indo em direção ao filho — Depois de tudo que você passou, nunca conseguiu largar isso Derick. — crispou a língua enraivecida — Eu nunca te pedir nada além de parar de fazer o que faz, Nunca!

— É o que eu gosto de fazer! — gritou em direção a mãe que se afastou — Desculpe... Mãe, nada de ruim vai acontecer.

— Já aconteceu! A Kate está aqui agora e tudo tem que permanecer na ordem como sempre foi.

— Ela não se lembra de nada, graças a você! — jogou em sua cara fazendo a mulher abrir a boca e fechar sem ter nada como resposta.

— Ela não vai ficar por muito tempo. — disse virando as costas para o filho — Eu a trouxe e eu posso leva-lá de volta.