Saí de casa e comecei a caminhar em direção à do Ashton, não era assim muito longe e dava-me tempo suficiente para preparar o meu discurso. Não sabia como dizer-lhe isto, afinal, como é que é suposto dizer-mos a alguém que nos ama que não os amamos de volta e que ainda tivemos a coragem de os trair?
O meu estômago dava voltas na minha barriga ao pensar na reação, ele ia odiar-me. Não podia culpá-lo por isso, o erro era meu e eu tinha de aceitar as consequências mas mesmo assim sentia um pouco de pena de mim própria ao pensar em como ia perder a sua amizade. Suponho que se possa dizer que sou egoísta ao ainda querer a sua amizade depois disto.
Perdida nas minhas tentativas de criar um discurso e em pensamentos egoístas e auto comiserativos cheguei a casa do Ashton mais depressa do que esperava. Dei por mim agarrada ao portão da frente a tentar arranjar coragem para entrar; onde estavam os meus 40 segundos de coragem agora?
Mesmo antes de abrir o portão da frente ouvi uma voz gritar o meu nome repetidamente, olhei em volta e vi a Gemma a correr na minha direção. Esperei que ela me alcançasse e quando o fez deixei-a recuperar o fôlego antes de falar comigo.
Gemma: Tu… espera um bocadinho. – ela pousou a mão sobre o peito tentando respirar a um ritmo considerado normal antes de voltar a falar. – Tu não podes dizer a verdade ao Ashton.
Eu: O quê? Gemma, eu não consigo continuar a fazer isto.
Gemma: Ele vai ficar magoado! Eu tenho um plano, eu só preciso que confies em mim.
Eu: Preciso de lhe dizer, Gemma. Ele merece saber a verdade.
Gemma: Ele também merece não lhe partires o coração. Se lhe disseres agora podes arruinar as suas relações futuras, ele pode nunca mais voltar a confiar em alguém. É isso que queres? Que ele seja infeliz?
Eu: Sabes bem que não. Ele é meu amigo, eu quero que ele tenha uma vida longa e feliz.
Gemma: Então não lhe contes!
Eu: Mas eu não consigo continuar a fazer isso.
Gemma: Não achas que estás a ser egoísta? Desculpa ser assim tão honesta mas é um pouco egoísta da tua parte meteres a tua felicidade à frente da dele depois do que fizeste.
Eu: Sou egoísta de qualquer forma. Meti os sentimentos dele à frente dos meus e dos do teu irmão este tempo todo mas fui egoísta porque estava a ser feliz noutro lado e agora se lhe contar sou a egoísta que só se preocupa consigo, bem que se dane. Eu estou farta e se vou ser uma egoísta mais vale ser uma egoísta honesta.
Gemma: Por favor, não faças isto…
Eu: Não consigo continuar com isto, desculpa.
Gemma: Ana, tu vais para New York durante duas semanas amanhã. Por favor, confia em mim e deixa-me tratar das coisas. Eu sou a tua melhor amiga, confia em mim!
Estava prestes a tentar dizer-lhe, mais uma vez, que não conseguia continuar com isto mas a porta de casa abriu-se a ambas olhámos na sua direção. O Luke viu-nos e acenou, acenámos de volta e ele voltou a entrar em casa gritando qualquer coisa que envolvia o Ashton, provavelmente estava a avisá-lo que eu estava aqui. Ele fechou a porta e caminhou até nós abrindo o portão.
Luke: É bom ver-te, tenho saudades de te ver por cá. – ele abraçou-me com força e sorriu. – Bem, eu tenho de ir. Mas vemo-nos por aí, certo?
Eu: Certo…
Gemma: Ele vem aí. – sussurrou no meu ouvido. Olhei para o lado e vi o Ashton caminhar apressadamente na minha direção.
Ashton: O que fazes aqui? – ele sorriu e beijou-me rapidamente, estava na hora. Estava na hora de dizer-lhe a verdade, mas a coragem estava a faltar-me e eu tinha um nó na garganta. Eu estava tão decidida a dizer-lhe mas a palavras da Gemma ecoavam na minha cabeça, e se ela tivesse razão? E se ele nunca mais confiasse em alguém por causa disto?
Eu: Só tinha saudades tuas. Queria fazer-te uma visita antes de ir preparar as malas.
Ashton: Também tinha saudades tuas. E vou ter muitas mais quando fores para New York. – ele abraçou-me durante algum tempo antes de eu dizer que tinha de ir, só queria tornar esta visita o mais curta possível. Aproximei-me da Gemma e ela sorriu.
Eu: Tens duas semanas para fazer o teu plano resultar, se não conseguires eu conto-lhe. Percebido?
Gemma: Obrigada por confiares em mim. Não te vais arrepender.
Eu: Já me arrependi… Mais uma vez eu sou uma egoísta que nem honesta é.
Gemma: Ana, eu não sei o que dizer. Tu não és egoísta, está bem? Por favor, confia em mim. Não te vou desiludir.