Capítulo 20

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Alfred preparou sua carruagem, colocando tudo àquilo que julgou ser necessário para a viagem, e partiu em direção ao Castelo de Shield. Eles ainda não compreendiam o motivo do desaparecimento de Robert, mas precisavam encontrá-lo antes que chegasse ao Castelo. Ainda estava escuro quando eles  chegaram ao vilarejo mais próximo.

O vilarejo estava praticamente deserto, se não fosse por um pequeno grupo de pessoas reunidas em frente a velha Igreja, que havia sido fechada a anos. Eles usavam longas túnicas pretas, tinham tochas nas mãos e cantavam um cântico desconhecido, no qual possuía uma letra sombria e assustadora.
Tal cena despertou curiosidade em Alfred, que imediatamente parou a carruagem e observou atentamente, mesmo estando longe.

Os homens estavam reunidos em formato de círculo, onde a única mulher passeava por entre eles.  Ela usava um vestido preto  decotado, e uma capa escura cobria boa parte do seu rosto. Com sua mão direita, segurava um livro antigo, e usava a outra mão para manejar a tocha, assim como os outros.

Alguma espécie de ritual era feito ali. À medida em que proferia as palavras, a mulher ia perdendo o equilíbrio do seu corpo. Aos poucos retirou sua capa, revelando assim sua face. Seus olhos tinha um tom violeta, que entravam em contraste com seu lábio vermelho. Seu cabelo preto levemente encaracolado, começou a balançar de um lado para outro no mesmo ritmo do cântico sombrio. A mulher aproximou-se do chão, incendiando-o com a tocha que carregava em sua mão. As chamas de fogo percorreram toda a extensão do círculo, envolvendo os que ali estavam. 

A lua estava escondida por entre as nuvens, fazendo com que a noite se tornasse mais escura que o habitual. Um leve arrepio percorreu o corpo de Alfred. A cena de fato era algo macabro, que o fazia desejar ver o que aconteceria a partir dali, mas naquele momento havia uma preocupação maior: encontrar Robert. Então montando na carruagem voltou para a estrada, sem que ninguém percebesse sua presença.

Afred continuou manejando sua carruagem, enquanto seus pensamentos estavam presos na cena que acabou de presenciar. No meio da escuridão, uma figura apareceu no meio do breu.   Era um homem que vagava solitário. Ele estava sem camisa, e seu corpo cheio de sinais se movia de um lado para outro, em ritmo acelerado. Algo o agonizava.

Amélia que até então cochilava, foi acordada com o impulso dos freios. Logo procurou saber do que se tratava, e ao reparar no homem no meio da estrada percebeu que se tratava de Robert. Então, rapidamente desceu da carruagem e foi ao seu encontro. 

__Robert! __ Amélia se viu aliviada por finalmente encontra-ló.

Ele porém, parecia não reconhecer a voz que ecoou no meio da escuridão. Por um momento parou de se movimentar e fuzilou a figura feminina.

__ Sou eu, meu amor. __ Amélia falou com sua voz doce, enquanto tentou se aproximar, porém Robert recuou assustado.

__ Calma meu amigo! __ Alfred desceu da carruagem e foi para perto de Amélia, na tentativa de acalma-ló.

__ O fazem aqui? __ finalmente Robert falou, em sua voz rouca havia preocupação. Aos poucos retomou sua consciência até então bagunçada.

__Viemos te levar pra casa. __ Alfred respondeu preocupado com a situação do rapaz.

__ Estamos preocupados, meu amor. Você sumiu de uma hora para outra, sem falar nada. O que está acontecendo? __ Amélia assim como Alfred demonstrava sua preocupação nas palavras.

__ Não sei ao certo o que fiz, mas naquele momento tudo o que se passou na minha cabeça foi o desejo de fugir... para que a dor parasse... mas ela não parou.

__ Deixe-me cuidar de você. __ Amélia foi ao seu encontro, porém dessa vez ele não recuou.

Apesar da noite está fria, seu corpo estava suado e irradiava uma grande quantidade de calor. Amélia o abraçou, passando suas mãos pelas inúmeras cicatrizes em sua costa.

Hunters - A Lenda De Argos (Pausado) Onde histórias criam vida. Descubra agora