3° Capítulo

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3 - Transtorno

6:05 da manhã, Kate olhava o relógio na parede do quarto, onde passou a madrugada contando os minutos. Não conseguiu dormir, não queria dormir e ter a sensação de acordar novamente.

— Kate Sulivan, cá estou eu novamente. Bom dia senhorita! — disse o doutor Clark. — Venho com uma notícia boa e uma ruim, qual quer ouvir primeiro?

Kate se virou para ficar de frente para o homem.

— A boa, acho. — disse mal humorada.

— A boa é que a senhorita terá alta e a ruim é que isso terá consequências, irá entrar em um grupo de apoio.

— Grupo de apoio? Daqueles que as pessoas se reúnem pra falar o quanto sua vida é uma merda? Não, não. Obrigada!

— Então creio que prefere ficar aqui... — disse Clark. — Kate, se me permite chama-la assim. Seus exames foram entregues a mim e a senhorita tem um grave grau de distúrbio mental... Entende o quanto precisa se abrir ?

Kate olhou confusa para o homem, sem entender o que tinha acabado de ouvir.

— Está dizendo que tenho bipolaridade? — perguntou nervosa.

O homem senta na poltrona em que havia sentado um dia antes, respira fundo e mostra os exames a mulher.

— Aqui. Veja bem. Você sofre de um transtorno chamado Borderline. — disse o doutor apontando para os exames.

— O quê é isso? — perguntou Kate confusa.

Transtorno Borderline é nada mais que um transtorno de personalidade caracterizado pela tendência nítida em agir de modo imprevisível...

— Está dizendo que o que fiz foi sem pensar?

— Deixa eu terminar. O humor pode variar em modo geral, como por exemplo, excesso de raiva ou coragem mútua de fazer algo que realmente não tem certeza que quer. Você pode apresentar conflitos com os outros, principalmente quando os atos impulsivos são contrariados ou censurados... — Clark faz uma pausa para ver se a mulher prestava total atenção.— Você pode apresentar também pertubações de alto-imagem, pode adquirir ódio a si próprio, fazendo assim ter pensamentos suicidas ou de alto destruição, como se embebedar, se alto mutilar ou em casos mais específicos, arrancar os cabelos, os cílios, roer unhas...

Kate respirava com dificuldade, ela não era louca. Ela sabia o que estava fazendo, ela queria aquilo a anos...

— Eu não tenho isso. Olha doutor, eu sei o que estava fazendo. Sério! Não foi sem pensar, não foi impulsivo. Eu estava planejando a muito tempo só não tinha coragem... Eu... Eu estou bem. Irei voltar para casa e tentar arrumar um emprego ou quem sabe arrumar um passa tempo? — ela dizia rapidamente. — Posso comprar um animal, é isso! Que tal um cachorro? Ou quem sabe um gato? Seria uma ótima ideia, não?

— Kate... — Clark tocou em seus braços tentando acalma-la. — Querida, você precisa de ajuda. Existem milhares de pessoas como você e até piores... Pense bem. Você não precisa acabar como os outros, estou aqui para ajuda-la. — o homem sorri.

Kate sentiu seu coração apertar, se deixou chorar como a muito tempo não fazia. Chorou por todas as coisas que havia passado. Chorou por se sentir fraca e inútil, chorou por não conseguir se " curar " sozinha. Chorou por não ter esperanças de dias melhores, chorou por ser fraca mais uma vez...

— Chore, faz bem. Então, que tal se aceitar? — perguntou Clark.

— Eu... Não sei, eu só quero ir para casa.

DesesperadaOnde histórias criam vida. Descubra agora