A Hope tinha passado os últimos dias a ajudar-me a planear o casamento mas acima de tudo tinha sido uma amiga. Sempre que me sentia em baixo ela animava-me com piadas idiotas e dava-me o seu ombro para chorar, ela era uma ótima amiga. Era a amiga que tinha precisado este tempo todo.
Hope: Então, conta-me, como é que conheceste o Ashton?
Eu: Bem, eu fui aceite no Australian Music Institute então viagei para Sydney e fiquei em casa da minha tia, durante as férias de Verão ela disse que eu devia ir visitar New SouthWales então eu decidi ir mas logo no primeiro dia quando ia a descer a rua o Ashton embarrou em mim fazendo-me cair.
Hope: Primeiro dia? Tiveste cá um azar. – ela riu-se e eu também. – Tiveste o teu primeiro dia de férias estragado pelo Ashton.
Eu: Acho que não. Ele foi um querido comigo, ficou tão arrependido que passou o resto do dia comigo a mostrar-me um pouco de New SouthWales. Ganhei um melhor amigo naquele dia.
Hope: Tens muita sorte de te teres apaixonado pelo teu melhor amigo. – ela sorriu de uma forma sonhadora e eu cocei o meu pescoço embaraçada.
Eu: É, suponho que sim…
[Flashback]
Harry: Ana, posso contar-te uma coisa?
Eu: Claro.
Harry: Se calhar não devia… eu não quero estragar a nossa amizade. – ele sentou-se no chão e tapou a cara com as mãos, sentei-me também e peguei nas suas mãos destapando a sua face.
Eu: Harry, és o meu melhor amigo, podes dizer-me tudo. Não há uma única coisa neste mundo que se possa meter no meio de nós.
Harry: Prometes? – ele estendeu o seu dedo mindinho e eu sorri agarrando-o com o meu.
Eu: Prometo. Mas sabes que se tiver de escolher entre ti e o Johnny Depp eu escolho-o a ele. – ele riu-se e chamou-me de idiota. – Mas continua com o que ias dizer.
Harry: Então, sabes que és a minha melhor amiga, certo?
Eu: Claro que sim. – respondi de forma convencida atirando o meu cabelo para o lado fazendo-o rir abanando com a cabeça.
Harry: Então o que eu te quero dizer é… e-eu…
Eu: Tu…? Harry, por favor diz-me estou a ficar curiosa!
Harry: Eu estou completamente apaixonado pela minha melhor amiga. – as palavras saíram da sua boca quase num sussurro mas foram pronunciadas alto o suficiente para eu as ouvir nitidamente. O Harry mantinha a cabeça baixa e brincava com os seus pés evitando o meu olhar, eu olhava-o confusa tentando perceber o que tinha acabado de acontecer. O meu melhor amigo, a pessoa mais importante do mundo para mim, tinha acabado de dizer que estava apaixonado por mim. Eu tinha estado apaixonada por ele este tempo todo mas neste momento não sabia o que fazer, tentava ainda perceber se estava a sonhar ou não. Finalmente ele levantou a cabeça e os seus olhos verdes olharam os meus fazendo-me esquecer do resto do mundo. – Eu amo-te Ana. – disse em mais um sussurro.
Eu: Também te amo. – respondi devagar tentando não me engasgar nas minhas próprias palavras. O Harry arregalou os olhos ligeiramente e o seu queixo caiu enquanto me observava em estado de choque.
Harry: O quê?
Eu: Eu amo-te Harry. E espero que saibas que a maneira como admitiste que gostavas de mim foi extremamente lamechas. – ele parecia estar mais confuso que nunca mas isso não impediu um sorriso de se formar nos seus lábios. Ele aproximou-se mais e agarrou a minha face puxando-me para mais perto.
Harry: Eu vou fazer uma coisa, não te assustes okay? – acenei devagar com a cabeça nunca deixando de olhar os seus olhos e os Harry aproximou mais ainda a sua face da minha. – Fecha os olhos e relaxa.
Eu: Porquê?
Harry: Confias em mim?
Eu: Confio.
Harry: Então fecha os olhos. – fechei os meus olhos e senti a respiração do Harry misturar-se com a minha, poucos segundos passaram e senti os seus lábios tocarem nos meus, o meu corpo deu um pequeno salto devido à surpresa que o Harry me tinha dado. – Relaxa, está tudo bem. – os seus lábios voltaram a tocar os meus e lentamente os meus lábios começaram a mover-se em sintonia com os seus. Senti uma sensação estranha e agradável no meu estômago e supus que aquela sensação fosse o que chamam de ‘borboletas na barriga’, senti o meu coração bater depressa como se a qualquer momento fosse voar do meu peito e desaparecer de vista mas todos os nervos e ansiedade que percorriam o meu corpo não se comparavam a metade da paixão e carinho que eu sentia naquele momento. Depois daquilo que pareceram meros segundos os nossos lábios separaram-se e deparei-me com um Harry sorridente e corado que se encontrava a poucos centímetros de distância. – Então, como foi o teu primeiro beijo?
Eu: Podia ter sido melhor mas achei perfeito. – ele sorriu e deitou a minha cabeça no seu peito. – Eu acabei de beijar o meu melhor amigo… – não que isso me incomodasse, apenas estava a tentar mentalizar-me de que tinha realmente acabado de beijar o meu melhor amigo.
Harry: Eu beijei a minha melhor amiga mas não me importo com isso, importaste? – os nossos olhares cruzaram-se novamente e percebi que havia que havia uma grande quantidade de receio no olhar dele.
Eu: Nunca me vou importar de beijar a pessoa que amo. – um sorriso rasgou por completo o seu rosto enquanto ele brincava com o meu cabelo. – Okay, isto foi super lamechas. Nunca na vida disse uma coisa destas. – ele riu-se e beijou a minha testa.
Harry: Eu também te amo, mais do que alguma vez irás imaginar.
[Flashback]
Hope: Ana? Ana?
Eu: Umh? Desculpa Hope, estava com a cabeça na lua. O que foi que disseste?
Hope: Eu perguntei como foi beijares o teu melhor amigo pela primeira vez.
Eu: Oh… foi a melhor sensação do mundo, conseguia sentir as borboletas e o fogo-de-artifício de que tanto falam nos filmes e nos livros, eu senti-me como se os meus pés nem tocassem no chão e como se todas as pessoas do mundo tivessem simplesmente desaparecido. Mas a melhor parte é que eu ainda sinto isso, o sentimento não se foi embora.
Hope: Wow, sentir isso todos os dias deve ser incrível.
Eu: Todos os dias?
Hope: Okay, todos os dias menos quando o Ashton está em tour.
Eu: Oh, claro.
Hope: Hey, está tudo bem? Pareces distante. – distante. Essa parecia ser uma palavra para me descrever nestas últimas semanas.
Eu: Estou ótima, só estou cansada.
Hope: Tens passado imenso tempo a planear o casamento, é normal que te sintas cansada. Devias ir dormir um pouco.
Eu: Deves ter razão, eu vou deitar-me. Obrigada Hope.
Subi as escadas e entrei no meu quarto atirando-me para a cama, eu não conseguia fazer isto. A culpa consumia-me a uma velocidade estonteante e as saudades que eu tinha do Harry tornavam tudo isto mil vezes mais melancólico e angustiante, eu precisava dele. Não apenas por amá-lo mas porque sempre lhe pude contar tudo, ele era o meu melhor amigo, era a única coisa constante que tinha na minha vida e agora não o podia ter em nenhuma maneira.
Neste momento a minha vida apenas parecia ter apenas dois caminhos: ou eu acabaria este casamento ou este casamento acabaria comigo e eu não seria capaz de escolher a primeira opção.
